sábado, 23 de junho de 2007

SOBRE PSICODELIA, MUTANTES E POCHETES SONORAS ESTEREOFÔNICAS


Sabe, Andreas, eu nunca pedi para ficar aqui nessa casa, [play] eu quis cantar uma canção iluminada de sol soltei os panos sobre os mastros no ar [stop] teus amigos malucos... Poesia concreta... O que esse tal de Augusto acha que é poesia? [play] soltei os tigres e os leões nos quintais [stop] irmão dele, então? Sem falar no Décio, né? Ô hominho chato. Essas festas já estão me enchendo o [play] mas as pessoas na sala de jantar, [stop] eu não suporto quando o Hermeto descobre os talheres e começa aquela sinfo [play] são ocupadas em nascer e morrer [stop] tira esse pé aí de cima da mesinha, não tá vendo que o copo vai virar? [play] mandei fazer de puro aço luminoso um punhal para matar o meu amor e matei [stop]. Eu estava desabafando com a Simone, ela sim tem uma vida de dar inveja. O que você tá fazendo aí, Andreas? Sabe, eu só queria te esperar chegar com uma porção de bifes enroladinhos sob aquele molho gorduroso e espesso, a toalha da mesa de plástico, um [ play] essas pessoas na sala de jantar [stop] daqueles de dissolver na jarra de plástico de abacaxi. Uma vida assim, kitsch, sabe? Não essa coisa de [ play] as folhas sabem procurar pelo sol [stop] de Báli, os tambores sagrados do Tibete, tenha santa [ play] e as raízes procurar, procurar [stop]. Esses teus papos cabeção com o Vlado também não levam a nada. Até o dia que a perua vier aqui e te encapuzar aí você vai ver só [ play] mas as pessoas da sala de jantar [stop] Me responde Andreas, não está vendo que eu estou tentando ser racional, eu sempre sou [play ] essas pessoas da sala de jantar são preocupadas em [stop] discutir essa relação antes que ela vá pro buraco de uma vez. Que merda... Será que você não ouve? Andreas, Andreas, desliga essa geringonça! [play] nascer e morrer [stop]




Andreas Pavel ainda não sabia que dali a mais ou menos 30 anos ganharia dezenas de milhões de dinheiros europeus como um quase reconhecimento por sua invenção motivada para sobreviver às "conversas" com sua patroa.


Ouça: Panis et Circenses (Mutantes)



Ms. Vanessa Jagger Ramone, radio on head \m/

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Hi, stranger


Casei. Apesar das previsões contrárias e das críticas que recebi sobre minha suposta inaptidão para planejamento estratégico (ver texto "Avulsa, no more", de domingo, e comentários), eu me casei! Confesso. Tive uma certa dificuldade. Mas, contrariando toda a oposição, isso não teve nada a ver com a falta de silicone ou com a necessidade de um bronzeamento artificial – as chamadas armas femininas.

Meus corriqueiros atrasos – episódios já bastante conhecidos – também não foram empecilho. Eu cheguei à igreja no horário. Um verdadeiro milagre. Mas fui pontual!... Quer dizer, se dá pra considerar como pontual um atraso de 15 minutos. Mas também, noiva que é noiva não chega no horário exato. Senão, corre o risco de ter que esperar uma das madrinhas que, de última hora, teve um probleminha com o zíper do vestido.

A minha dificuldade se resume a um outro traço da minha personalidade: incertezas constantes. Quem me conhece diz que eu sou extremamente indecisa. Muito embora eu ainda tenha dúvidas quanto a esta sentença, freqüentemente me pego em dilema, quando é preciso escolher.

Se para escolhas simples e aparentemente fáceis eu já me vejo em apuros, quem dirá então na hora de fazer escolhas mais sérias. Se bem que, pra mim, toda escolha é sempre coisa séria. Mesmo que seja um sábado à noite e eu esteja falando com o pessoal do disk pizza!

Além disto tudo, pra não contrariar Murphy e sua lei, na teoria tudo funciona. Agora, na prática... a história é sempre outra. Portanto, apesar de eu ter programado todos os detalhes, desde a produção do visual até um sistema para escolher o felizardo, meu planejamento teve um furo. Calma, calma! Ao contrário do que previam alguns, não foi pela baixa manifestação de candidatos, mas sim pelo excesso. Juntando o número de candidatos com minha dificuldade de fazer opções... Bom, acho que já dá pra imaginar o que aconteceu.

Precisei reunir todas as minhas amigas lá em casa. Preparamos um café (porque a missão era longa), pegamos algumas cadeiras e sentamos todas na sacada. Aí começou a novela. Lemos os perfis dos candidatos e selecionamos alguns. E, quando por fim, chegou a hora de escolher... Putz! Que vontade de sumir! Mas vamos lá. Vou encarar a questão de frente.

Primeira ficha: um tal de Conde Vronski. Um russo lindo. Filho de Leon de Tolstoi. 35 anos. Esteve, durante muito tempo, no serviço de inteligência de seu país. Pessoa extremamente disciplinada e organizada. Praticante de esportes eqüestres (corrida principalmente) e amante de aventura. Bom amante também de mulheres. Entre elas, recentemente teve um malfado relacionamento com uma nobre de Moscou, Sra. Karênina, que por sua vez era casada com o distinto senhor Alexie Alejandrovitch. Ih... triângulos amorosos não é comigo. Próximo!

Ok. Temos então, o espontâneo e irreverente, Amadeo Modigliani. Pintor italiano, um dos integrantes da principal escola de artes de Paris. Escultor nas horas vagas e boêmio de todas as horas. Possuidor de um senso de humor como poucos, desafiador das regras da sociedade e contrário a tudo que é politicamente correto. De família judia, teve uma infância difícil. Uma boa pessoa. Com ele, apenas temo ser freqüentemente trocada pelo bar ou por telas, tintas e pincéis... Próximo!

O candidato número três é um triste anônimo. A única referência sobre quem ele é, esta no Último Capítulo, encontrado no Histórias sem Data, de Machado de Assis. Depois de uma sucessão de lamentáveis fatos (ele jura, de pé junto, que o Caipora o perseguia), chegou até a pensar em se matar. Já tinha escrito o testamento e um bilhete, que justificasse sua última vontade. Me chamou a atenção comparação cromática que usou para definir as mulheres. Ele conta que, apesar de gostar de mulheres de personalidade marcante – fosse a alma negra de lady Macbeth, a vermelha de Cleópatra, a azul de Julieta ou a alva de Beatriz –, casou-se com Rufina, que era cinzenta e apagada como a multidão dos seres humanos. Triste demais pra mim... Próximo!

No campo dos intelectuais, encontrei Voltaire. Turbulento e malicioso. Dono de olhos vivos e perpicazes. Autor de versos galantes e poemas cômicos. É um espírito versátil, de uma cultura notável (invejável até poderia dizer). Polêmico e defensor da liberdade de imprensa. Poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo e historiador... Parece perfeito. Perfeito demais: pele clara, cabelos sedosos, dedos delicados. Ui! Ele é quase uma mulher, uma verdadeira lady! Assim não dá... Próximo!

Renoir! Pintor impressionista que teve os primeiros trabalhos ridicularizados pelas instituições artísticas parisienses e teve sua exposição recusada pelo Salão Oficial. Coitadinho... tão talentoso. Que desperdício. É melhor que ele se dedique aos quadros. Tenho certeza que farei um bem pra humanidade deixando que ele cuide da carreira.

- Tudo isso é muito cansativo. Vamos fazer uma pausa e pegar um refresco... um refresco para os olhos! Hora dos bonitões! – decidimos em consenso.

Dos internacionais: George Clooney, Hugh Grant, Richard Gere, Bem Affleck, Kenau Reeves, Josh Hartnett (Pearl Harbor), Matt Damon e Matt Leblanc (Friends), Rick Martin, Alejandro Sanz, Tom Welling (o super-boy), Ben Mckenzie (The OC). Dos brasileiríssimos: Gianecchini, Marcos Pasquim, Fábio Assunção, Paulo Vilhena e até o baixinho da Kaiser estava por aqui!

-Tsiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Ops! Nossa concentração toda foi interrompida. Era a campainha. Mesmo muito incomodada com a falta de respeito ao aviso “dont disturb”, implícito na porta, fui atender.

- Bom encontrar alguém em casa… tem sal?
- Hã?!
- É... sal! Você, por acaso, tem um pouco de sal para me arrumar? Estou morando sozinho aqui há pouco tempo e... não estou muito bem habituado aos itens que precisam vir do supermercado pras prateleiras de casa...

Fiquei boba. Perdi a até fala. Apenas pude dizer que sim com a cabeça. Ele me acompanhou até a dispensa e minhas amigas entenderam tudo! Enquanto elas davam um jeito naqueles perfis todos, eu, na cozinha, já estava providenciando um temperinho completo!


By Aliane Kanso

quinta-feira, 21 de junho de 2007


CAMILLE CLAUDEL DO SÉCULO XXI

Paris, 1885: a jovem escultora Camille Claudel de apenas 21 anos, entra em conflito com sua família burguesa ao tornar-se aprendiz e, logo depois, assistente do famoso escultor Auguste Rodin.
Quando se torna amante de seu mestre - que tinha o dobro de sua idade -, vira motivo de intriga junto à sociedade parisiense. Depois de quase 15 anos de um relacionamento conturbado, Camille rompe o romance com Rodin e aí começa a mergulhar na solidão, no álcool e na loucura.
Auguste Rodin tinha uma personalidade machista e questionável. Ao perceber o talento de sua pupila, sente-se ameaçado e passa a adotar uma postura que prejudica a espontaneidade do trabalho de Camille Claudel. Torna-se perfeccionista, exigente e crítico, a ponto de adiar uma exposição de sua aluna, com medo de ser superado por ela.
Apesar de seu talento e de sua fama, Rodin não colocava literalmente a mão na massa, pois tinha inúmeros assistentes, os quais obrigava a trabalhar duro para que ele depois, só desse o toque final. Camille trabalhou vários anos a serviço de seu mestre, mantendo-se à custa de sua própria criação.
A escultora resolve romper em definitivo com Rodin em 1898, quando percebe que ele não vai se separar de Rose Beuret com quem é casado (apesar de negar) e quando se vê usada emocional e profissionalmente pelo homem que ela tanto amava.
Depois disso, continua sua busca artística, mas em grande solidão, ferida e desorientada. Seu amigo Eugéne Blot, organiza duas grandes exposições, esperando reconhecimento e assim, um benefício sentimental e financeiro para Camille, mas ela já está doente demais para se reconfortar com os elogios.
A partir de 1905, seu estado de saúde piora; ela já não se alimenta mais. Seu pai, que era também seu porto-seguro, falece no dia 3 de março de 1913 e no dia 10, ela é internada como louca, na Casa de Saúde de Ville Evrard. Por causa da Primeira Guerra Mundial, é transferida em 19 de setembro de 1914 para o asilo de Montdevergues, onde passa os próximos 30 anos (praticamente sem ver a família), até falecer em 1943, aos 79 anos.
Este é um breve histórico da maior escultora da segunda metade do século XIX e primeira do século XX. Não teria como me colocar no lugar de Camille Claudel nos dias de hoje, se fosse possível, sem escrever o mínimo sobre sua vida.
A Camille Claudel contemporânea e amante de Rodin, tem uma postura diferente, não no seu fazer artístico – que é inquestionável-, mas na relação de amante e aluna do mestre. Hoje ela não mais se submete às pressões de um homem vaidoso, arrogante e que tolhe a mulher em suas potencialidades, por medo de ser suplantado por ela. (Não se pode negar o mérito e o talento de Auguste Rodin, mas para ele era insuportável uma concorrência tão próxima).
A minha Camille de hoje não obedece a padrões vigentes em detrimento de sua arte, ou de qualquer outro valor que possua. Ela não se deixa intimidar pelo poder de um “homem-vampiro” (como foi Rodin), que suga toda a sua força a ponto de fazer com que esta mulher que aposta tudo nele, perca tudo com ele.
A Camille Claudel do século XXI não é a mesma da maior escultora da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX, porque a partir do momento em que ela conquista seu espaço, ela segue seu caminho sem olhar para trás.
Ela se entrega furiosamente ao que acredita, e não se deixa ser vitimada pela sociedade e pelo sexo masculino, como se deixou ser a verdadeira Camille Claudel.
A Camille de antigamente tinha personalidade forte, era intransigente, impulsiva, passional, desconfiada, determinada, apaixonada e acima de tudo talentosa, “o gênio assusta sua época. A sua arte tornou-se tão grande que não se pode compreendê-la”, como disse seu amigo Eugéne Blot, no filme Camille Claudel de Bruno Nuytten.
Talvez se não tivesse sido vitimada pela sociedade (muito mais que pela loucura) e invejada pelo homem que mais poderia ter lutado pelo seu sucesso, Camille Claudel hoje, teria sua arte reconhecida, como sempre deveria ter tido.
Mas séculos viram, anos passam, mulher é sempre mulher e ainda existe uma ou outra Camille de antigamente, que tem no homem o seu ponto sensível, nevrálgico até.
Mulher esta, “que tem apenas o tempo sobre os ossos, a moça que perdeu a juventude, a Santíssima Trindade, a trindade do vazio”, como disse Isabelle Adjani, na pele de Camille Claudel, a verdadeira, no filme de Bruno Nuytten.


By Camila Age

quarta-feira, 20 de junho de 2007

O Harém de Falônicos do Sul


Fiquei uma noite sem dormir mudando de marido. Pensava: posso ser casada com Fulano por causa disso e daquilo; mas, também posso ser casada com Sicrano, por outros tantos motivos. Ah, tem também o Beltrano que tem tudo a ver comigo. Enfim, há muitos homens que eu admiro e cada um por uma razão diferente. Quase enlouqueci, afinal não é todo dia que você tem a oportunidade de casar com quem você quiser e em todos os tempos da história da humanidade.

Então, diante de toda essa crise e na tentativa de facilitar as coisas, virei uma árabe feminista (ao cubo). Intitulei-me sultana de um micro país chamado Falônicos do Sul. Lá construí meu palácio e comecei a pedir currículos, pela Internet mesmo, para constituir meu harém. Recebi milhares deles, vindos de homens dos mais variados estilos e de todas as épocas. O processo de seleção foi moroso, cansativo, mas, já consegui selecionar alguns. Façamos então uma espécie de catalogação das minhas modestas aquisições (que fique claro que os nomes não se encontram em ordem qualitativa, mas sim, aleatória).

“Odalisco” n. 1: o americano James Dean, sim, porque é impossível resistir àqueles olhos claros, aquela cara linda e safada e todo aquele jeitinho de garoto rebelde e angustiado com a juventude. Com ele eu me exibo vez ou outra em um carro veloz (mas não muito, né James), ou, o coloco sentadinho em algum canto, só para admirá-lo.

“Odalisco” Segundo: outro americano. Fred Astaire. Ele me leva aos bailes, às pistas de dança ou simplesmente dança comigo em uma das tantas salas do meu palácio, quando eu tenho vontade e assim desejo.

John Coltrane e Carlos Gardel. Sim, porque eu preciso de boa música para aquietar a alma e para dançar com Fred Astaire. Já imaginou? Misturar os solos de sax de John com a voz de Gardel? Só aqui em Falônicos do Sul isso é possível.

O sueco Ingmar Bergman escreve roteiros e dirige seus filmes repletos de erotismo, só pra mim. Mas isso só depois que eu aprovo o roteiro.

Para os momentos de leitura já estou com um bom escalão: Jorge Luís Borges já se instalou por aqui com suas histórias fantásticas; Ernest Hemingway também lê ao pé do meu ouvido sua literatura jornalística; Aldous Huxley me instigando a criatividade; Pablo Neruda e Mario Quintana além de lerem suas poesias, que tanto me agradam, também me fazem alguns versos; Edgar Alan Poe me surpreende sempre com algum conto e, por último, Jack Kerouac e a contra-cultura americana. Algumas vezes vamos até o Big Sur e passeamos de pés descalços pelas encostas do Pacífico.

Alfred Kinsey, ah, ele não poderia faltar. Sexólogo responsável pela maior pesquisa sobre comportamento sexual de homens e mulheres. Reza a lenda que ele inclusive praticava sexo com os(as) voluntários(as) que participavam das suas pesquisas. Sim, morram de inveja, todo esse conhecimento só pra mim.

Já tenho também alguns artistas, dos mais diversos estilos, que estão decorando salas do palácio e “fazendo arte” pra mim: Roy Lichtenstein com sua pop-arte; Gustav Klimt responsável por alguns mosaicos e murais do meu palácio; Monet com seu impressionismo; não poderiam faltar o Guido Crepax com seus quadrinhos eróticos e o fotógrafo Robert Capa, que além de talentoso é lindo.

Ernesto Guevara escolhido porque é lindo e amo os revolucionários, eles me dão tesão.

Para as noites que preciso de mais conhecimento, filosofo com Michel Foucault, Jean-Paul Sartre (a Simone que me desculpe) e Friedrich Nietzsche (eu estou conseguindo fazer ele perder o ódio que sente pelas mulheres rapidinho, quer dizer, não sei. Talvez a raiva esteja aumentando).

Pra terminar essa primeira convocação: Virgulino Ferreiro da Silva, vulgo Lampião, para as vinganças mais sangrentas, se necessárias. Vai que alguém inventa de roubar meus odaliscos... Ah, aproveito para deixar claro que não admitirei furtos em minha propriedade, nem paparazzi, e que os meus castigos deixarão até Lampião sem graça.

Enquanto isso, em algum canto do palácio...

— Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso. (...) Neruda lia esse poema muito calmamente, quando tudo começou.

—Neruda pára com essa melação e venha me ajudar. Alguém roubou a porra da minha caixa de charutos. No mínimo foi aquele argentino filho da puta metido a revolucionário. - Falou Robert Capa, indiguinadíssimo.

— Ei, mais respeito aqui dentro. Quem manda nessa pindaíba aqui, ainda sou eu. - Grito eu ainda mais alto.

— Minha flor do cerrado, se tu quizé eu arranco os bago desses baitola aqui e como com sal - disse Lampião.

— Não carece ainda Lampião. Não se avexe tanto.

— Fui eu mesmo. Grita Ernesto, e digo mais, endurecer sim, mas, perder a ternura jamais. Se alguém aqui quer brigar, brigaremos senhores.

— Aquilo que eu sempre disse, vai ter-te com uma mulher, levas um chicote. A culpada é ela. - Gritou Nietzsche apontando duramente para mim - Aonde já se viu, nos reunir aqui, homens tão diferentes. Isso é um abuso. Essa louca trouxe pra cá os homens mais célebres de todos os tempos, por pura vaidade. Alguém aqui está contente? Em dividi-la? Eu já estou quase comprando a minha passagem de volta.

— É verdade. Além da superlotação é impossível viver aqui, com essas diferenças de estilos e ideologias. Acho que devemos fazer uma assembéia, e você, Sultona, deverá escolher apenas um de nós - ataca Huxley.

— Ah, mas como? Não poderia optar só por um. Cada um de vocês tem os predicados que considero importante. Não poderia achar tudo isso em um homem só. Sejam bonzinhos. Não façam isso comigo. Se for pra escolher um só, prefiro ficar sem nenhum. - Falei isso achando que mobilizaria os meus meninos...que nada...

—Ei, esperem, onde vocês estão indo? Não, não, fiquem. Gente, calmaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, vamos conversar melhor sobre isso. As coisas não podem ser assim, ei, tou falando com vocêssssssssssss ...


Mônica Wojciechowski

terça-feira, 19 de junho de 2007

Ele parece mel... balanceado com amêndoas...


Ele cruzou meu caminho assim, de maneira inesperada. Pedi ao barman algo que me esquentasse, me fizesse suspirar. Ele me apresentou alguém. A princípio, fui arredia a seu jeito excessivamente vigoroso e inquietante. Mas logo, minha visão foi mudando. E percebei que as cosias se transformam quando estou com ele: vejo tudo belo, todos são lindos, ouço sininhos, sinto toda a extensão da minha pele, perco a minha paz...
De repente, eu me vi apaixonada por ele. Intitulava-se Juanito Camiñante, (ou pelo menos assim uma amiga minha o chamava) um amante latino, só que cosmopolita: Nova York, Dublin e negócios no leste europeu, dizia ele com mistério, insinuando que rivalizava com uma russa sedutora (me fazia ciúmes o maldito).
Notei que chamava a atenção de todos nas festas, homens e mulheres. Possuía charme e fluidez. Em sua companhia, as pessoas se sentiam à vontade, irresistíveis, bonitas, inteligentes. Eu pensava: como alguém pode fazer isso? Ele encorajava. E entrava na vida de estranhos sem parecer inconveniente.
Seu jeito caliente, seu estilo atiçado, seu gingar atraente, encorpado... com isso tudo eu não via a hora de tê-lo na minha cama, ou melhor, na minha vida. Nunca me senti verdadeiramente à vontade numa pista de dança, mas ele se insinuava e me conduzia. A música atiçava ainda mais os sentidos. E aí o vi em minhas mãos, eu podia fazer o que quisesse... Ele flutuava pelas bordas da pista, transbordante de excitação, e então se chegava até mim de uma forma tão envolvente que não havia como escapar de seus encantos.
E me deixava cada vez mais apaixonada quando exalava paixão em seu hálito febril, na superfície amorenada de seu corpo esguio. Até o final da noite, eu já me entregava a ele de corpo e alma. Mais corpo do que alma, claro! Naquela mesma noite voltei ao apartamento com uma aliança no dedo, ou melhor, um anel que compramos na loja de souvenir do hotel. Na parte interna, a inscrição dizia “Keep walking around our love”.

Y la noche fue muy caliente....
Ser sua era ser única, eu me sentia amada, desejada. Era excepcionalmente suave e delicado e ao mesmo tempo vibrante e excitante. E ele não pedia nada em troca. Eu me entregava a seus delírios.
Depois daquela noite, ele mostrou quem era verdadeiramente. Aparecia para mim cada dia mais lindo, cada dia mais intrigante, eu tinha sede de desvendá-lo, e foi assim que cada dia era mais e mais excitante.
Quando ele aparecia de vermelho, as coisas aconteciam de um jeito mais casual. Era seu jeito pop de ser, descompromissado, acessível.
Se queria ser elegante, vestia-se de preto. Ficava luxuoso, sofisticado. Meus olhos despiam aquele smoking em doses homeopáticas, rasgando toda aquela sobriedade com a lâmina da imaginação. Mas o preto também é intrigante. Tem um toque de mistério, de algo esperando para ser revelado. O azul o deixava com um ar mais tradicional, conservador, autêntico, mas por outro lado, irresistível.
Cada dia era único, uma intensa experiência. Inesquecível!
Fomos aprendendo um com o outro. Eu mostrei a ele suas várias facetas e ele por outro lado me mostrou quem eu era. Foi um aprendizado mútuo. Percebemos cada um, nossas várias personalidades, nossas mil cores e várias formas. E vimos que tudo era grande demais... maior do que eu e ele. Esse amor não poderia ser somente meu. Depois que me satisfiz, aproveitei cada cor, cada momento, cada faceta, vi que não poderia guardá-lo só para mim. Esse amor era maior que nós, tínhamos que dividi-lo com o mundo. Queria que todos sentissem o que senti e vivessem o que vivi. Meu querido transformou-se, ficou célebre, cruzou fronteiras. Hoje é internacional. Para todos os lados que olho, no bar, numa festa, na televisão, na revista, eu o vejo, ele está lá, cruzando o caminho de outras pessoas. Em seu azul tradicional, ou no estiloso smoking, ou ainda no vermelho ardente.
Ah, que saudades... Momentos intensos, inesquecíveis, mas eu sabia que tinha que ser assim, ele precisava ganhar o mundo. Sua audácia, seu refinamento, seu poder inquestionável, sua personalidade única, seu gosto picante, seu prazer indefinível deveriam ser mostrados a todos. E hoje ele é parte desse mundo... O meu Juanito Camiñante, quero dizer, o seu Johnny Walker.
Dilka Maria J. W.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Gênesis


No princípio criou Deus os céus e a terra. Disse Deus. Aja luz. E houve Luz”.

— Amore, peraí, agora está tudo muito claro. Assim não dá. Não vai ter óculos escuro que agüente essa claridade o tempo todo. Ainda mais eu, com esses meus olhos claros. Além disso, essa terra aí está muito monocromática. Vamos colocar cor nesse lugar, senão ninguém agüenta. Imagina?! Tudo marronzinho... Marrom não é cor. Ao menos não devia ser cor.

“ E Deus separou a luz da escuridão. E Deus chamou à luz Dia; e à escuridão Noite. E Deus disse: produza a terra erva verde que dê semente, árvores frutíferas. E assim foi”.

— Ah, ainda bem que você pensou em algo bonito. Gostei dessa idéia de árvores frutíferas. Achei que eu teria que pensar em tudo...


“E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca. E assim foi”.

- Ótimo querido! Podemos chamar a porção seca de Terra e sempre que fizer escova ficarei em cima da terra para não ter problema de molhar ou arrepiar, pois sabe que perco uma eternidade para deixá-los bem lisos assim. Sabe amor, acho que estou um pouco inchada, um pouco acima do peso, vou parar de comer massa, mas substituir pelo quê?

“E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi”.

- Amor da minha vida! Isso é muito bom, vou jantar frutinhas por sete dias e você vai ver, vou ficar com minha barriguinha chapadinha! Sabe o que seria perfeito? Você poderia criar uma grande bola de fogo, que ficaria lá no alto, e ela teria o poder de queimar minha pele que ficaria douradinha, eu iria amar. O que você acha? Imagina, eu com minha barriguinha saradinha e bronzeada, hein?

“E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas”.

- Amadooooo! Adorei. Que presente lindo. Como é o nome dela? Lua? Nossa, é perfeita. Agora podemos namorar à luz do luar! Aí como você é romântico. O que mais você vai inventar? Estou tão curiosa querido, quase não me agüento, posso ajudar um pouco? Eu queria fazer alguma coisa. Não ficar só dando idéias.

“E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus”.

- Porque esses répteis e urubus? Para que servem? Eles são feios. Não gostei não. Mas eu gostei desses passarinhos coloridos, aqueles ali maiores também gostei. Aquele peixe grandão podíamos chamar de baleia, o que acha?

“E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie”. E assim foi.

- Ah! Que coisa mais fofa. Essas orelhinhas são lindas. Ele é tão peludinho. Que pelo branquinho! Adorei esse outro também, engraçado ele rugir. Esses aqui são os melhores, olhes esses olhinhos e esse jeito de abanar o rabo, adorei, ele late! Ai meu amor, adorei, mas acho que se só existirem eles, o mundo seria muito perfeito. Não acha? Já que eu ainda não criei nada, agora é minha vez. Deixa amor???? Ah deixa, vai? Eba! Então lá vai.

E a esposa de Deus disse: “façamos ao homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se mova na terra”.

- Ah, agora sim. Gostei. Mas não acha que ele precisa de um lugar pra morar?

“E plantou o Senhor Deus um jardim no Édem, da banda do Oriente: e pôs ali o homem que sua esposa tinha formado, só pensando o que aquilo ia dar”.

- Sabe, eu acho que você tem que criar uma companheira para Adão. Alguém tipo eu. Como ele vai conseguir viver aqui, sozinho. Vai ser muito triste e chato, afinal, há tantas coisas boas nesse jardim do Édem, até eu ficaria por aqui se não tivéssemos tanta coisa para fazer no céu. O que você acha de pegar uma costela do adão e criar a sua companheira? Esta nova versão sairá muito melhor que a primeira, não acha?

“E então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu: e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher: e trouxe-a para Adão”.

- Agora sim. Perfeito. Dois serem complexos, com personalidade, lugar pra morar, e um jardim assim tão lindo. Aí, Deus, mas não sei não. Acho que isso não vai dar muito certo... Eles vão acabar se entediando e arrumando coisa pra fazer. É, coisas que não são permitidas, sabe? Não é? Então espera. Depois não diga que eu não avisei.

By Carlota Joaquina


domingo, 17 de junho de 2007

O Sumiço Da Angulosa


Roupas sexys, ursos de pelúcia, motéis, jantar à luz de velas, lingeries, chocolate, massagem, o escambal de quatro. Mas parece que todo mundo se esqueceu dela. A ponta mais aguda do triângulo escaleno amoroso que é qualquer relação afetiva casual. Ou mesmo definitiva. Até poderia passar despercebida, afinal já se foi o tempo em que investiam milhões em comerciais e jingles pegajosos para fazer homens e mulheres se darem conta de que ela é quem encabeça a relação. A camisinha sempre foi a parceira mais lembrada dos tempos de carnaval e de dia dos namorados. Mas não desta vez. A impressão é de que a AIDS e a gravidez indesejada são coisas do passado. E a TV reforça ainda mais esta sensação. A novela das sete, que (felizmente) chegou aos últimos capítulos na semana passada, deixou na lembrança a trajetória de um protagonista celebrizado por ter uma renca de filhos. Filhos a perder a conta, assumidos e não assumidos. Filhos por toda parte, conforme especulavam os coadjuvantes que cercavam seu dorso descamisado no folhetim. Um personagem que trata de forma tão irresponsável suas relações sexuais não é um herói, é um idiota. Só que um idiota admirado. E imitado por milhões. Afinal, é um modelo (no sentido literal e no figurado). De coadjuvante fica a camisinha. Mesmo com a ascendência constante de casos de DST entre adolescentes. Com a Globo jogando contra, torna-se realmente essencial dar um brado retumbante pela recuperação de moral da camisinha.
É preciso colocá-la de volta ao posto do qual nunca deveria ter saído: as carteiras, bolsos e bolsas de todo cidadão e cidadã minimamente prudentes. Lembrando que estamos em um blog feminino por essência, aqui vão três dicas de como se comportar, garotas, para fazer com que este item tão indispensável seja de fato usado na hora H e no ponto G.
1º) Nunca intime com frases do tipo “mas tem que ser de camisinha, hein”. Se o cara já faz uso recorrente dela, achará que você é uma histérica e que está desconfiando que ele é um imbecil. Se não faz uso, vai te dispensar ou dizer que “tudo bem” só para depois tentar te passar a lábia e mudar seus planos mediante umas taças de vinho a mais. A propaganda ensina que a melhor forma de convencer não é coagir e sim persuadir. Portanto, nada de carranca, trate o uso do preservativo como algo que vai acontecer de forma totalmente natural. Se nas preliminares o sujeito não sacar o seu, tome a iniciativa: arme-se e tire-o da bolsa ao perceber que o cara está marcando touca.
2º) Usar camisinha pode, sim, ser divertido. E você pode persuadir seu amado ou ficante usando truques irresistíveis. Tenho uma ex-namorada que, na nossa primeira vez, tirou do bolso uma camisinha que trouxe da Holanda, me entregando como um presente. O cara teria de ser um Neanderthal para não usar com satisfação e agradecimento. Você não precisa ir até a Holanda, mas pode escolher as aromáticas e exóticas das sex shops da vida.
3º) Colabore, porque na hora de botar a camisinha rola uma certa tensão para nós, homens. Convenhamos, é uma sessão: pegar o envelope na gaveta do criado mudo (aquela que quase sempre enrosca), rasgá-lo com os dentes, tirar da embalagem, apertar a ponta (lisa e escorregadia), tirar o ar, girar, pressionar sobre a glande, desenrolar... uf! Nesse ínterim, pode pintar um certo... desânimo. Portanto, não fique parada como que assistindo a um espetáculo de Se Vira Nos 30 (embora não deixe de ser). Beije, mexa, excite, vire-se (opa!). Não deixe o clima murchar. Se achar estimulante, ajude a vestir. Tem quem saiba colocar o preservativo com a boca, mas daí já é pós-graduação...
Pronto. Vestido a rigor, ele está plenamente aparamentado para entrar em ação. Se você quer transar sem camisinha, o risco é todo seu. E dele. Não é porque o cara exige o uso que ele está achando que você é uma vadia, como também não adianta você argumentar que é “limpinha”: o HIV pode contaminar dos modos mais insuspeitos. Eu pratico artes marciais e é muito comum ocorrer sangramentos durante os kumites (combates) – por mais difícil que seja ocorrer um contágio no tatame, ele é possível. Enfim, transar de camisinha é um ato de respeito, um código de conduta.
Para complementar, aqui vai um Top Five dos tipos de preservativos mais interessantes vendidos nas farmácias, sem mencionar marcas. Faça um test-drive.
* Ultra Resistentes: são para os casais mais paranóicos (ou prudentes). Para quem acha que transar de preservativo é comer bala com a casca, seu uso é uma lástima: parecerá comer uma banana com a casca. É um tanto mais grossa, o que exige maiores cuidados com lubrificação. Mas é resistência a toda prova. Agora, atenção: se um cara te disser que já estourou uma, fuja!
* Aromatizadas: as de morango são as mais agradáveis, embora para muitas possam parecer um pouco enjoativas. As de uva lembram mais é sachê de carro. E as de banana... só se você tiver fantasia de transar com o feirante. Tem até de chocolate! Importante saber diferenciar das flavorizadas (próximo item), porque as aromatizadas não têm sabor de fruta, só cheiro. Portanto, lamba mas não morda.
* Flavorizadas: você encontra em sex shops. Mas não pense em fazer combinações gastronômicas, achando que cairão bem com calcinha comestível. As de menta fazem qualquer homem se sentir um demônio, porque a garota logo sente o geladinho e começa a gritar: “Sai de mim! Sai de mim!”. Sempre é bom lembrar que elas têm sabor mas não são comestíveis. Portanto, morda mas não mastigue (ai!).
* Texturizadas: há modelos que realmente proporcionam maior prazer à mulher. E nem é preciso ir em sex shop, pois as farmácias mesmo têm marcas bastante confiáveis neste quesito. Só que, como a anatomia e sensibilidade feminina são bastante variáveis de mulher para mulher, elas não são certeza de satisfação garantida ou seu orgasmo de volta.
* Com retardante: pode até ser efeito placebo, mas a impressão que dá é que, realmente, elas têm o poder de estender o tempo regulamentar. Mas o cara que quer fazer dela o segredo do seu sucesso está entrando em roubada: nem sempre se terá à mão a dita cuja ou haverá uma farmácia que possua este modelo. Daí, será o Popeye sem o espinafre, e qualquer mulher preferirá o Brutus.
Tem também outras mais exóticas, como a que tem lubrificante abrasivo (que esquenta). Calma, garotas, nada a ver com a gosma corrosiva do Alien. Até nos supermercados da vida a gente encontra coisinhas diferentes, como a camisinha com aroma de maracujá, o que é muito coerente, porque em inglês a fruta leva o sugestivo nome de passion fruit.
E, claro, sempre é recomendável ter o bom e velho KY por perto. É melhor do que imitar o Marlon Brando em O Último Tango Em Paris. Manteiga foi feita para passar no pão. Se bem que Nutella...
Bom, para fechar o papo sobre a liberdade criativa irresponsável dos dramaturgos globais, vale lembrar que amanhã começa nova novela. E daí, você já sabe: amores às pencas e confusões do tipo “quem é a mãe do meu filho?”, “quem é meu filho?”, “quem é meu pai?”, “quem engravidou minha mulher?”, “quem é esse cara em cima de mim?”. À revelia do padrão global de “qualidade”, aqui vai uma sugestão para fazer um rapa-estoque de camisinhas em todo o país: no último capítulo, o mocinho e a mocinha se deparam com um exame que não indica gravidez, mas sim que são soropositivos. Garanto que serão vendidos muito mais preservativos do que CDs com a trilha sonora dos pombinhos.

Meninas de Carne
Você é ou conhece a garota da foto? Então, manifeste-se.
Se não conhece a figura, tente identificá-la no meu Orkut:
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=13286287392859360604.
A primeira pessoa que responder corretamente seu nome e sobrenome nos comentários, deixando ali algum canal para contato, ganhará um DVD do filme “Dermografia”, que tem minha concepção, roteirização e assistência de direção (estréia em breve no cinema).

Texto e foto: Mario Lopes

Avulsa, no more


Decidi. Depois de uma semana de desfiles de flores pra lá, ursões pra cá, cestas de café-da-manhã daqui e carros de som acolá (isto tudo aliado ao tema da semana do blog: o dia dos namorados), realmente decidi. A partir deste exato minuto, tenho como meta iniciar um namoro. Não passo o próximo dia dos namorados avulsa nessa vida. E não estou brincando. Farei a análise da situação, planejamento estratégico, porei em prática todas as idéias e depois, o melhor, parto para a escolha do meu par. Vamos tratar o assunto de forma prática. Ok?!

Primeiro passo: Análise da situação.
É... o mercado não está nada fácil. Segundo uma matéria da revista Veja, depois dos 25 anos existem mais mulheres do que homens solteiros. Depois dos 30 então, piorou. Mas, segundo a revista ainda há esperança. A estatística diz que mulheres acima de 60 anos também se casam. Uma a cada 100. Mas se casam. A verdade é que a Veja publicou algo que não é novidade pra ninguém. É só dar uma voltinha pelos bares, shoppings, mercados, lojas e trânsito que facilmente se comprova os dados. Pior: A matéria não incluiu relacionamentos homossexuais. Sem preconceitos. O problema é que para cada gay, se conta dois homens a menos. E, na maioria das vezes, homens louros, lindos, cheirosos e sarados...

Uma vez eu ouvi dizer que Deus criou para cada sapinho uma sapinha. Com seres humanos não deve ser diferente. Porém, diante desta análise nada favorável, o próximo passo terá que ser muito bem arquitetado. Então, vamos agora pensar no planejamento estratégico!

Bom... como sou jornalista, e não administradora, não entendo muito de planejamentos (vai ver que é este o problema). Mas vou tentar. Acho que é preciso: 1) conhecer novas pessoas; 2) freqüentar novos lugares; 3) fazer uma escova progressiva (descabelada acho que não vou muito longe); 4) tomar um estabilizador de humor (com altos e baixos, acho difícil manter relacionamento por mais de três encontros); 5) complementando o item anterior, e fundamental para conseguir a medicação, é preciso consultar um psiquiatra; 6) fazer uns exercícios de alongamento diariamente também ajudará bastante, talvez eu ainda tenha chance de ter alguns centímetros acrescidos nos meus atuais 1,58m e meio; 7) por último, mas não menos importante, seguindo o conselho do filme O Segredo, pensar que tudo isso trará resultado.

Bom... se tudo der certo, a próxima fase será bem mais divertida: A escolha dos candidatos. Muita cautela neste momento, mas vamos lá.

Vou pedir para que os pretendentes me enviem um breve currículo. Alguns itens são importantíssimos: 1) Histórico dos relacionamentos anteriores. Este item deverá conter informações sobre o motivo da separação e como foi a convivência no período. Também seria conveniente que o candidato apontasse quais foram os aspectos que considerou falhos em cada uma das relações (as falhas dele, of course!); 2) Objetivos/ pretensões; 3) informações profissionais; 4)Características pessoais (comportamentais e físicas), anexadas de uma foto (e nada de montagens!).
Vamos ignorar aquele velho conceito de que quem pensa, não casa. Não abro mão das minhas faculdades intelectuais. Pelo contrário, pretendo usá-las na escolha.

Podemos até combinar assim: nos unimos todas, as sete paper girl’s (leitoras do blog também podem participar da seleção), e fazemos uma avaliação dos candidatos. Neste momento, podemos até incluir um desfile com todos, uma competição de quem faz o melhor jantar, quem tem a melhor idéia para um encontro romântico, quem tem as melhores técnicas de massagem, etc, etc, etc... Assim, com vários candidatos, podemos até fazer outras combinações e arranjar outras girls também...

Com os relacionamentos indo de vento em popa, podemos, quem sabe, partir para algo mais abrangente, como uma agência de encontros. Depois da agência, podemos pensar em propostas mais ousadas ainda: a cura definitiva para TPM, depilação sem dor, métodos para que ele lembre do aniversário dela sempre (!), soluções para cabelos rebeldes, como comer e não engordar – ou comer e engordar, dependendo do caso.

É, estou gostando da idéia. As moças (e os moços também) que quiserem aderir ao plano, sintam-se à vontade.

Agora, como ainda temos um ano inteiro pela frente, e, devo admitir, a vida de solteira também não é nada ruim (que o diga os que acompanharam meus últimos finais de semana e o show do Nando (lindooooo!) – não é Caren, Marjo, Denise, Sá, Maikol, Rafa, Tati, Ju, Daia, Hudson, Rodrigo, Vivi, Marcelo e Vero!?... hehehehe), vou curtindo todos os privilégios desta vida avulsa. Afinal, estes podem ser meus últimos momentos de liberdade... ai, ai, ai!

By Aliane Kanso