sábado, 25 de agosto de 2007

odisséia matildística


Acordei sem inspiração. Não menos que matilda, meu baleado Pentium III. Resolveu queimar o MODEM, apenas.


Acaso? Quis o destino que assim, por acaso, almoçasse às 16h33, enquanto esperava o senhor Augusto Marco Antonio resolver de maneira colossal o problema de matilda. Trocou-lhe a peça queimada, e se foi como quem não quer esperar os bifes fica em prontos.


— Até logo, seu Marco.

— Até...



(deixo para diminuir minha culpa por estar vazia de palavras uma tirinha do Macanudo. Leia e comprove a verdade universal sobre nossa capacidade ímpar de entender, mesmo sem saber espanhol, os argentinos...)
Vanessa, com vergonha, manda Good Vibrations, dos Beach Boys...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Contos e Encontros





Ivete: Boa aparência. Super carismática. Bom papo. Uma baianinha arretada. Tinha tudo para ser uma promissora vendedora de uma loja chiquérrima. Não deu certo. Em pouco tempo de trabalho foi demitida. Seu gerente disse que ela não era paga para ficar cantarolando no horário do expediente, que devia se conter. Sem emprego, e pensando em aproveitar o tempo livre, foi fazer aulas de aeróbica na praia. Emagreceu. Conheceu pessoas. No carnaval, comandou um trioelétrico em Salvador. Montou uma banda. Depois, saiu da banda. Fez carreira solo. Tem fãs-clube por todo o país. Hoje, quando faz shows, milhares de pessoas cantam “Ivetinha, você é nossa rainha”. E a loja? Só a passeio, penso eu.



Gisele: Loira. Bonita. Jovem. Um pouco desajeitada no andar, culpa de um crescimento muito acelerado. Não estava habituada àquela altura toda. Gaúcha, foi a São Paulo nas férias. Queria comprar um cachorro. Primeiro queria um grande. Mudou de idéia, podia ser pequeno. Depois, foi passear no shopping. Ver umas lojas. Andar à toa. Bater pernas. Desfilando pelos corredores, chamou a atenção. Foi parar uma agência de modelos. Assinou contrato. Ganhou outras passarelas. Hoje é conhecida pelo mundo. Precisa dizer mais?



Daiane: Menina peralta, risonha e feliz. Gostava de passar suas tardes brincando no parquinho de uma praça perto da sua casa. Muitas pessoas a criticavam. Afinal, com quase 12 anos, ela devia se dedicar aos estudos para ser alguém na vida. O que Daiane pensava? Nem ligava, apenas se divertia. Numas destas tardes, Cleusa, técnica da Seleção Brasileira de Ginástica Olímpica, em mil-novecentos-e-alguma-coisa, ao acaso, passou pela tal pracinha da cidade. Daiane estava lá, fazendo a maior estripulia. Saltava e pulava como se tivesse molas nos pés. Daiane não sabia, mas Cleusa procurava alguém para sua equipe. Coincidência? Talvez. Mas o fato é que esta casualidade já rendeu ao Brasil algumas medalhas pelo desempenho da pequena Daiane.



Pois é. O meu destino, quero crer, sou eu que faço. Agora, pra saber onde é o lugar, qual é a hora certa e quem são as pessoas certas, haja intuição. Então, convenhamos, às vezes, uma ajudinha do acaso não é de todo ruim. Não acham?





Aliane Kanso

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Filhinha querida


Fpolis Natal 86.



O que eu quero te dizer neste Natal, é que eu desejo que o teu Papai Noel seja bondoso, educado, gentil, honesto, inteligente, carinhoso, lúcido, ambicioso, orgulhoso, moderno, modesto, bom ouvinte, objetivo, justo, alegre, brincalhão, responsável, ponderado, versátil, empreendedor, moderado, generoso, e, principalmente, muito amoroso.
E que ele te dê de presente, tudo isso, dentro de uma caixa bem bonita, que você deve guardar só com você, na tua mente e no teu coração.
E que então, no ano que vem e em todos os outros anos da tua vida, um anjo da guarda chamado Razão e uma fada madrinha chamada Sensibilidade, te ajudem sempre, a desembrulhar a caixinha e usar de modo correto cada um desses sentimentos, sempre na hora certa, na hora em que você, ou alguém perto de você estiver precisando deles.
E você, meu amor, será uma menina feliz, uma moça feliz, uma mulher muito feliz.
Te amo muito, muito, muito.
Feliz Natal. Feliz Ano Novo. Teu pai.

PS: o tempo vai passar meu anjo, e nós temos muita coisa pra curtirmos juntos ainda. Te prometo. Lembre disso sempre: Te amo muito gatona! Conte comigo! Não passo 1 hora na vida, sem pensar em você!! Beijões. J.R.A.

João Ronaldo Age, meu pai (*26 - 01 - 1952 + 11 - 04 - 1992).

Camila Age

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Consciência

quid aeternis minorem
consillis animum fatigas?
cur non sub alta platano vel hac
pinu jacentes —

Horácio, Odes 2. II, 11-14.

O meu destino sou eu quem faço.
Nada de sorte. De sina.
Destino? Direção. Rumo. Nada além.
O porvir é o acaso. Que não é por acaso.
É fruto da escolha. Opção. Decisão.
Que gera caminho. Que leva além.
O essencial? Seguir o coração. Todo o tempo.
Mônica Wojciechowski
Foto: Martine Franck

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Nós sabemos tão pouco...


Segunda-feira de manhã meu carro estragou, e foi parar no mecânico. Fui correndo pegar o ônibus, pois táxi nem pensar! Ainda bem que pego no terminal, assim posso ir sentada, lendo um livro, dessa forma, a “viagem” passa mais rápido. No ponto seguinte, senta ao meu lado, um senhor com seus 70 anos, e começa a falar. Não percebeu que eu lia, não gostei muito da interrupção e só consentia com a cabeça. Falava sobre sua chegada em Curitiba, dos dias difíceis que enfrentou...
Telefone toca, era o meu mecânico. “Ah! Claro, a correia dentada.. o bico da injeção.. Se eu troco o óleo? Claro!... Válvula termostática”.. Desligo o telefone, entendi tudo o que ele disse, brincadeira, é claro que não entendi nada, mas entendi quando deu o valor do conserto, mil e quinhentos reais. Minha semana não poderia ter começado melhor!
E minha conversa, ou melhor, o monólogo se reinicia, mas quando me vi estava envolvida em seu momento de nostalgia, parecia ter sido um período bom depois que conheceu sua esposa, tiveram filhos, construíram uma vida em comum. Novamente toca meu telefone, meu interlocutor é interrompido novamente, mas parece não ligar muito para isso. Era minha amiga Gisele. “Não devia ter acordado hoje, Gi...o fora que levei ontem... Ah, ele foi embora! Eu lhe disse que ele havia feito aquele concurso... E agora o carro.. Pois é, estragou, terei que desembolsar mil e quinhentos reais! Não sei como vou fazer para pagar...” Enquanto derramo minha fúria sobre minha amiga, olho para o meu novo amigo ao lado, enxergo a experiência e a calma em pessoa; alguém que realmente acredita na sabedoria da vida e tento me acalmar, pois também estou em um lugar público. “Vou ficar bem.. Não se preocupe.. também sei disso... Quanto ao Gui, vai ficar tudo bem, sim... Claro que sei que vou encontrar meu grande amor, não era pra ser... Eu acordo todos os dias e peço para vida me mandar um, para eu casar e ter filhos...Tudo bem, estou brincando com relação ao casar e ter filhos, mas gostaria muito de viver um grande amor, daqueles que você sente até frio na barriga quando vai encontrá-lo, e ouve sininhos quando o conhece... mas é isso, o ônibus está chegando no meu ponto.. até depois...”
O ônibus pára no ponto, o senhor que está ao meu lado também se levanta. Despedimos-nos.. Tenho que correr, estou atrasadíssima para uma reunião agora cedo. Olho para trás e vejo meu contador de histórias, e parecia meu perdido. Olho novamente o relógio, penso “tenho que voltar, mas e a reunião? Depois eu resolvo isso. Vou voltar.” Volto, ele me pergunta se posso ajudá-lo com um endereço. Claro que podia! “É a casa do meu neto, vim visitá-lo.” E lá fomos nós a procura da casa do seu neto, enquanto ele terminava a linda história que me contava minutos atrás. Chegamos, apertamos a campainha. E ao abrirem a porta, quando me lembro desse dia, tenho certeza que ouvi sininhos....
Coincidência?
Sinceramente, eu não sei.
“...Mas, afinal, de que adiantaria saber? ("Nós sabemos tão pouco...") Se existe uma tal ordem, a única coisa certa é que nenhum de nós pode compreendê-la ou controlá-la. Coisas ruins e boas acontecem... por acaso. Mas acaso talvez seja apenas o nome dos motivos que estão muito além do que alcançamos compreender, e do que jamais alcançaremos.”
André C. S. Masini

Dilka

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Em Busca do Carneiro Selvagem

Podemos muito bem, se for esse o nosso desejo, vaguear sem destino pelo vasto mundo do acaso. Que é como quem diz, sem raízes, exatamente da mesma maneira que a semente alada de certas plantas esvoaça ao sabor da brisa primaveril.

E, contudo, não faltará ao mesmo tempo quem negue a existência daquilo a que se convencionou chamar o destino. O que está feito, feito está, o que tem se ser tem muita força e por aí fora. Por outras palavras, quer queiramos quer não, a nossa existência resume-se a uma sucessão de instantes passageiros aprisionados entre o “tudo” que ficou para trás e o “nada” que temos pela frente. Decididamente, neste mundo não há lugar para as coincidências nem para as probabilidades.

Na verdade, porém, não se pode dizer que entre esses dois pontos de vista exista uma grande diferença. O que se passa - como, de resto, em qualquer confronto de opiniões - é o mesmo que sucede com certos pratos culinários: são conhecidos por nomes diferentes, mas, na prática, o resultado não varia.

Haruki Murakami - Em Busca do Carneiro Selvagem - Cruz Quebrada: Casa das Letras, 1.ª edição, Abril de 2007, 369 pp. (tradução de Maria João Lourenço; obra original: Hitsuji o meguru bōken, 1982).

Postado por Carlota Joaquina

Haruki Murakami nasceu em Kyoto, em 1949, e vive atualmente em Tóquio, depois de vários anos de exílio voluntário nos Estados Unidos. Sucesso entre a crítica e o público americano e inglês, campeão de vendas no Japão, o autor recebeu inúmeros prêmios literários e teve sua obra traduzida em 16 idiomas.

Meninas de carne: (Imitando Mario Lopes) Alguém arrisca o palpite pra dizer quem são as 3 pessoas da foto? Não tenho prêmios pra dar, mas vale a brincadeira!

domingo, 19 de agosto de 2007

TEMA DA SEMANA:


ACASO E DESTINO

JÁ PASSOU







Deixa entrar
O novo, o belo, o raro,
O alegre, o trivial
O respiro, o suspiro
A mudança - afinal!

Deixa vir
O silêncio, a solidão
O encontro com ninguém
A beleza no escuro
A essência que se tem

Deixa ir
O velho, o feio, o chato,
Disfarçando-se de bom
A tolerância, a cobrança,
A elevação do tom

E o luto, o choro, o mal-estar
enfim, o passado,
Deixa estar.
(Sá Moreira)