– Sirlene, atende, Sirlene... Sou eu, a Margô do 304. Tá, eu sei, você não me conhece, mas sei lá, aceita tomar um macchiato, ouvir alguma coisa, sei lá, você gosta de Fagner? Eu gosto bastante de Fagner, todas aquelas metáforas, um gênio. Bem, Sirlene, você podia atender, né? Eu sei que você tá aí, não vou insistir mais, de qualquer forma eu espero você no café da rua principal. Estarei de vermelho, tá? Ah, eu mudei a cor do cabelo. É, mudei de novo, putz, meu cabelo tá uma merda. Opa, desculpe, vai que você não gosta de palavrão, né, pegaria mal. Desculpe, não falo mais “merda”, tá. Ops, desculpe... é... Bem, te espero lá, tá bom? Um beijo...
– Eu não acredito que você disse isso pra ela, Margô...
– Pois falei, com todas essas palavras. Loucura, né? Putz, mas é que o dia dos namorados, ah, essa merda de dia dos namorados... Não assim que eu me importe com essas datas, mas, ah, meu, tristeza. Até o boteco do Tonhão teve desconto pra casais nesta semana.
– Chocolate?
– Brigada.
– De nada.
– Putz, acho que me ferrei.
– Ela não vem, Margô.
– E se ela vir? Imagine!
– Desencana, Margô... Chocolate?
– Brigada.
– Putz, essa carência. Maldito dia dos namorados.
– Ah, meu, comece a ser vegetariana, que tal? Mude a vida, procure a monja Cohen, viu que ela lançou um livro novo, então, meu, pare com essa preocupação carnal, esqueça as coisas laicas...
– Meu, sabe a quanto tempo eu não dou barra ganho um beijo?
– Nem fale... Chocolate?
– Brigada... Acho que apelar e ligar pra vizinha foi demais... Saudade do Osvaldo, lembra do Osvaldo, Catarina? Putz, calçava uns 48 mais ou menos...
– Lembro... Não era ele que cuspia na pia da cozinha enquanto você lavava a louça? Era um lord, super-romântico. Chocolate?
– Brigada. Pelo menos acho que ela não vem mesmo.
– Claro que não... Desencana, Margô. Chocolate?
– Mas eu, nossa que delícia esse de licor, então, eu nem ligo pra essas datas, nem de estar sozinha nem de não ter ninguém pra abrir o carro pra mim, de ninguém bater na minha bunda dizendo “aí nega, traz outra cervejinha aí panóis”. Ai, Cat, que tristeza... Nem a Sirlene-caminhão, cara.
– Chocolate?
Ouça: I´m waiting for the man (Velvet Underground)
– Eu não acredito que você disse isso pra ela, Margô...
– Pois falei, com todas essas palavras. Loucura, né? Putz, mas é que o dia dos namorados, ah, essa merda de dia dos namorados... Não assim que eu me importe com essas datas, mas, ah, meu, tristeza. Até o boteco do Tonhão teve desconto pra casais nesta semana.
– Chocolate?
– Brigada.
– De nada.
– Putz, acho que me ferrei.
– Ela não vem, Margô.
– E se ela vir? Imagine!
– Desencana, Margô... Chocolate?
– Brigada.
– Putz, essa carência. Maldito dia dos namorados.
– Ah, meu, comece a ser vegetariana, que tal? Mude a vida, procure a monja Cohen, viu que ela lançou um livro novo, então, meu, pare com essa preocupação carnal, esqueça as coisas laicas...
– Meu, sabe a quanto tempo eu não dou barra ganho um beijo?
– Nem fale... Chocolate?
– Brigada... Acho que apelar e ligar pra vizinha foi demais... Saudade do Osvaldo, lembra do Osvaldo, Catarina? Putz, calçava uns 48 mais ou menos...
– Lembro... Não era ele que cuspia na pia da cozinha enquanto você lavava a louça? Era um lord, super-romântico. Chocolate?
– Brigada. Pelo menos acho que ela não vem mesmo.
– Claro que não... Desencana, Margô. Chocolate?
– Mas eu, nossa que delícia esse de licor, então, eu nem ligo pra essas datas, nem de estar sozinha nem de não ter ninguém pra abrir o carro pra mim, de ninguém bater na minha bunda dizendo “aí nega, traz outra cervejinha aí panóis”. Ai, Cat, que tristeza... Nem a Sirlene-caminhão, cara.
– Chocolate?
Ouça: I´m waiting for the man (Velvet Underground)
Vanessa Rodrigues, 22, chocólatra