terça-feira, 6 de novembro de 2007

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

VOLTAREMOS LOGOOOOOOOOOOO!!!!


Caros Leitores,

As Meninas de Papel estão de férias! Ganhamos uma super viagem para as ilhas Cayman. Sériooooooo!!!! Estou escrevendo este texto sentada em uma mega-super-ultra- espreguiçadeira na beira da praia, tomando um super drink tropical, servido por um super-garçom-deus-grego... postando o texto do lap top, que está no meu colo, conexão via satélite. Super chique... (hauhauhauahuahuahuahua)

Mas, falando sério agora... voltaremos em breve. Daqui um mês (aproximadamente), com novas meninas escritoras, novo lay out para o blog, novas idéias, tudo novo. Tipo promessa de virada de ano, sabe? Só coisas legais. É isso....

Aguardem! Logo voltaremos com gás total.

Mônica Wojciechowski
Miss Wednesday

domingo, 7 de outubro de 2007

POEMA FLORIDO E BELO SOBRE A PRIMAVERA

Perfil da Primavera
(Nivaldo Lemos)

Marinheiro das estrelas absolutas,
eu me afogava no crepúsculo invisível das estátuas,
sonâmbulo tronco, como o ventre da última colmeia,
em que meninos inventavam o mundo,
entre o doce pânico do mel e o violino das abelhas.

Na paisagem de minha solidão lunar,
apenas o arco distendido das angústias.

Mas entre os corpos e a dança silenciosa,
o relâmpago de teus olhos serpenteou no infinito dos meus,
acordando as pálpebras assustadas do desejo
que brincavam na cereja púrpura do Campari,
como duas abelhas embriagadas.

Eras uma fogueira de jasmins incendiados,
como as espumas comovidas do oceano,
onde eu colhia o vinho, o trigo,
a rosa marítima de teus beijos.

Mas que anjo mágico ou pássaro planetário
esculpiu teus seios como quem inventa a febre,
o fogo, o lírio, a asa nua do prazer?

Que mecanismo fez teus lábios flor de açúcar,
gota de aurora, brisa vertiginosa das salivas?

Abraço teu corpo como quem abraça a primavera!
Recebo teus beijos como quem desfruta estrelas!

Estranha geografia a do teu corpo,
cuja pele habitam borboletas incendiadas
e onde os anjos açucarados das maçãs
fabricam a saudade a cada ausência,
como quem recolhe o perfume amarelo das laranjas:
entre a solene poesia e a infância transitória do silêncio!

Ah, amor!
O meu desejo é como um lírio acorrentado à lua,
a espera da bailarina ninfa do teu corpo.

Como um pássaro enamorado pelas nuvens
que descobre no infinito das manhãs
a pele macia da aurora nua.

Ouça (mas ouça mesmo!) "Primavera no dentes",Secos e Molhados

Postado por Sabrina Moreira

sábado, 6 de outubro de 2007

Ai





A primavera me trouxe dor de cabeça.

Ouça o que quiser, mas bem baixinho...


Vanessa Enxaquecada.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Primavera da Menina Cecília



A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Primavera, de Cecília Meireles. Postado por Aliane Kanso.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

PRIMAVERA CHEGOU


Foi-se o inverno. Adeus noites frias. Chegou a primavera. Uma nova luz, o sol que ainda não aquece o suficiente, mas já vislumbra o calor do verão, um cheiro diferente no ar, uma vaga sensação, um pouco de afeto talvez. Que magia contém a primavera? Esta é a estação do silêncio, um silêncio que vêm de fora. É tempo de prestar atenção no vento, de varrer as folhas e de regar as flores.
E esse tempo é um jogador atento. Agora é a hora de tentar, mesmo parecendo que tudo é impossível. É necessário insistir, mesmo sabendo de toda a inutilidade. Ontem era o inverno, hoje é a primavera e amanhã será verão.

Camila Age

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Meu jardim fotográfico




A minha primavera veio em forma de imagem... não de texto.


As palavras não conseguiriam traduzir a minha primavera...


Deixo o leitor escolher qual das duas imagem melhor traduz a primavera...



Mônica Wojciechowski

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Primavera...


Primavera estação da flor, do amor.
Do calor, da cor.


Primavera é renovação.
Tempo de abrir o coração para novas emoções.


Apaixonados amam a primavera.
Amantes apaixonam-se por ela.


by Carlota Joaquina


Ouvir:

Los Hermanos - Primavera

Primavera se foi
E com ela meu amor
Quem me dera poder
Consertar tudo o que eu fiz
O perfume que andava
Com o vento pelo ar
Primavera soprando
Pra um caminho
Mais feliz
Mais feliz

Pois a rosa
Que se esconde
No cabelo mais bonito
É um grito, quase um mito
Uma prova
De amor!

Primavera se foi
E com ela essa dor
Se alojou no meu peito
Devagar
A certeza do amor
Não me deixa
Nunca mais

Primavera brilhando
Em seu olhar
E o olhar
Que eu guardo
Na lembrança
Ainda traz a esperança
De te ter
Ao meu ladinho
Numa próxima
Estação!
uh....
uh...
uh...

Primavera se foi
E com ela meu amor
Quem me dera poder
Consertar tudo o que eu fiz
O perfume que andava com o vento
Pelo ar
Primavera soprando
Pra um caminho
Mais feliz
Mais feliz
Mais feliz
Mais feliz
Mais feliz
Mais feliz
Primavera!
Primavera
Primavera se foi
Primavera se foi
(mais feliz)


TEMA DA SEMANA:


PRIMAVERA

sábado, 29 de setembro de 2007

Metade





Metade (Oswaldo Montenegro)



"Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com
fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos
suportável
que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o teu silêncio me fale cada vez mais
porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade também."


Postado por Sabrina Moreira / Foto: Thaís Kachel

Triste Bahia


A vida é cheia de som e fúria. Salpicada de clichês, como esse do Shakespeare. Eu e Jéssica, minha vizinha do andar de cima, nos encontramos certa feita no elevador. Ambas com fones enfiados nas orelhas. E um papo forçado de 10 andares para baixo.

— Legal essa camiseta dos Ramones.
— Brigada, mas na verdade eu não gosto desses rock pauleira... A camiseta é do meu namorado.

Clichê número um. Todo mundo que não sabe o que é rock usa o adjetivo pauleira posposto ao substantivo em questão.

Cheguei no café para me encontrar com Maria Lúcia. Café, móveis marrons, cigarros, e jazz ao fundo, Clichê. Ela é uma daquelas modernetes que a gente gosta de olhar. Bem vestida, cabelos absolutamente mal-arrumados, uma camiseta branca, sapatilhas de leopardo.

— Tenho que escrever um livro sobre o Transa, do Caetano.
— Que merda. O Caetano é um saco, um chato. E ainda canta com aquele sotaque baiano.

Clichê número dois. Ah, juventude alienada essa minha... Concordo que é um saco, a Xuxa pariu a Sacha lá e perguntam pro Caetano o que ele acha. E sua prolixidade toda, ou não. Mas temos que concordar que pedem a opinião dele para absolutamente tudo! E o que o cara fez com os outros malucos na Tropicália... Não dá para diminuir. Até o Beck gosta, seus indies de merda, vocês deviam ouvir também.

Ontem fui ver uma banda daqui da cidade tocar. Nunca tinha ouvido, mas já conhecia de nome. Músicas para se ouvir sentado, samples emitidos a partir de um I-book, uma vocalista linda com voz desafinada. Perfeitamente inglesa.

— Mas eles só cantam em inglês?
— Claro!
Clichê número três. Português é uma péssima língua para fazer rock. Deve ser porque assim a gente entende as letras. Poesia pura...



Vanessa, apreciadora de um bom e clássico rock pauleira.


Ouça: Mais do Mesmo, Legião (um clichê)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Cientistas alemães, mexam-se


Definitivamente. A vida deveria ter trilha sonora. Não. Não estou falando de algo abstrato como a sonoridade dos sentimentos e sensações. Estou falando música de verdade. Algo em alto e bom som. Uma trilha de verdade, como em novelas e filmes... Algo que dê mais emoção aos fatos e acontecimentos.


Vamos combinar. Todo entardecer e todo amanhecer mereceria uma orquestra sinfônica. Toda terça-feira chuvosa mereceria Maria Rita ou Mariah Carey. O sábado a noite pede Soldier of Love e Last Kiss, Pearl Jam. Toda manhã de domingo seria digna de gente animada, como Ivete Sangalo, Jota Quest ou Paralamas, isso pra falar só dos nacionais. Segunda-feira, de manhã, poderia começar com Patience, do Guns, com With or Without you na seqüência. Show, não é?


Só não sei muito bem como isto poderia funcionar... Imagine a seguinte situação: Ela, caminhando no parque. Ele, tomando uma água de coco, enquanto descansa um pouco, depois das três voltas de bike na pista do lago. Se olham, se entendem. Ela decide fazer uma pausa também. Deu sede... Mas e aí? Que música toca? A que ele escolheu, mentalmente, numa fração de segundos. Ou a que ela já tinha planejado desde o verão passado? Ou será que vem uma música ao acaso? E se ninguém gostar?... Dae ferrou!


Sinceramente, acho que o acaso seria uma boa pedida. Poderia haver gente especializada em fazer indicações. Tipo: As mais-mais, top 10, hits parade, ou algo assim... Difícil apenas seria em lugares muito cheio... Quem é que ia entender alguma coisa? Puxa vida... essa idéia é complicada. Mas bem que podia acontecer.


Talvez para resolver a situação, os cientistas alemães, mestres em soluções mirabolantes, poderiam inventar algo como um MP20. Um objeto bem pequeno, a prova da água, que pudesse ser fixado atrás da orelha, capaz de traduzir nossos sentimentos e leitura que fazemos da realidade e traduzisse em música. Algo que identificasse nossas preferências e ajustasse de acordo com a nossa percepção dos fatos. Um equipamento eficaz que, mesmo que não percebêssemos os fatos que nos cercam conscientemente, fosse capaz de nos despertar com a música. Vish. Acho que viajei.... Mas seria bem bom. Não seria?


Tudo bem. Tudo bem. É loucura, sim. Mas, vendo de perto, quem é que é normal?


Aliane Kanso

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

GOSTO SE DISCUTE SIM


Em tempos de multiculturalismo, tornou-se politicamente incorreto julgar esta, ou aquela cultura, e suas expressões artísticas superiores as demais.
Aparentemente para os adeptos desta nova forma de controle sobre o pensamento e a consciência do indivíduo, Sandy e Júnior, Ramones e Bonde do Tigrão, tem o mesmo valor que Bach, Mozart e Miles Davis.Se você concorda com os stalinistas politicamente corretos, poupe seu tempo e pare de ler este texto. Pois eu, como músico e amante da Música, discordo. Desde já, quero deixar claro que não toco música erudita ou jazz e não tenho competência para tanto. Este é justamente o ponto a que quero chegar. O grau de competência técnica necessário para se compor e tocar uma sinfonia, ou um Standard, como Giant Steps de John Coltrane é infinitamente superior ao necessário, para se tocar um blues ou um vanerão.Como disse antes, não toco Beethoven nem Gillespie, nem tenho o hábito de escutá-los freqüentemente. Na verdade, sou fanático por blues, mas isso não me impede de perceber claramente a superioridade de Brahms em relação a Hound Dog Taylor ou Eric Clapton.Essa superioridade não é puramente técnica. Enquanto a música pop (o blues, o folk, o rock e suas variantes), se limita quase que exclusivamente a tagarelar sobre o amor, com suas dores e prazeres previsíveis, ou a discursos tão passionais quanto obscuros e auto-indulgentes contra o "sistema", no mundo erudito e no jazz toda a existência humana e as questões sobre a vida, a morte e o cosmos (que qualquer ser racional faz), são abordadas de maneira freqüente.
O rock até faz estas perguntas, mas as respostas, quando dadas, se limitam a alguma forma de niilismo ou hedonismo. E é aqui, que a superioridade técnica de músicos como Schubert e Charles Parker faz toda diferença. A vida nos apresenta questões complexas, as respostas, se é que existem, não podem ser simples.Os três acordes do punk podem responder a alguns anseios e angústias juvenis, mas teriam sido muito pouco para Beethoven expressar sua admiração pela filosofia de Immanuel Kant e a poesia de Friedrich Schiller.Todo músico competente tem algo de hipnotizador, pois é capaz de fazer com que o ouvinte sensível, perceba o mundo a partir do seu estado de espírito. A intensidade e a profundidade dos sentimentos apresentadas na música erudita e no jazz, pelos mestres destes gêneros, não tem paralelo em nem um outro estilo musical. Somando-se a isso, a qualidade estética que, aliás, pode ser medida, (pois a nota LÁ, por exemplo, vibra em exatos 440Hz), a variedade de formatos e a liberdade com que estes podem ser explorados pelos bons compositores e instrumentistas, fazem daqueles gêneros, o ápice desta forma de arte que chamamos de música. O que me incomoda, é quando algum estudante de sociologia, história ou filosofia me diz que eu não posso achar Wes Montgomery superior ao Tiririca. Nessas horas me dá vontade de mandar o neo-stalinista a merda, pois se eu respeito, e muito, Bach e companhia, e tudo o que estes representam, anos e anos escutando rock em todas as suas vertentes, me ensinaram que às vezes, um grito é mais eficaz que mil silogismos.


Alessandro Côrtes

Postado por Camila Age
Na foto: John Coltrane e Miles Davis




quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Você é música para meus ouvidos







— Amor, você me dá aquela estrela ali?

— Eu te darei o céu meu bem e o meu amor também.

— Você me ama? De verdade?

— Amo-te tanto, meu amor... não cante / O humano coração com mais verdade... / Amo-te como amigo e como amante / Numa sempre diversa realidade. / Amo-te afim, de um calmo amor prestante / E te amo além, presente na saudade. / Amo-te, enfim, com grande liberdade / Dentro da eternidade e a cada instante...

— Que lindo, meu amor. Não te dá medo? Todo esse amor?

— Ah! Deixa pra lá meu amor / Vem comigo e esquece / Este drama ou o que for / Sem sentido / Ama não ama se ama me chama / Que eu vou...

— Eu também vou. Mas quero que dure pra sempre...

— Amor da minha vida, / Daqui até a eternidade / Nossos destinos foram traçados na maternidade...

— Ufa! Se é assim... Se essa felicidade durar a vida toda... mas me diz, onde você estava todo esse tempo?

— Vivia a te buscar / Porque pensando em ti / Corria contra o tempo / Eu descartava os diasEm que não te vi / Como de um filme / A ação que não valeu / Rodava as horas pra trás / Roubava um pouquinho / E ajeitava o meu caminho / Pra encostar no teu...

— Ah, você é perfeito. Casa comigo???


Mônica Wojciechowski

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Música

Ele é músico. Tem o olhar melancólico dos que pensam demais. Conhece todos os CD’s do Leonard Cohen. Tem mania de se abraçar no violão quando não consegue me dizer o que está pensando.

Ele acha que eu não gosto das músicas que ele faz. Talvez seja verdade. Nem presto atenção. Gosto quando ele canta bem baixinho:

“If you want a lover

I'll do anything you ask me to

And if you want another kind of love

I'll wear a mask for you

If you want a partner

Take my hand

Or if you want to strike me down in anger

Here I stand

I'm your man”

Eu sei, eu sei.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Dia Branco

Se você vier
 Pro que der e vier
 Comigo
 Eu te prometo o sol
 Se hoje o sol sair
 Ou a chuva
 Se a chuva cair
 Se você vier
 Até onde a gente chegar
 Numa praça na beira do mar
 Num pedaço de
 qualquer lugar
 Nesse dia branco
 Se branco ele for
 Esse tanto, esse canto
 de amor
 Se você quiser e vier
 Pro que der e vier comigo


Composição: Geraldo Azevedo/ Renato Rocha

postado por Carlota Joaquina



domingo, 23 de setembro de 2007

TEMA DA SEMANA: MÚSICA


AMPUTARAM A PERNA CURTA DA MENTIRA

Amputaram a perna curta da mentira.
A partir daí, ela não deu mais nenhum passo adiante.
E o marido traíra nunca mais disse que ficara no escritório até mais tarde, quando na verdade tava levando parte do escritório pro motel.
O depressivo nunca mais respondeu “tudo” quando lhe cumprimentaram com um “oi, tudo bem?”
A garota resolveu repensar seu visual, pois ninguém mais dizia que ela tava ótima com aquele corte horrível.
O mocinho que tinha aversão a comemorar seus aniversários teve que se acostumar a receber de todos felicitações no dia certo, já que não pôde mais esconder tal data.
A filha adolescente se obrigou a contar aos pais que estava namorando, pois não conseguia mais dizer que estava saindo à noite com as “amigas do colégio”.
Os advogados perderam muitas causas – e muito dinheiro.

E o mundo entrou em conflito, mas logo se acostumou a lidar com a verdade...

Sabrina Moreira

sábado, 22 de setembro de 2007

Jura


Desculpem... Hoje não vou conseguir fazer um texto decente. Acabei de acordar, isso porque meu pai me ligou e disse que vem aqui em casa. E tem duas Playboy ali na mesa da sala. É só para meu curso de desenho, preciso aprender o traço de peitos. Acho que não vai colar.


Mas eu estava dizendo, acordei agora, suando, tonta. Minha pressão baixou, tive que voltar a deitar, agora estou aqui, com uma boca de boteco, escrevendo... Obrigação, hein...


Mas é isso gente... Prometo por tudo que é mais sagrado nessa vidinha que nunca mais vou beber. Vou agora despejar meu Gin na pia da cozinha e quebrar uma a uma as garrafas de cerveja lá da geladeira...


É isso, tenho um duro trabalho pela frente...



Vanessa com um xis na mão.


(Não) Ouça: Cigarrettes and Alcohol, Oasis.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Bye, babys!



Chega! Resolvi colocar um basta nisso tudo. Vou chutar o pau da barraca e sair de fino! Estou de malas prontas. Embarco no final do mês. Vou para o Tahiti. É longe, eu sei. Não falo francês, sei disso também. Parece loucura, também acho. Mas é super sério.

Na verdade, na verdade, se você pensar bem, loucura é viver aqui. Quem, hoje em dia, consegue fazer três refeições ao dia? E não estou falando do Fome Zero, não. Estou falando é de tempo!

Cansei. Não quero mais saber desta correria toda de vida moderna. A gente só tem uma vida. Ou, pelo menos, uma de cada vez. Não é certo ficarmos soterrados por todos os “tenho que fazer isso” ou “preciso fazer aquilo”. Não é justo! Todo ser humano precisa dormir, comer, sair e se divertir.

Não sei quanto a você, mas eu decidi: não passo mais nenhuma primavera sem ter tempo de admirar as coisas simples, que no final das contas são as melhores coisas da vida.

Tenho um amigo que faz umas bijoux bacanas. Ele viaja o mundo há algum tempo. Vou com ele. Me ocuparei entre miçangas, linhas, alicates, sombra e água fresca.

Não. Não há nada que me prenda. Nem família, nem amigos e nem amores. Quem quiser minha companhia, que venha comigo. Já imaginou? Ficar o dia toda ali, sentadinha na areia, debaixo de uma sombra, ouvindo o quebrar das ondas daquele mar azul turquesa. Sensacional!

Aproveito a ocasião para me despedir de todos aqui do blog. Não me mandem emails. Não os lerei. Terei mais o que fazer...

Aliane Gump, a contadora de histórias.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE O DIA DA MENTIRA

Você sabe porque o 1˚ de abril é o Dia da Mentira? Uma das explicações, é a de que a brincadeira surgiu na França, mais precisamente no século XVI, no ano de 1564, quando o rei daquele país, Carlos IX, determinou a adoção do calendário gregoriano, que transferia a data do primeiro dia do ano de 1˚ de abril para 1˚ de janeiro.
Esta mudança causou muita confusão, já que alguns franceses, para manter a tradição, resistiram ao novo calendário. Desta maneira, a virada do ano, passou a ser comemorada em duas datas, e no dia 1˚ de abril, para irritar e ridicularizar estes franceses mais conservadores, a população passou a enviar-lhes presentes esquisitos e convites para festas que não existiam, bem como a contar mentiras.
Aqui no Brasil, a brincadeira chegou por meio dos portugueses, e hoje faz parte do nosso folclore, assim como o do resto do mundo.
Ok. Esta historinha é até engraçadinha, mas eu ainda concordo com o velho ditado: “a mentira tem perna curta”.

Camila

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Verdades sejam ditas.... nesse mundo de mentiras.


Mônica: Não fiz o texto de hoje!

Meninas de papel em coro: Ah, conta outra Mônica. Você é caxias demais pra não ter feito o texto.

Mônica: Juro gurias. Não fiz. Fiquei na casa do meu namorado até às 05h31. Só voltei pra casa pra escrever. Mas tou caindo de sono... e não escrevi.

Meninas de papel em coro: Hoje é primeiro de abril? Como assim? Você não fez o texto e tá namorandooooooooooo? Mentira. Isso só pode ser mentira. Intriga da oposição.

Mônica: É sério, gente! Tou amandoooooooooooooooo. Vejo estrelas de dia. Meu mundo tá cor de rosa.

Meninas de papel em coro: Chama o Pinel. O caso é grave. Virou mentirosa compulsiva... Mente e não fica nem vermelha. Desgraçada...




Mônica Wojciechowski Apaixonada e Sincera

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Mentira

Cheguei em casa às oito horas da manhã, minhas amigas dormiam. Gritei alto o nome de cada uma delas para fazer questão de que elas acordassem. Lisandra* levantou num sobressalto:

- Meu deus! Enchi a cara ontem, dei pra três caras diferentes, vim pra casa desacordada e acordei duas horas atrasada pro trabalho...

Qual seria a culpa maior, Lisandra? Ir correndo (acabada) para o trabalho ou ligar inventando uma mentira?

E é a culpa a grande vilã. Somam-se os delitos, resultam as culpas e as dividimos com mentiras.

- Oi, quem fala? Oi... então, estou com bronquite e asma. Vim dormir na casa de uma amiga pra ela cuidar de mim, e fui fazer nebulização no hospital, e, então... não vou ao trabalho hoje. Ah, a reunião geral, né? Tá, se eu melhorar, apareço.

Não sei se há muito mais para falar sobre mentira. Mulheres fingem orgasmo para que seus homens não se sintam culpados, os filhos mentem para as mães para que elas não os culpem, no fundo, de serem mães más e as amigas mentem para as amigas – assim não se sentem culpadas por serem sinceras demais.

· * ** o nome foi trocado para preservar a identidade do sujeito envolvido. E para que ele não se sinta ainda mais culpado.


Postado por Paola


P

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mentirinha do bem


“Mais vale uma amarga verdade do que uma doce mentira”. Eu já ouvi isso pelo menos um milhão de vezes e não concordo. Para manter a harmonia e boa convivência, em muitas vezes somos obrigados a mentir. Tá certo é uma mentirinha à toa, que não prejudica ninguém, mas não deixa de ser mentira.

Mentir para o pai:
- Minha filha, o que significa esse rapaz de cueca dentro do seu quarto?
- Pai, você não vai acreditar, nós fomos assaltados aqui perto de casa e eu trouxe o Junior para emprestar uma roupa sua para ele poder voltar para casa.

Mentir para a amiga de dieta:
- Ai amiga, tenho passado fome, mas não deixei de fazer aquela dieta que você me indicou. Já dá até pra perceber que eu emagreci, você não acha?
- Dá pra ver de longe!

Mentir para o chefe:
- Atrasada novamente dona Ana Maria?
- Ai chefe, o senhor não vai acreditar, minha gasolina acabou, meu pneu furou, meu cartão não passou, meu dia não começou bem...

Mentir para o Marido:
- Outro sapato novo amor?
- Não querido, é aquele sapato velho que não usava mais e mandei reformar no sapateiro, não ficou lindo?

Mentir para a mãe:
- Minha filha, não ouvi você chegar ontem, levantei cedo e não a encontrei em seu quarto. Por onde andou?
- Ai mamãe, lugar nenhum, tava em casa. Cheguei super tarde ontem. Fui em um workshop maravilhoso e acabei me estendendo, mas acordei cedo hoje para correr, você não me ouviu?

Mentir para a amiga que acabou com o cabelo:
- Olha meu novo loooook. O que achou?
- Nossa! Super fashion. A tua cara!

Mentir para a mãe de uma criança feia:
- Você já conhecia meu filho?
- Esse é seu filho? Nossa que querido.

Mentir para aquele seu colega super brega:
- Ganhei muitos presentes de aniversário. Esta camisa foi da minha esposa. Bonita não é?
- É, essa cor de abóbora e o brilho de cetim dessa camisa combinam perfeitamente com o tom da sua pele.

Mentir para sua sogra:
- Gostou da berinjela com jiló que preparei especialmente para a ocasião?
- Humm, nunca comi nada tão gostoso!

by Carlota Joaquina

domingo, 16 de setembro de 2007

sábado, 15 de setembro de 2007

Na cama


A cabeceira da cama ficava na altura de sua virilha. Ela não sabia disso antes. Sua mãe gritou lá de longe [feche essa cortina, menina...].


Ela teve que ficar numa posição esquisita para tirar a ponta da cortina detrás da cama - era com se a cabeceira ficasse entre suas pernas.


Sentiu umas cócegas que aceleravam o coração. Não chegou a ficar assustada. Só riu. Gargalhou. Achou bom.


ouça: sweet child o' mine (Luna).


Vanessa Nabokov

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sexo! Sexo! Sexo!




Na verdade, bastava escrever a doce palavrinha uma vez. Sem ponto de exclamação.

Eu poderia ter digitado até conforme a nova ortografia a entrar em vigor no ano que vem: “secso”.

O efeito teria sido o mesmo. Captada estaria a total atenção do freguês. Não há ninguém no mundo que passe pela palavra e não dê ao menos uma conferida.
A suave, ou por vezes enérgica, conjunção das letrinhas são mais ou menos idênticas em qualquer língua falada e escrita. Sex, sexe, sesso e umpa-umpa são em seus respectivos idiomas originais, a saber, inglês, francês, italiano e somali, prontamente identificáveis por qualquer indivíduo ou indivídua, não importa o seu, uai!, sexo.



O sexo é a a coisa mais interessante na face da Terra. Não fosse ele e a própria, a Terra, isto é, não giraria e nem estaríamos todos aqui gozando, por assim dizer, das artes e estratagemas de Cupido, que é para dar uma coloração menos violenta a este texto. Embora um pouco de violência... Ah, deixa isso pra lá.
O que eu queria mesmo é chamar a atenção de quem passou os olhos por aqui. Se o senhorinho ou a senhorinha ainda me acompanha é sinal de quem fui bem sucedido. Podemos, pois, passar ao que realmente interessa. Sim, sim, claro, é sobre sexo!


Por que fazer sexo?


Por que é que os seres humanos fazem sexo? Ou têm sexo. No sentido de um no outro, coisa e tal.


Não estou querendo me fazer de engraçadinho, mas esse é o título de um artigo publicado na augusta edição de agosto da revista Arquivos do Comportamento Sexual, publicado pela editora da Universidade do Texas, na cidade de Austin, e assinada por Cindy Meston e David Buss, que, no por certo prestigioso estabelecimento escolar, realizaram uma pesquisa entre 1549 participantes.



A pergunta indagava das pessoas os diversos motivos para terem, fazerem ou se envolverem em sexo. O questionário constitui, segundo as pessoas que entendem disso (de pesquisas e não sexo), a mais extensiva lista de motivos para a propagada copulação, para dar um nome nada eletrizante ao mais antigo dos passatempos (“passatempo” foi um dos apelidos dados ao ato, ou “acto” como dizem os portugueses, coitados, em questão).


Um pequeno parêntese: Cindy é nome de acadêmica sexual? Mesmo no Texas? Cindy ou é boneca ou pseudônimo de moça de programa. Sejamos sinceros.
Vamos a algumas das motivações conforme o texano estudo. “Eu estava com vontade de reproduzir” (motivo que pegou o 231º lugar). “Eu queria me castigar”(motivo 148). “Eu (ou ela) estava ovulando” (motivo 232). “Trata-se de meu imperativo genético” (motivo 180). “Eu estava apenas querendo reproduzir” e “Eu queria fazer um bebê” (empatados no motivo 27).

Uma dessas coisas que acontecem
Sem dar a ordem da motivação, os texanos – diga-se de passagem – 96% dos quais entre os 18 e os 22 anos, 5% judeus e 36% cristãos fundamentalistas – optaram ainda pelas seguintes motivações, desculpas ou pretextos, conforme queiram:


- Eu queria passar pela experiência.
- Eu precisava me sentir atraente.
- Eu necessitava me sentir feminina. (Apenas no caso das mulheres. Espero.)
- Eu estava a fim de me sentir bem comigo mesmo(a).
- Eu queria me conectar com a outra pessoa.
- A outra pessoa era inteligente.
- A outra pessoa tinha muito senso de humor.

E motivo que não acaba mais. Já entrei, mais do que devia, nos méritos do assunto. Abstenho-me de comentar, além de citar apenas mais dois dos motivos mais populares para, no Texas, tendo entre 18 e 22 anos de idade, queimar incenso no altor de Eros, conforme diziam as pessoas educadas e meio virgens de meu tempo:


- Todo mundo estava indo nessa.
- Foi uma dessas coisas.


Texto de Ivan Lessa

Postado por Aliane Kanso






Joaquim


De uns tempos pra cá, me sinto fogosa, inquieta, aventureira, libertina, libidinosa, só o prazer me interessa. Não posso ver um homem que me chame atenção, que logo começo a desejá-lo. Quero prazer na minha parte mais secreta e sensível, ainda mais se vier através de um desconhecido, pois assim me deixo seduzir facilmente. Quero ser descoberta e poder realizar meu desejo mais íntimo.
Num mundo de amores descartáveis e sexo “a granel”, resolvi ficar com o segundo. Agora só gemidos, sussurros, cheiros, líquidos, orgias, lambidas e gozo tem importância. Sexo puro e simples. Amor e paixão tornaram-se coisas do passado.
Um dia, um encontro casual me proporcionou tal desejo. O nome dele era Joaquim, moreno, alto, bonito, olhos negros, pele alva. Nos cruzamos numa praça da cidade, quando eu estava a caminho do trabalho. Assim que nos vimos, esquecemos cada um os seus respectivos compromissos, e corremos para o carro dele, transamos loucamente, sem nos importarmos com nada e com ninguém.
Joaquim beijou-me uma vez e acariciou meu corpo todo. Buscou meus seios incessantemente com suas mãos grandes, porém hábeis. E foi ele quem conseguiu descobrir minha parte mais secreta e sensível e me deu prazer. E assim, deixei, que ele liberasse o seu desejo entre as minhas pernas e fizesse o que quisesse de mim. E ele fez. E eu, que disse que amor e paixão faziam parte do passado, estava me sentindo a mulher mais amada do mundo.

Camila Age

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Vagão Vazio



O inferno das pessoas é a maldita repetição. A tal da rotina. Saía do trabalho às 21h, pegava a condução ainda lotada e fazia um percurso de quase uma hora. Saltava do ônibus na Praça da Sé e ali embarcava no metrô. Percorria os comboios até achar um vagão vazio, ou quase vazio. Chegava em casa tarde da noite. “Vida de Merda” pensava Sílvia.

Naquela quarta-feira saiu do trabalho ainda mais tarde. Chovia. A lotação apinhada. Gente em cima de gente. Semblantes fechados, mal humorados, distraídos e distantes. Em pé, Sílvia quase nem precisava se segurar, havia tanto passageiro que era impossível cair com uma freada. Os corpos seguravam uns aos outros.

De repente sentiu que alguém se encaixou atrás dela. Era um homem negro grande, corpulento, cheirava a cimento e cal e suor e chuva. Em seguida sentiu a mão do homem pousar sobre sua pelve. Sem nenhuma cerimônia. A mão puxou-a, como se tentasse acomodar o seu traseiro no membro rijo. A primeira sensação foi de repulsa. Mas em seguida foi tomada por um desejo incontrolável de se deixar possuir por aquele desconhecido. Sílvia inclinou levemente a cabeça e olhou pra trás, só com o canto dos olhos, como se autorizasse ao estranho fazer o que quisesse. Ele se encostou ainda mais e pressionou seu pau com força entre a bunda redonda coberta pela saia justa. Ele fazia aquilo quase que com raiva, como se quisesse rasgar ela ao meio. A cada movimento Sílvia sentia mais prazer.

Chegou à Praça da Sé, desceu do ônibus e foi para estação, pegar o metrô. Viu que o estranho a seguia. Ela sentia um misto de medo e desejo. Como se a vida não tivesse graça e aquilo que acontecia naquele momento fosse o ápice da maior glória que pudesse esperar.

No metrô procurou o vagão vazio, como de costume. Ele a seguiu. Quando o achou, parou, e, voltou-se para o homem que a perseguia. “Olha pra frente, dona, nada de olhar pra minha cara”. Ela obedeceu. Ele chegou bem perto e ergueu a saia de Sílvia com brutalidade. “Você quer pau é, dona?” Ela não falava nada. Só permitia. Ele a ajeitou de costas, abriu o zíper e enlaçou-a, apertando-a tanto que a machucava. Penetrou-a, com malvadeza. Ela gemia de prazer e dor. Depois de alguns movimentos rápidos e fundos, grunhiu. “Pronto, dona, acabei.” Sumiu.

Durante meses matava tempo no trabalho para pegar o ônibus atrasada e, quem sabe, encontrar o seu desconhecido. Dentro do ônibus, não olhava nunca pra trás, só respirava fundo procurando o cheiro de cal e suor. Não ficava um dia sem pensar naquele homem violento que fez daqueles instantes o momento mais feliz de sua vida.



Mônica Wojciechowski


terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ninfomania

Filho da puta, não me dirige uma palavra, mal nos olhamos.

Me deixa gemendo ridícula.

Deita o rosto na minha coxa esquerda, respira o cheiro dos meus lábios.

Apaixonado pelo meu útero, esse homem. Quer me entupir de filhos. Que saiam por onde ele entrou.

Encosta o ouvido direito no meu umbigo. Escuta os sons dos meus órgãos. Se alimenta da minha pele e lambe os meus cabelos.

Finge arrancá-los enquanto esconde o desejo de que seus filhos nasçam com a mesma cor de cabelo de índia.

Tentamos nos acomodar na mesma cama de solteiro.

Diz que gosta do meu cheiro.

Não quero nada seu. Mas que venha todas as noites. Dizer que me ama.

E eu, não amo ninguém, só falo putaria.

postado por Paola

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Ninfomania


São os meus lábios, tremem de euforia,

então bebo teu gosto de mulher,

não espero, pois é de endoidecer,

a minha espada é tua anestesia.


Neste louco tropel com agonia,

escancarada e já pronta a abater,

com tua arma feminina do prazer,

me suga a carne e o leite em primazia.


Minh’alma resplandece com poesia,

mas te profano igual zinha qualquer,

com atos e palavras,

corrompervinculado em tua carne noite e dia.


Saciados da sede, fome e orgia,

cantamos o triunfante poder,

derramamos as juras pra viver,

na alcova em ritual ninfomania.

Michel H. Baruki


Postado Por Carlota Joaquina

TEMA DA SEMANA


NINFOMANIA

domingo, 9 de setembro de 2007

A Passagem




Se o gato morresse amanhã, estaria hoje dormindo, encantadoramente, sob o escaldante sol que lhe colore a íris e reduz a um traço suas diminutivas pupilas.

Se a tulipa morresse amanhã, estaria sorvendo com vigor o orvalho fresco trazido pela chuva fina que anuncia o amanhecer.

Se o lápis morresse amanhã, estaria hoje sendo empunhado de canhota, fazendo nascer um belo poema de métrica simples e sentimento nobre.

Se o beijo morresse amanhã, estaria hoje acendendo em dois corpos um incontrolável e delicioso desejo, através do compasso sincronizado de duas línguas que costumavam estar, até então, distanciadas.

Se o poder morresse amanhã, hoje estaria ostentando como nunca sua coroa e cetro, ou então-paradoxo!- estaria abandonando o trono, sem hesitar.

Se a amizade morresse amanhã, hoje estaria sorrindo de felicidade e chorando de saudades, agradecendo aos deuses por um dia ter sido tão, absolutamente, viva.

Se a palavra morresse amanhã, estaria hoje transcendendo todos os idiomas, assumindo que a única palavra que interessa é AMOR.

Se eu morresse amanhã, todo meu universo estaria funcionando com uma dose extra de prazer, despedindo-se comigo, de maneira sublime, dessa vida repleta de abstrações.

Sabrina Moreira

sábado, 8 de setembro de 2007

Cabô


"Vamos irmãos, orai! O mundo vai acabar amanhã!! Você aí, senhorita. É você mesma. Deus mandou te dizer que Ele está triste com seus atos, que não está contente. Arrependa-se! O mundo vai acabar amanhã"


Maria Lúcia desceu correndo as escadas do metrô. Vai que acabe mesmo. Mas não achou que tinha que se arrepender de nada não. Aquele cara com quem saía era casado mas e daí. Não era assim um pecadão. Ela não era casada... Se não soubesse que ele era casado então não seria pecado dela. Se ela perdesse a memória? Acho que é assim. Ela também. Se não vê não existe se não crê não existe.


Pior é que ela cria que o mundo ia acabar mesmo. Fodeu. Era mais ou menos seis da tarde, teve um acidente na linha que ela pegava. Putz... E se acabar mesmo? Fica parada aqui na estação, nem vê o nego dela... Hoje é quinta-feira, dia de cerão na firma dele... A mulher dele acredita que ele fica até mais tarde na firma, então não vê problema... Nunca desconfiou...


Maria Lúcia nunca tinha pensado em coisas metafísicas assim desse jeito... Se acreditasse que poderia voar, voava? Acho que não... Mas se ela nunca ficasse sabendo que o Jonas era casado então não pecava?


Só chegou em casa perto das nove horas... Achou que ia encontrar o Jonas quando chegasse, mas ele não foi. Mandou um telegrama - BONECA CAIU PT FOMOS DESCOBERTOS PT SAUDACOES PT JONAS


Ficou uns minutos sem ação. Picou aquele papel e jogou no vaso sanitário. Deu a descarga, não olhou. Tomou um banho bem demorado...


Acreditou que era o último dia. Esqueceu que aquele telegrama tinha chegado. Sentou na pia e comeu todo o arroz-doce que tinha na geladeira.



VANESSA PT


Ouça: Juízo Final, Nelson Cavaquinho

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Minha despedida


Engraçado. O tempo é tão relativo. 24 horas parece ser um montão quanto temos que esperar por algo. Cada minuto é quase uma eternidade quando estamos fazendo alguma coisa que não gostamos. Da mesma forma, freqüentemente, pensamos que uma vida inteira é muito tempo. Na verdade, se pensarmos bem, não é. Normalmente achamos que temos muito pela frente, e não queremos ver que o caminho, às vezes, nos pega de surpresa. No final das contas, a contagem sempre foi regressiva. Mas, se fosse possível saber o prazo final, eu faria assim:

Eu acordaria bem cedinho, antes mesmo de o dia amanhecer. Passaria na casa de cada uma das pessoas que são importantes para mim, minha família e meus amigos. Depois, todos juntos, em uma grande caravana, pegaríamos a estrada. Guiando minha moto, eu iria à frente. Observaria com muita atenção cada detalhe do caminho e faria questão de curtir as coisas simples como o frio, a chuva, o vento e o cenário.

O destino seria uma praia deserta, mas não muito longe. Chegaríamos quando ainda é escuro. Faríamos uma fogueira e, sentados na areia, em silêncio, esperaríamos o nascer do sol. Tudo seria registrado na memória e gravado no coração. Contemplaríamos cada raio de luz que toca o horizonte e o brilho dourado que ele deixa no rosto de cada pessoa.

Tomaríamos o café da manhã numa grande mesa, composta por vários lugares. Entre as frutas, pães e sucos, saborearíamos o doce sorriso um dos outros. Depois, faríamos uma longa caminhada a beira-mar. De mãos dadas, passo a passo, sentiríamos o suave toque da água e o frescor da brisa marítima.

À tarde, de baixo da sombra de uma árvore, faríamos um grande piquenique. Lembramos de todos os bons momentos que já vivemos juntos. Todos os natais, festas de ano-novo, aniversários, férias e dos mais especiais dias comuns. Todos os momentos de superação, desafios e conquistas. Riríamos muito. Provavelmente, choraríamos também. Este dia seria, sem sombra de dúvida, recheado de muitos beijos e abraços. Aproveitaria a oportunidade para, incansavelmente, dizer a todas as pessoas o quanto as amo e pedir que me perdoem por todos os meus incessantes erros.

A confraternização só seria interrompida caso Deus nos presenteasse com uma refrescante chuva de verão. Daí, todos correríamos para a linda cachoeira, que fica um pouco escondida, mas que não é difícil de achar. Lá tomaríamos o melhor banho de nossas vidas. Só sairíamos de lá, quando estivesse quase anoitecendo. E, mais uma vez, em silêncio, nos despediríamos do sol e de toda a beleza de nosso redor.

Faria alguns momentos de reflexão. Ficaria, por alguns instantes, sozinha. Nesta hora, escreveria algumas cartas. Em uma delas, dirigida a todos, pediria para que, no próximo ano, no mesmo lugar e na mesma data, esta mesma grande família se reunisse novamente e juntos, celebrassem a vida. Deixaria registrado também, individualmente, como foi bom ter vivido com cada uma das pessoas que fizeram parte da minha vida. Faria a entrega de todos os escritos. Daria um grande abraço em cada um e, depois de um dia tão emocionantemente feliz, iria dormir...

Aliane Kanso.



quinta-feira, 6 de setembro de 2007

A ÚLTIMA VISITA



Se eu soubesse que iria morrer amanhã, desmarcaria todos os meus compromissos e esperaria pela morte, assim como quem espera por uma visita. Tomaria meu último banho (de banheira), com todos os óleos, espumas e cheiros perfumados, depois usaria o meu creme favorito, vestiria minha melhor roupa e usaria quase o vidro inteiro do meu perfume predileto, e não esqueceria do meu body lotion, de mesma fragrância, é claro. Não poderia morrer de outra forma, que não perfumada.
Quando a campainha tocasse, teria certeza de que era ela. Estaria com a casa arrumada e com um cafezinho pronto. Pediria que a morte esperasse só mais uns minutinhos, e me contasse algumas estórias do mundo de lá, antes de me levar do mundo daqui.
Depois disso, ela poderia me levar, pois tempo para falar de amor, para pedir perdão, para curar culpas não haveria mais. Assim, como também não haveria mais TEMPO para os sonhos que não viveria, para os homens que não amaria, as camas que não deitaria, as bocas que não beijaria, para os filhos que não teria, para as viagens que não faria, os lugares que não conheceria, as pessoas que deixaria, os amigos que não faria, os livros que não leria, os filmes que não veria, os cheiros que não sentiria, os gostos que não provaria, as músicas que não ouviria, os projetos que não realizaria e os aniversários que não completaria.
Mas na realidade, tudo isso, seria apenas um subterfúgio que eu usaria para fugir do medo da morte, que organizaria o meu caos, neutralizaria a angústia, aplacaria a impaciência, questionaria o essencial, desafiaria o meu tempo, aceitaria meu colapso, e eu resistiria até o último minuto.
No dia anterior a minha morte, materializaria a dúvida e questionaria a minha vida de 29 anos.

Camila Age

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida...






Anjo — Você vai morrer amanhã.

Flávia — Que?

Anjo — Isso que você ouviu. Amanhã é seu último dia aqui na terra. Você vai embora comigo. Conhecer o Reino dos Céus.

Flávia — Jura? Que legal.

Anjo — Como assim? Legal?

Flávia — Sei lá, legal! Conhecer lugares novos sempre é legal.

Anjo — Tem alguma coisa errada aqui, Flavinha. Sempre que eu conto isso para as pessoas, a primeira reação delas é ficarem meio putas da cara, depois, querem fazer em um dia, tudo aquilo que não fizeram a vida toda.

Flávia — Talvez seja por isso que eu não tou dando muita bola, então. Sempre fiz tudo que quis e dentro do tempo que me foi dado, vivi cada minuto intensamente e aproveitei cada momento.

Anjo — Sabe que é verdade, fazendo assim, uma retrospectiva da sua vida, não lembro de nenhum dia em que você passou no piloto automático, mesmo diante da rotina, você sempre deu um jeito de reinventar as situações e de encontrar prazer em tudo.

Flávia — E tem como ser diferente disso? Tem como estar em um lugar pensando em outro? Existe alguém que está com uma pessoa e pensa em outra? Que pensa em bolo de milho quando tem uma fatia de bolo de chocolate?

Anjo — É por isso que eu tou te levando tão cedo. Ah, doce Flávia, se você soubesse o que as pessoas fazem das próprias vidas... Você realmente não pode ficar aqui neste plano...



Mônica Wojciechowski adoentada e, consequentemente, sem pique pra escrever...

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Se eu morresse amanhã...


Daria uma festa. E já tenho um lugar para fazer isso. Terça-feira é dia de samba de raiz no Alice Bar. Já pensei no convite: “Vamos beber o morto”, e no meu caso “dançá-lo” também. Esse será meu velório, pois detestaria que fosse de outra forma. E para garantir que não haverá mesmo, pedirei à família que assine um termo se comprometendo a não realizar um. Resolvida a parte burocrática, vamos à festa! Contratarei a banda do Nilo’s bar, para quem não conhece são cantores fabulosos, e todos com mais de 60 anos, eu disse que era samba de raiz, e com direito a Cartola, Pixinguinha, Candeia e outros... A Janis Joplin que me perdoe, mas “quero morrer numa batucada de bamba, na cadência bonita do samba”, como dizia Ataulfo Alves e Paulo Gesta. E o que é bom para acompanhar um bom samba? A cerveja, é claro! Uma roda de samba e uma cerveja gelada, agora só faltam os amigos! E voltando ainda a parte burocrática da coisa, acho que terei que entrar no meu limite, raspá-lo para podermos fazer “a festa”. E eu quero me acabar de beber e dançar, dar muito beijo na boca, dizer àquele gatíssimo que sempre fui a fim dele e ir para casa bêbada, mas tão bêbada, que deitaria na cama e a única coisa que eu pensaria era que não teria nada de ressaca, que não teria dor de cabeça, e que não me envergonharia do que fiz, ressaca moral, nunca mais. Não, não foi uma brincadeira de mau gosto, mas no último dia vale tudo!


Dil

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Se fosse meu último dia eu...

"Para morrer bem é preciso viver bem”. Confúcio

Pediria perdão para as pessoas que amo. Pois, mesmo sem querer, às vezes magoamos o outro.
Diria às pessoas especiais da minha vida, como elas são especiais.
Beijaria e abraçaria todos que eu pudesse, não que eu não tenha o feito, pois adoro abraçar, mas por ser a última vez.
Compraria aquele sapato só pra ter o prazer de tê-lo usado.
Comeria de tudo um pouco, pois a dieta sempre me faz comer um pouco de quase nada.
Doaria mais sangue.
Usaria o vidro inteiro daquele perfume que sempre deixo para as ocasiões especiais.
Acordaria mais cedo para contemplar o nascimento de mais um dia.
Pularia de pára-quedas.
Faria amor no banheiro de um restaurante.
Nadaria numa piscina de gelatina.
Diria EU TE AMO pra todos que eu amo, não que eu não diga, mas pela última vez.
Estacionaria em lugar proibido só pra levar uma multa que não terei que pagar.
Diria aquele chato que ele é um chato.
Tomaria um banho de chuva nua.
Pisaria na lama como quando era criança.
Quebraria uma taça de cristal na parede.
Ligaria pra a o máximo de pessoas que pudesse, só pra dizer oi.
Daria uma volta de helicóptero pela cidade.
Tomaria um banho de mar.
Rasparia minha cabeça.
Entraria numa boite de strip tease, pra ver como é.
Sentiria o cheiro de grama recém aparada.
Como não daria tempo de viajar pros lugares que gostaria de conhecer, deixaria passagens aéreas pagas pra minha mãe conhecer no meu lugar.
Dançaria um tango.
Não me irritaria.
Pagaria todas as minhas promessas e dívidas.
Faria massagem tailandesa.
Faria carinho em um golfinho.
Colheria flores.
Sentiria o cheiro da chuva caindo sobre a terra.
Tatuaria uma linda índia nas minhas costas.
Comeria frutas no pé.
Pilotaria um avião.
Tomaria um vinho chileno.
Faria amor num balão.
Plantaria mais uma árvore.
Agradeceria por ter tido a oportunidade de ter esse dia.


“A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.” Dalai Lama

by Carlota Joaquina
Bem Viva Graças a Deus.

domingo, 2 de setembro de 2007

TEMA DA SEMANA: O QUE VOCÊ FARIA SE MORRESSE AMANHÃ?


ÀS AMÉLIAS QUE NÃO QUERIAM TER SE TORNADO ALFA


Malditas sejam as piro maníacas incendiárias do sutiã.

Essas incontidas revolucionárias arrancaram a mulher de sua inigualável e abençoada posição feminina, a puseram pra competir frente a frente com o masculino. Fizeram isso em nome da liberdade: doce engano. Mal sabiam elas do tamanho e força do poder feminino.

Digo isso porque, há um abismo de distância entre a mulher feminina e a feminista. Enquanto que a última empunha suas armas e vai à luta diariamente, competir com um adversário, indiscutivelmente, mais forte que ela – o homem, a primeira nem precisa travar guerra, pois já está com a batalha ganha.

A feminista conquista aquilo pelo qual disputa, enquanto a feminina consegue o que deseja – o que é muito mais simples, sutil, delicado. E é desse jeito que a mulher feminina conquista não só os homens, como o mundo: naturalmente. Não há o que provar, não precisa competir. Já a feminista...

Enfim, homens e mulheres, por serem diferentes, têm papéis distintos, e ponto. Qual é o problema disso, oras? Eu, sinceramente, não entendo o porquê das mulheres quererem assumir funções masculinas. Querem dividir as contas da casa, trocar as lâmpadas queimadas, sentar na cabeceira da mesa, tudo isso de batom na boca e scarpin no pé, só pra garantirem que ainda são fêmeas. Ah, é claro, querem também ter um homem ao lado – lógico, se não quisessem seriam lésbicas, ou então assexuadas.

Portanto, esse conceito de mulher alfa não passa de um feminismo exacerbado disfarçado de feminilidade, através de um belo corte de cabelo e uma maquiagem bem feita. Fêmeas, porém não femininas.

Não precisa, feministas, ser somente alfa. A mulher pode escolher ser a alfa da família, a beta do relacionamento, a gama do trabalho, e assim por diante, até o ômega. Ou seja, a mulher detém de todo o alfabeto grego para si. É só saber usar.


Sabrina Moreira, a convicta antifeminista que não escapa de ser, por vezes, mulher alfa

sábado, 1 de setembro de 2007

A estupenda Mulher Alfa contra os guardiões da bolsa de valores de Nova Iorque


Falaram para Beta que ela era uma mulher alfa. Logo se imaginou com uma roupa de vinil preta, botas de cano longo. Uma máscara. Nada de capa, démodé. Seria quem sabe a chance de sair pela janela, tomar banho de chapéu, escovar os dentes de olhos fechados e dormir pendurada pelas pernas. Talvez o Hugh Jackman – ou o Nasi – se interessasse por ela. Finalmente. Mas tudo isso em um segundo antes de o telefone tocar para gritar que o índice Down Jones fechou em baixa porque ela teve um devaneio estúpido e o esmalte vermelho do dedão do pé estava descascando. Perdeu um ótimo negócio por isso. Já não te disseram que não se usa sandálias em reuniões importantes? Quantos milhões vale uma joanete?

Usou o chicote dominatrix para se livrar daquilo tudo.


Pegou uma mochila de super-heróis, descolou um pôster do Wolverine e seguiu seu rumo.

Beta hoje tem um brechó em Buenos Aires, usa óculos J.O. enormes, os cabelos são púrpura e toca violoncelo numa banda de rock esquisita. Não acredita em despertador, tem dois gatos em casa, toma sorvete de casquinha. Não guarda dinheiro, não vende as férias. Não negocia sua vida.



Vanessa, desenhista de moda femini(sta)na.


Ouça: Spiderman dos Ramones.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Mulheres Alfa. Homens Omega


Ok. Independente de nomenclaturas, as mulheres mudaram. Isso é fato. Em poucas décadas passamos para uma outra margem. De passivas e submissas, hoje somos, com muita independência, donas dos nossos próprios narizinhos.

Trabalhamos. Ocupamos importantes cargos. Estudamos. Fazemos nossas escolhas. Tomamos decisões. Assumimos responsabilidades. Gerenciamos outras pessoas. Lideramos. Dirigimos nossas vidas. Conduzimos nosso destino. E, como se não bastasse, ainda arrumamos tempo para ir ao salão, ao mercado, ao shopping e cuidar da casa, marido e filhos... Ufa!

Agora, não podemos esquecer que não somos as únicas a habitarmos neste mundo. A figura masculina não deixou de coexistir. Pelo contrário. Continua aqui. Sem, talvez, nunca ter almejado tantas mudanças, vivem de perto e sentem na pele, o fruto de toda esta evolução. Afinal, eles convivem com mães, irmãs, filhas, esposas e, muitas vezes, chefes mulheres. Fora a carga de TPM de toda essa gente. Coitadinhos...

Bom. O fato é que, apesar de toda a história e cultura de anos de um sistema patriarcal, eles também precisaram (ou ainda precisam) se adaptar. Até ontem éramos dependentes. Não faz muito tempo que os casamentos eram arranjados e que as mulheres só saiam de casa com autorização. Trabalhar fora, então? Nem pensar. Eles podiam tudo, ou quase. Nós não podíamos nada, ou quase nada. Agora, viramos a mesa. Estamos aqui, “mano a mano”, disputando um lugar ao sol.

Pela minha vasta experiência de 26 anos neste mundo, posso dizer que percebo uma certa timidez e insegurança da parte deles frente a esta nova figura. Queridinhos, so sorry se nós os assustamos. Apesar de termos ficado com a promoção à Diretoria da empresa, estamos aqui para somar.

Verdade. Cada um tem o seu lugar. Profissionalmente, já provamos termos condições iguais. Agora, comportamentalmente, somos bem diferentes. E não há problema algum nisso, aliás, muito ao contrário. Mesmo as mulheres mais independentes, ainda gostam de gentilezas. Principalmente se for para trocar um pneu furado numa noite fria e chuvosa...


Aliane Kanso

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

ELAS VÃO MUDAR A ESTRUTURA DAS FAMÍLIAS



Dan Kindlon é um pesquisador que não tem vergonha de legislar em causa própria - e o faz com embasamento científico. Especialista em psicologia comportamental pela Universidade Harvard, o pesquisador acaba de lançar Alpha Girls (Meninas Alfa), inédito no Brasil. O ponto de partida para esse livro sobre a nova geração de garotas líderes foi sua casa: Kindlon é pai de duas adolescentes, com 17 e 14 anos. Ao longo de entrevistas realizadas com 113 meninas do ensino médio americano, ele chegou a várias conclusões. Uma delas é que figuras paternas - como ele - têm papel preponderante na formação da personalidade dessas jovens vigorosas. Leia, a seguir, a entrevista que Kindlon concedeu a ÉPOCA.

ÉPOCA - Quais as principais características das meninas alfa?

Dan Kindlon - Elas não têm dúvida sobre a própria capacidade, são muito bem-resolvidas. Não vêem os homens como inimigos, querem coexistir com eles. Para as alfa, a igualdade entre os sexos é um fato. A hipótese de que a mulher pode ser considerada inferior nem passa pela cabeça delas.

ÉPOCA - Que mudanças levaram ao surgimento das meninas alfa?

Kindlon - A mudança mais importante é o fato de terem nascido numa sociedade que já é razoavelmente igualitária. Nunca houve tantas mulheres em cargos importantes, em nenhum outro momento da História. Nos Estados Unidos, as mulheres podem se alistar no Exército, competir profissionalmente nos esportes, entrar em qualquer universidade. Pela primeira vez, temos uma mulher na presidência da Câmara (Nancy Pelosi). Essas garotas cresceram num mundo onde isso existe, não está mais em fase de conquista. É claro que ainda há domínio masculino em diversas áreas. Mas o ponto de partida das alfa é o equilíbrio. Tudo é fruto das conquistas feministas, que trouxeram mudanças na legislação, na família e no mercado de trabalho.

ÉPOCA - Quais mudanças essas meninas farão no futuro?

Kindlon - As estatísticas mostram que, dentro de 30 ou 40 anos, as mulheres vão dominar o campo da medicina, como já acontece na psicologia. À medida que passarem a ocupar mais espaço nas universidades e nos cursos de pós-graduação, receberão salários melhores e terão mais poder aquisitivo. Esse poder será decisivo, poderá mudar a estrutura das famílias. Os homens passarão mais tempo em casa, cuidando das crianças, porque suas mulheres terão salários iguais ou melhores que os deles.


ÉPOCA - Em seu livro, o senhor destaca a importância do pai na vida das meninas alfa. Por quê?

Kindlon - É preciso considerar que a maioria dos cargos de poder ainda pertence aos homens. Portanto, se uma menina é admirada e incentivada pelo homem mais poderoso de sua infância, isso a deixa extremamente confiante. Além disso, o estreitamento da relação pai-filha ajuda as meninas a conhecer e entender as características tradicionalmente ligadas aos homens. No passado, essa relação era mais distante, e as meninas não tinham acesso ao universo masculino. Hoje, elas podem ser duronas ou dóceis, flexíveis ou inflexíveis, de acordo com a necessidade. Nesse aspecto, os meninos estão em desvantagem, porque ainda têm vergonha de explorar características femininas.


Fonte: http: //revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/


Postado por Camila Age