sábado, 14 de julho de 2007

Da intrépida ventura de uma jovem donzela em busca de uma solução nutritiva para a romântica ceia



Sabe quando você andou 12 quadras, às 12 horas, e quis que o mundo acabasse em uma lata prateada linda e suada de coca-cola light e você passa no boteco e rompe como um ogro o anel da lata recém comprada e lasca a unha, que daqui pra frente vai enroscar no cabelo cada vez que você tentar tirar a franja do seu olho? E fazia tanto tempo que você estava procurando esse vermelho...

Sabe quando você tinha planejado um jantar superprofissional (nada de miojo à putanesca) e você passa ali na casa de massas e adquire por apenas 9,90 um prato de gnocchi para dois e resolve cozinhá-lo por apenas 10 minutos, e descobre, depois que todas as bolinhas que caracterizam o gnocchi como tal se desfazem, que a merda da massa já estava pronta? – era só pôr no forno, francamente.

Sabe aquele carro que passa voando na esquina da batel e você ali cheia de sacolas e sombrinhas e os livros tentando atravessar e o cara do carrão ouvindo Beyoncé te dá um banho daqueles que molham até os grampos do cabelo? E você tinha um compromisso logo depois disso. E estava atrasada. Inadiável.

Sabe quando você é molhada na esquina da batel por um babaca do carrão que ouve Beyoncé quando se está voltando do salão a caminho da casa de massa e a chuva passa e você, molhada, tem de andar 12 quadras ao meio-dia para chegar a tempo na casa de massas, pois é sábado e as lojinhas fecham cedo, e você até compra uma lata de coca no caminho e lasca a unha, logo hoje que usou o malícia e, ufa, chega a tempo na casa de massas, mas ela estava quase fechando e você compra correndo o tal do gnocchi, mas a embalagem estava bem no fundo do freezer e o “modo de fazer” estava apagado, mas você confia em seu instinto de chef e voilá: faz um lindo purê de batatas com gosto de farinha de trigo?

Ouça: I will survive (Cake)


Vanessa de la Mancha

sexta-feira, 13 de julho de 2007

É um tal de perde e acha...

Tudo. Quase tudo que passa pela minha mão se some. É chave do carro, chave de casa, controle remoto do portão, telefone celular, meus óculos, meu cartão do banco, meu cartão de crédito, minha agenda, meu bloquinho de anotação, aquele papelzinho com o número de telefone e e-mail de alguém e por aí vai...

Que coisa mais irritante. Todos os dias é a mesma novela. A cena se repete várias vezes ao dia, com vários objetos diferentes. Antes de sair de casa, não tem um dia que eu não tenha que procurar alguma coisa. Aí, quando eu penso que está tudo em ordem, desço até a garagem e... putz! Cadê a chave do carro?

As pessoas que me conhecem já nem mais dão muita importância. Enquanto eu me descabelo procurando alguma coisa, costumam dizer tranqüilamente: “Calma, daqui a pouco você acha”. E acho mesmo. O único problema é o espaço de tempo entre eu me dar conta que perdi e achar. Fora o tempo perdido com a busca.... eita!

Acho que seria muito bom se nossas coisas tivessem vontade própria. Mais ou menos como meu cachorro. Eu não preciso nem chamar. Ele anda, o tempo todo, atrás de mim pela casa. Não existe a menor possibilidade de perdê-lo. Com exceção apenas das vezes que ele fica bravo. Aí ele se esconde e não tem jeito. A gente pode morrer de chamar que ele vai continuar se fazendo de surdo. Mas aí já é uma outra história...

Todo mundo me diz que isso é apenas uma questão de planejamento e organização. Que pessoas adultas conseguem manter seus pertences sob seus cuidados. Que é fácil, é só guardar as coisas nos mesmos lugares sempre, e blá-blá-blá-blá... Mas não tem muito jeito, não. Eu perco as minhas coisas e, se bobear, as coisas dos outros também. E nem adianta vir me perguntar. Tenho certeza que já devolvi!

Quando eu não perco o horário de acordar de manhã, eu até tento me programar melhor. Antes de sair de casa eu vou colocando tudo em cima da mesa: agenda, celular, carteira, as contas a pagar. Perfeito. Aí não tem erro.

Ops! Só quando eu já estou na metade do caminho, lembro. Tudo, absolutamente tudo ficou lá, do mesmo jeito que eu deixei, em cima da mesa. Difícil ser feliz assim...

Eu costumo dizer que no meio da minha bagunça eu me acho. Tenho um pouco de dificuldade, admito. Mas eu me acho. O problema é quando alguém resolve arrumar tudo. Aí não tem jeito. Aquele papelzinho amarelo, meio rasgado, com o número de telefone anotado em vermelho e, atrás, uns endereços de e-mail anotados a lápis... não tenho a menor dúvida. Foi pro espaço. Daí... perder a paciência fica inevitável.

Agora o pior mesmo é perder a linha de raciocínio. Está tudo ali, bem formulado, toda a seqüência de frases e pensamentos. Mas na hora de expressar... Pronto. Onde está o que eu ia dizendo?

Fora às vezes que eu perco o caminho, não acho o endereço, perco o juízo, a cabeça, o rumo e o prumo... Mas tudo bem. Hoje vou fazer assim: Primeiro posto este texto e depois eu procuro tudo.

Ai, ai, ai!... Onde foi mesmo que eu anotei a senha e o login do blog?!...
Ih!... Peraí. Me dá só uns minutinhos que eu já acho...

Aliane Kanso

quinta-feira, 12 de julho de 2007

DEPOIS DA TEMPESTADE...A TEMPESTADE

Dez horas da manhã e eu já estou irritada. Hoje ainda é terça-feira, e desde que este blog começou, meu dia de postar o que escrevo, é toda quinta. Ou seja, não precisaria deixar esta irritação tomar conta do meu ser (ainda tenho até amanhã à noite para escrever). Ah, mas ela não perde a oportunidade, ela toma conta mesmo, é mais forte do que eu. E para me “ajudar” estou de mudança. Sim, minha casa está uma bagunça, meu quarto então, nem se fala, não me acho, é caixa e mais caixa espalhada pela casa toda. Só está faltando encaixotar o cachorro. Sinceramente, isso está me deixando mais ansiosa do que costumo ser, por isso acordei assim, querendo “matar” o primeiro que me fale o que eu não quero ouvir. E esta história toda está impedindo que as minhas idéias fluam, não sei o que escrever para postar na quinta.Vocês não têm noção de como isso está me IRRITAAAAANDO!!!
Mas acho que depois deste desabafo, já estou ficando mais calma, penso que logo terei uma concepção do que quero escrever. Já sei! Vou usar o tal do pensamento positivo, dizer sim para tudo o que eu quero e canalizar minha energia para os meus objetivos. Tudo isso está tão em moda depois do filme O Segredo, porquê não haveria de funcionar comigo?! Pronto, sinto que está funcionando, as idéias estão vindo, todas embaralhadas, mas estão vindo,então vamos lá.
Desde que nasci, há quase 30 anos, que a irritação mora dentro de mim, talvez seja genético ou talvez porquê vim ao mundo com algumas horas de atraso, sei lá, pode ser. Explico: nasci em 29 de janeiro de 1978, e naquela época, segundo relatos de minha mãe, as estações eram definidas, e no dia do meu nascimento, fazia um calor infernal. Assim que ela começou a sentir as primeiras contrações, ligou para o médico e voou para a maternidade. Mas como ele estava voltando da praia, meu parto atrasou em mais ou menos umas três horas. Por isso digo que já vim ao mundo irritada, pois eu queria era cair na vida logo (como já disse, o calor era demais e eu era decidida desde a hora do parto, rs), depois de nove meses dentro de uma barriga. E à medida que eu fui crescendo, este ser irritante que habita dentro de mim, foi crescendo paralelamente. Verdade, porque eu acredito piamente que more outra Camila aqui dentro de mim. Será isso, o que se chama de dupla personalidade? Sei lá, pode ser. O fato é, que literalmente, não tenho a tal da paciência de Jó. Eu tento, começo a contar até dez, mas existem algumas situações e pessoas que realmente me tiram tanto do sério, e quando estou chegando ao número seis, o circo já se armou e eu já estourei, mas no fundo sou uma boa pessoa é só saber me levar.Calma!!! Não saio por aí dando bordoada.

Um fato que ilustra bem uma destas situações é quando ligam “por engano”.Lá em casa acontece direto. A voz do outro lado da linha fala, alô?/ alô?/ daí vem uma respiração profunda, daí mais um alô?/ e mais outro alô?/ daí mais uma respiração ofegante e por aí vai. Mas não é uma, duas, ou três ligações num dia, são cinco. Parece que esta pessoa tem o prazer de me irritar. O que eu fiz para ela? Ela nem me conhece.Ou será que conhece? Isso quando não ligam e desligam na cara. Eu já fechei a porta, to pegando o elevador, toca o telefone, eu penso: “Ah pode ser alguma coisa importante”. Volto, atendo e desligam. Até parece de propósito!!

E o guardador de carros então? Nossa que cara chato.Primeiro que sou péssima em fazer baliza do lado esquerdo. Prefiro levar uma multa por ter estacionado mal, do que arriscar a bater no carro da frente ou de trás com a ajuda dele, que mais me atrapalha do que me ajuda. Se ele me manda virar o volante para esquerda eu viro para a direita e vice-versa, se ele me manda ir para frente eu vou para trás, de tão injuriada e nervosa que fico. E ainda, quando saio do carro sou obrigada a ouvir: “bem cuidado na volta a tia paga R$ 2,00 real”?!

Alguns erros gravíssimos de português (escritos e falados) também me tiram do sério. Concordam comigo que não dá para escutar, “menas coisas”, “meia cansada”, ler em algum lugar “agente” foi na casa dela,“ para mim fazer”, “eu vi ela”, “beneficiente” e por aí vai. Não tem coisa pior do que conversar (ou tentar), com alguém que a cada duas frases que fala pergunta: “tipo assim, entendeu?” Não tem como desenvolver um papo legal desse jeito. E se essa pessoa sair com o tal do a nível de, aí danou-se, eu peço a conta e vou embora. E se ela quiser realmente perder a minha amizade, é só me dizer antes de se despedir, “um beijo no seu coração”, ou “então tá, amanhã te encontro ali cara, naquela mesma parada para a gente agitar aquele lance! Cara?! Eu sou mulher, ele que vá chamar de cara os parceiros dele, comigo não violão.

Como podem ver, sou uma pessoa irritável, mas também sou muito gente boa, as pessoas que convivem comigo sabem, principalmente as que conseguem me levar. Não que esta minha irritabilidade seja uma qualidade, mas nem tão pouco um defeito, haja vista que já me salvou de situações embaraçosas e pessoas inconvenientes. É claro que muitas vezes me atrapalha, pensando nisso, até já bolei um plano. Além de continuar com as minhas aulas de Yoga, vou também praticar os Pranayamas (exercícios respiratórios),tentar descobrir minha vida espiritual e ir passar um tempo na Índia. Quem sabe assim, eu volte mais calminha.

Mas se não funcionar, só nascendo de volta...e sem atrasos!!!

Cami

quarta-feira, 11 de julho de 2007

O que mais irrita antes, durante ou depois do sexo?


O tema da semana: o que mais irrita. Não poderia eu dizer as coisas que mais ME irritam. Ou poderia? Bom, de qualquer forma, achei que ficaria muito pessoal. As coisas que mais me irritam dizem respeito a mim, não àqueles que lêem os textos das Meninas de Papel. Então fiz uma pesquisa, via e-mail, com homens e mulheres, a pergunta foi: o que você mais odeia que ele (a) faça antes, durante ou depois do sexo? Qual a atitude que mais te irrita? Das respostas que recebi, selecionei 25 itens enviados por homens e 25 selecionados por mulheres. Agradeço a todos que participaram da minha super-pesquisa-científica. Espero – tipo papo de político – sinceramente, que ela contribua para a melhoria da vida sexual de todos aqueles que transam, transaram ou transarão.

Atitudes que os homens mais odeiam

1) Quando usam decote generoso, minisaia de dois dedos ou calça justa, justíssima, JUSTÍSSIMA, e te chamam de tarado se você fica olhando.
2) Quando juram ter uma calcinha de rendinha toda cavadinha e transparente para usar em ocasiões especiais, mas parece que as tais ocasiões especiais nunca chegam (pelo menos não com você).
3) Quando assumem já ter praticado topless numa praia na Europa ou mesmo naturismo num balneário lotado bem perto de onde você mora, mas pra você não mostram nem a marquinha do biquini.
4) Quando dizem não ter nenhum tabu em sexo mas quando você pergunta "já fez isso" ou "já fez aquilo", fazem cara de nojo e te olham como se você fosse uma aberração sexual.
5) Quando namoram com você e, numa reunião descontraída entre amigos, resolvem falar abertamente que topariam sexo grupal, justamente perto daqueles caras para os quais você jurou que ela era bem comportada até demais.
6) Quando te animam dizendo que topariam um menage-a-trois, mas daí revelam que só topariam se o tal terceiro elemento não fosse elementa.
7) Transam de luz apagada da primeira vez só para não serem vistas fazendo coisas de "vagabunda" ou para não serem flagradas com suas gordurinhas ou celulites (que nós, sinceramente, nem identificaremos sem uma boa lupa ou um "olha aqui como eu tenho" apontando exatamente o ponto).
8) Quando no motel tem sauna, hidro, escorrega, o escambal a quatro e só querem saber de transar... "na cama porque é mais confortável".
9) Dizem querer transar em lagoa, mato, relva, floresta, dunas, cachoeira, mar, capô de carro, banheiro de boate, batcaverna, prédio em construção, mas, na primeira oportunidade, dizem "ai, mas é muito perigoso".
10) Dizem adorar transar no carro, mas sem especificar que tem que ser com ele parado, com música da Sade no CD player, num drive-in e com milk shake de morango esperando de sobremesa.
11) Dizem gostar de transar pela casa toda, e você descobre que é verdade, contanto que tenha um colchonete em cada cômodo.
12) Não deixam você gozar na boca nem debaixo do chuveiro, com aquela água toda jorrando pra fazer um bochecho.
13) Não permitem que você pratique o método Eliana (dos dedinhos) nem com KY, sabonete ou uso do dedo mínimo (aliás, nem mesmo o dedo mínimo da mão esquerda do Lula).
14) Dizem ficar excitadas e arrepiadas bastando um mínimo toque seu, mas mesmo depois de uma hora de preliminares, insistem que faltou estimular mais antes de partir para dentro.
15) Você revela que já se masturbou para ela, e a garota simula estar enojada quando você sabe que na verdade está orgulhosa (tanto que não vê a hora de contar para todas as amigas – que, aliás, estas sim vão passar a te olhar com nojo).
16) Ela diz que confia em você plenamente, mas nunca se deixa ser fotografada ou filmada transando, mesmo com você deixando a câmera com ela para depois deletar as imagens.
17) Você assume seu lado voyeur e, na primeira oportunidade de flagrá-la se despindo pelo vão da porta, dá uma intimada colocando a toalha sobre o corpo e indagando: "o que você tá olhando aí?!".
18) Ela sai de saia e sem calcinha para o caso de poder aproveitar uma oportunidade de te excitar, tipo levantando a saia e mostrando que está sem nada enquanto você dirige. Deixa você de pau duro, mas quando rola uma parada de "emergência" para transar num lugar insuspeito, como banheiro de boate, rola um nojinho do ambiente e você acaba o dia tendo de fazer justiça com as próprias mãos.
19) Você pergunta o que a garota faz de mais ousado em termos de sexo e ela responde "você nem imagina". Quando chega na hora da cama, daí você descobre: sexo oral.
20) Mulher que lança mão de padrões impossíveis só para se fazer de exigente ou experiente: pau de mais de 40 cm, bíceps pão de açúcar, barriga que dá pra servir como tábua de passar roupa e todo o descritivo de go-go boy de boate gay - só que hetero.
21) Quando você pergunta qual a zona mais erógena do corpo dela, vem a resposta: "todas". Só que, depois de algum tempo (e baixado o entusiasmo da falsa promessa), descobre que só tem uma: o bolso.
22) Ela diz que acha o pau feio mas não tira da boca (talvez para não ter de olhá-lo).
23) Diz gostar de encenações, como fingir estar sendo estuprada, contanto que o estuprador seja gentil e peça cordialmente para fode-la, ops, digo, para fazer amor.
24) Mulher que não gosta de levar nem um tapinhazinho. Nem na bunda. Porque acha que você a está humilhando, cuspindo nos direitos conquistados em décadas de luta feminista, fazendo pouco caso dos direitos das mulheres, sendo chauvinista e machista, usando de truculência e subestimando o poder da mulher. Um pulha.
25) Acha que você é um pedófilo se assume que gostaria que ela fizesse depilação completa da xoxota.

Atitudes que as mulheres mais odeiam

1) Tá começando a rolar um clima. Daí, o moço, sem nenhuma cerimônia, pega a mão dela e puxa, para pousá-la sobre o seu querido 'instrumento'. Não existe nada mais irritante. Será que não dá pra esperar um pouco?
2) Mulheres também transam sem estar apaixonadas, só por tesão. Então, por favor, não precisa falar um eu te amo para comer uma mulher. Só se isso for muito verdadeiro e sincero.
3) Chegar babando em tudo. Sabe aquele cara que jura que tua orelha é uma bala? Vai enfiando a orelha inteira na boca e chupando ela sem parar, até tua orelha ficar gosmenta de tanta baba?
4) Peito não é bolinha de fisioterapia, sabe? Aquelas que tem que apertar com força? Pega devagar meu filho, até existem aquelas que gostam de algo mais selvagem e forte, mas, mesmo que com um pouco de força, tem que ter noção.
5) Tente esquecer, pelos 30 minutos antes da transa, que existe uma vagina no meio das pernas dela. Seja criativo, enfie sua mão em outros lugares.
6) A moça passa o dia no salão, pede pra depiladora fazer um novo desenho na 'perseguida', depois vai ao shopping comprar velas, óleos essenciais e lingerie sexy, sem contar a agradável noite de queijos e vinhos que preparou. E o cara só consegue dizer: “nossa legal”, e já vai metendo a mão dentro da saia.
7) Tudo bem gozar antes dela, mas, ficou de pau mole, tenha a dignidade de fazê-la gozar de outra forma.
8) Os dois deitados na cama e o cara chega pedindo: "vamos transar?". Meu filho, não pede, faz as coisas acontecerem... Mulheres não têm um botãozinho que aperta e está pronta pra transar. Precisa ser estimulada.
9) Mamilos não são da mesma família daqueles antigos botões giratórios. Lembram? Aqueles de microondas, que você girava para colocar na potência que queria? Eles são delicados. Não foram feitos para torcer. Pegue leve, literalmente.
10) Exibicionismo. Se ele passa mais de dez minutos falando dos seus grandes feitos e sucessos, dá vontade de sair correndo e deixá-lo batendo punheta, sozinho. Mulher nenhuma agüenta homem assim, geralmente ela quer ser o centro das atenções. No mínimo o centro pra ele, né?
11) Homem pão duro. O cara leva a moça para jantar e reclama dos preços do cardápio, ou então, pede pra dividir a conta do hotel no final de semana na praia. Não tem nada mais broxante que isto. E não venham falar de direitos iguais... No primeiro encontro não dá pra comer polenta e tomar vinho de jarra, por mais que a mulher goste disso.
12) Homem sem iniciativa. O cara te convida pra jantar e na porta da tua casa diz: "onde você quer ir?". Frase certa: "fiz reserva em um restaurante indiano e um italiano, qual você prefere, querida?"
13) É a primeira vez que vocês sairão de dia. Ele vai te buscar de camiseta regata, tênis branco de tiozão e pochete. Ela olha assustada e começa a dar passos pra trás, recuando. Entenda: mulheres odeiam qualquer um dos três itens. Combinar os três, então, é pedir pra ela nunca mais te dar.
14) Homens, please, tirem as meias pra transar. Principalmente se forem brancas.
15) Sim, a mulher adora que ele se preocupe em dar prazer. É importante que ele a faça gozar antes dele. Mas, não pense que ela vai fazer propaganda pras amigas se o cara ficar uma hora de pau duro, metendo, sem tirar de dentro. Isso cansa e esfola. Por isso dê prazer e depois, goze logo, porra.
16) Mulheres sabem que a cabeça deve ir e vir na hora do sexo oral. Por isso, querido, deixe sua mão em um lugar confortável. A não ser que ela peça ajuda, não precisa empurrar com a mão. A empurradinha na cabeça pode ocasionar um grave acidente. Já pensou se ela se engasga com o seu bilau?
17) O problema não é quando ele broxa e sim quando ele diz a ilustre frase: "isso nunca me aconteceu antes".
18) Mulheres odeiam aquele que faz o tipo “atleta sexual”, sabe qual? Aquele que em uma única transa quer realizar todas as posições do Kama Sutra? Pior é que geralmente ele resolve mudar de posição quando ela começa a se concentrar, começa a sentir prazer, daí ele pega a moça, e arremessa para o outro lado da cama, ou então fala: “vamos mudar e fazer assim, você vai enlouquecer...”.
19) Precisa falar que dormir em seguida é uma das coisas mais odiadas? Pior que dormir e sair da cama e ir pra frente da televisão, ou do computador. Daí é motivo para mandar capar.
20) Não conseguiu me fazer gozar já é o fim, mas, pedir desculpas por não ter conseguido, daí é de matar.
21) Ejaculação precoce ou gozar rápido demais também é jogo duro, né? Precisa citar esse tipo de coisa. Reforçar sempre é bom. Falar nunca é demais, né?
22) Quando a trepada é boa mesmo, a mulher não consegue nem andar direito, quanto mais coordenar movimentos elaborados como tomar banho, por exemplo. Por isso, deixe-a quietinha.
23) Homens que querem ir desesperadamente tomar uma ducha dão a sensação de que estão se sentindo sujos. Por isso, relaxe do lado dela, faça cafuné na cabeça dela, por exemplo. Ela não vai achar que você quer casar com ela, não se preocupe.
24) Sabe o tipo paradão? Aquele que deita, puxa ela pra montar por cima dele e o máximo que faz é mexer os braços para ajudá-la a subir e descer? Esse é o tipo mais odiado por 98% das mulheres, só perde para o tipo exibicionista.
25) Ficar pedindo o tempo todo para falar coisas. Se a gente quer algo a gente fala e pronto. Por isso, não insista.


Mônica Valentina.

terça-feira, 10 de julho de 2007

..Hoje eu só quero que o dia termine bem....


Tô chegando no terminal para pegar meu ônibus. Hoje em dia ele não é pequeno, é daqueles chamados bi-articulado. Possui 6 portas e alguns metros de extensão, mesmo assim, as pessoas insistem em se aglomerar na frente, próximas do motorista. Até hoje não sei bem o que fazem ali. Será que têm medo de que ele faça alguma besteira e elas poderão ajudar? Não sei, mas aqui cabe uma enquete.

Consegui entrar no bi-articulado, e fui em direção ao outro terminal onde pegaria o ligeirinho, chamado assim porque perto dos demais ônibus, chega mais rápido ao destino, pois tem menos paradas. Mas ao contrário do “vermelhão”, esse aqui só tem 2 portas, e o acesso é feito por um tubo, que só tem uma porta. As pessoas entram e saem pelo mesmo lugar. Agora imagine esse tubo, em horário de entrada e saída do trabalho! Dentro do tubo é quase impossível respirar, e aqui não cabe a lei da física que diz que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço”, aqui cabe muito mais que dois. Com a chegada do ônibus, as pessoas não se entendem, ficam prensadas na porta, algumas querendo descer, outras querendo entrar e o movimento não acontece, por alguns instantes, ninguém se mexe, sinto-me num cabo de guerra ao contrário, todos empurrando para frente.
Conseguimos! Entramos no ônibus! E ainda consegui um lugar para me sentar.

- Com licença, com licença!

Um empurra-empurra dentro do ônibus, uns xingando, outros dizendo para ter cuidado.. - Olha a criança aqui, vai esmagar a coitada! - Cuidado! - Um pouquinho de educação seria ótimo!
Pensei, deve ser um troglodita vindo aí... Olho para cima, vejo uma senhora com seus 70 anos, uma cara de má, olhei ao meu redor, as pessoas que estavam sentadas fingiam dormir, (que pessoalzinho cara de pau!), e eu curiosa fui ver o que acontecia. Resultado, quase me expulsou de onde eu estava. Levantei sob seus protestos. – Realmente, não se fazem mais jovens como antigamente! As pessoas não têm mais educação! Coitada de mim, tenho que mandar sair para poder sentar!

Acho que nunca fiquei tão envergonha. É claro que eu ia sair, ela não precisava ter feito aquele escândalo todo.. Levantei me sentindo culpada e não conseguia nem olhar para as pessoas ao redor. O que não precisava, pois sem educação eram elas que fingiam dormir quando aquela senhora chegou.

Tentei me ajeitar próxima a saída, pois meu ponto já estava próximo. – Graças a Deus, to chegando! Que nada! Parecia que esse dia nunca mais iria acabar. No ponto seguinte, entram algumas pessoas, com sacolas enormes. Antes de eles entrarem foram jogando as sacolas para dentro do ônibus. Chegaram gritando, - Vamo apertar aí, tem gente querendo entrar!
Não acreditei... Acho que já deu, né? Estava prestes a estrangular alguém. Acho que iria começar com a “família mala”, depois ia conversar de perto com aquela senhora, que se privilegia de sua situação... Então, antes que cometesse tantas atrocidades, eu desci. Antes que fechassem a porta, fui passando por cima das sacolas, pisei em algumas, ouvi algumas indignações pela minha “falta de educação”, mas quer saber? Não estava nem aí. – Preciso respirar! Pára tudo, que eu quero descer!

Ainda faltavam alguns quilômetros, não me importei. Nada, nada paga o sossego, o vento no rosto... Liguei meu mp3, Luciana Mello cantando “Simples desejo”....Eu não quero tudo de uma vez, eu só tenho um simples desejo... Hoje eu só quero que o dia termine bem...

Dilka

segunda-feira, 9 de julho de 2007

A Irritante Lei de Murphy


“Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.”


A minha vida é assim. Sempre que saio de casa toda encapuzada, esperando aquele frio, faz calor. Quando saio com roupa fresquinha, faz frio. Levo o guarda-chuva à tira colo, não chove e basta eu esquecê-lo pra cair o maior toró! No supermercado a minha fila é sempre aquela que anda mais devagar. Quanto mais apressada estou para um compromisso, mais sinais vermelhos eu encontro. Quando chego super cedo no trabalho, meu chefe chega tarde. Quando estou super atrasada, ele já está lá desde cedo. O meu elevador é sempre o mais demorado. Quanto mais fome tenho, mais lento é o garçom. Abasteço por R$2,50 e no próximo posto tem promoção a R$2,10. Se estiverem 40 pessoas sentadas num ônibus, a velhinha, grávida ou mulher com bebê no colo pára na minha frente. Se o bebê vai vomitar, vomita em mim. Se o cara vai passar mal, passa do meu lado. Se o pássaro vai cagar, caga em mim. Se tiver uma poça próxima à rua, eu sou molhada. Se eu tenho dinheiro, não tem promoção, mas se estou dura todas as lojas do mundo entram em liquidação. A minha cerveja é sempre a menos gelada. A minha batata é a mais molenga. O meu cabelo se revolta antes de uma festa. Minha roupa sempre se suja no meio do dia quando tenho um compromisso após o trabalho. Sou sempre a última da fila do banco e quando chega minha vez, o caixa sai para almoçar. No caixa eletrônico então? Adivinhe? "Temporariamente em manutenção. Dirija-se ao caixa ao lado". Minha prima mora em Fortaleza e raramente vem a Curitiba, quando vem eu viajo. E nos sorteios! Sempre um número acima ou abaixo! Vou ao Paraguay comprar umas coisinhas e eu sou a única a ser barrada na fronteira. Sempre me nasce uma espinha quando tenho algum evento importante. Essas e outras catástrofes não são coincidências, são apenas as comprovações da inevitabilidade da Lei de Murphy.


Eu sou praticamente uma Murphóloga. Você deve estar rindo, mas existe uma ciência chamada Murphologia, que nada mais é do que a ciência que estuda a Lei de Murphy. Mas não pense que escolhi ser isso não, isso foi apenas a Lei de Murphy agindo irritantemente na minha vida.


Bom, voltemos aos fatos. Sempre que inicio uma dieta sou convidada para um super jantar. Quando quero dar um tempo na cerveja, me ligam pra um chopp. Quando não agüento de dor nos pés me chamam pra dançar. Quando era solteira, solteiríssima, ninguém me olhava, quando estava namorando choviam pretendentes. Quando estava desempregada, não surgia uma proposta, quando arrumava emprego choviam várias ofertas de trabalho. Aliás, não sei como é que estou escrevendo este texto e nada errado aconteceu. Geralmente, estou digitando quando a luz
acaba de repen

by Carlota Joaquina

domingo, 8 de julho de 2007

Saga Íntima



XMMXCS 2215-1738: este é o nome do enxame de galáxias mais distante do universo. Localiza-se a dez bilhões de anos-luz da Terra. Tendo feito descobertas com nomes e conteúdos tão complexos e a distâncias absolutamente inimagináveis, como o homem poderia estar falhando em outra tão próxima? Todos os dias, dobrando a esquina, parando no sinal vermelho, caminhando por escritórios, casas e corredores, desfilando, debochando de sua incapacidade, ridicularizando todos os seus esforços, bem debaixo do seu nariz (muitas vezes literalmente).
Mas, depois de décadas de estudo e mistério, e graças aos exacerbados avanços da nanotecnologia, o homem estava próximo de decifrar este que é um dos maiores enigmas do universo: o Ponto G. Com equipamentos e estudos de biomecânica desenvolvidos desde antes dos tempos da Guerra Fria, um seleto grupo de cientistas internacionais montou, em Belgorod, na parte ocidental da Rússia, um veículo microscópico, munido de uma minúscula câmera digital e um disparador de ondas em alta freqüência. Foi implantado em uma jovem de nome não identificado. Sua escolha se deu após muita pesquisa, ampla triagem, entrevistas individuais e coletivas, testes físicos, exames ginecológicos minuciosos e outros estudos que pudessem afirmar ser ela a mulher padrão, em termos globais, quanto ao comportamento e estímulo sexuais. Nem frígida, nem ninfomaníaca: 103 relações sexuais por ano, 18 minutos na média de tempo em cada relação, 53% de índice de satisfação sexual e 52% de vezes não atingindo o orgasmo.
A pequena nave foi introduzida no corpo vaginal pelo ginecologista tcheco Jansen Trefulka logo no início da manhã, com a paciente (evitaram o termo cobaia) em jejum e depois de uma noite de dez horas de sono inspecionado a cada 15 minutos, pois teria de permanecer constantemente acordada para monitoramento de suas reações e batimentos cardíacos. Era também fundamental que ela estivesse consciente, pois o estímulo não poderia ser fruto de um sonho ou pensamento excitante. O ambiente, embora absolutamente asséptico, não lembrava em nada um laboratório de pesquisas: era um quarto com uma cama de casal confortável. Lençóis e paredes em tons pastéis para não haver influência de fatores ambientais (objetos em cores quentes estavam absolutamente fora de questão, mesmo que fossem equipamentos de pesquisa). Até a temperatura era mantida em equilíbrio, nem quente, nem fria.
Pela câmera instalada no teto, logo acima de cama, os cientistas observavam as reações faciais de Eva (pseudônimo que lhe foi dado de última hora). Seus cabelos extremamente negros cobriam a face de pele clara quando ela virava-se de lado. Os pesquisadores pensaram em avisá-la pelo microfone, mas a própria Eva logo se deu conta de poder estar atrapalhando os estudos, voltando então a ficar com o rosto de frente para o teto. Todos temeram que aquela posição fixa e o ambiente formal do quarto, apesar dos esforços em deixá-lo aconchegante, travassem as emoções de Eva. Mas sua respiração, batimentos cardíacos e grau de constrição de músculos e vasos sangüíneos demonstraram que ela estava se sentindo à vontade.
Nada de música, massagem, aromas ou qualquer outro estímulo para deixá-la relaxada. A ingestão de qualquer remédio, álcool ou mesmo tabaco foi proibida nas 48 horas que antecederam o início da pesquisa. Chegaram até mesmo a orientá-la a não pensar em homens, bonitos ou feios, enquanto durassem os trabalhos. A intenção era pura e simplesmente descobrir se de fato havia um botão em Eva capaz de fazê-la explodir em orgasmos, independentemente das circunstâncias ao redor. Seria a revolução, conforme afirmava o líder da equipe, Oleg Tsiolkówsky, o magnata russo que financiou o projeto, mas que nunca estava presente nas pesquisas (inclusive nesta). Susumu Emoto, o mais marqueteiro do grupo de quatro cientistas internacionais, já planejava cápsulas estimulantes e dispositivos intra-vaginais dotados de pulsões com precisão cirúrgica. Já Craig Wakefield elaborava mentalmente um livro intitulado “A Democracia do Orgasmo”, dando conta de todos os atalhos para se chegar ao nirvana. Por sua vez, Hanz Schwärzler, primo do Duque de Liechtenstein (a quem cogitava vender os segredos resultantes do projeto), lançava-se em sonhos de megalomania: “seremos maiores que Kinsey, Johnson e Masters juntos”, bradava. Por fim, Trefulka sustentava uma série de temores passíveis de ser tanto coerentes quanto estapafúrdios: poderia a descoberta dispensar os homens no ato sexual devido à maior facilidade de auto-estimulação feminina? Ou poderiam os homens criar artifícios tecnológicos capazes de escravizar ou aliciar as mulheres a partir do comando do Ponto G? E quais eram os riscos de haver dependência física na estimulação constante do tal ponto? O fato é que a curiosidade sobre o maior enigma da humanidade era mais forte do que temores ou bom senso. Sob o pretexto de fazer a ciência navegar longe das amarras que quase condenaram Galileu (que decifrou o universo mas nunca sequer ouviu falar em Ponto G), o quarteto abaixou as luzes do quarto-laboratório, ligou o infra-vermelho da câmera no teto e acionou os equipamentos da G1 – nome do minúsculo dispositivo que boiava sem rumo no corpo de Eva.
As luzes externas da G1 são acionadas. A primeira visão desanima Wakefield, pois a nitidez das imagens do tubo vaginal é baixíssima. Mas o trabalho principal não é visual, é tátil. Liga-se então o disparador de ondas em alta freqüência. Primeiramente, na tela do computador, é construído um holograma de todo o canal vaginal. Uma vez mapeado, a G1 passa a disparar as ondas de alta freqüência, rastreando as paredes do tecido em 360 graus ao redor de si, partindo da entrada da vagina (em ponto próximo às glândulas de Bartholin, responsáveis pela secreção de líqüidos na estimulação sexual) e prosseguindo em direção ao colo do útero. Um trabalho exaustivo e demorado, explorando cada micromilímetro daquele universo cilíndrico e de relevo irregular. Eva nada sente. Nem prazer, nem incômodo, nem mesmo cócegas. O único estímulo que tivera naquela manhã se deu durante a introdução do dispositivo, quando Trefulka, sem nenhuma intenção, pressionou seu clitóris por breves segundos. Apática e já entediada após três horas e nove minutos de busca infrutífera, sua respiração e batimentos cardíacos começam a entrar na freqüência próxima do sono.
Após metade da cavidade vaginal ser meticulosamente inspecionada, o quarteto já teme estar compondo a pantomima científica de um embuste colossal. Mas pelo menos teriam o mérito de desmentir o mito, de derrubar a lenda com análise absolutamente rigorosa. Já seria um grande feito, sem equivalentes históricos. Nem mesmo descobrir (ou matar) o Monstro do Lago Ness poderia fazer sombra. Logicamente que deveriam repetir a pesquisa com outras mulheres, mas sabiam que Eva era um exemplar (esse termo usavam sem pudores) saudável e absolutamente dentro dos padrões normais de sexualidade. O erro em sua escolha era de uma probabilidade remotíssima. Mas eles sabiam que a “glória” de fincar o pé na história como os cientistas que comprovaram a inexistência do misterioso ponto era um prêmio-consolação. Pior que isso, era uma maldição. Seriam lembrados por homens e mulheres do mundo todo como o quarteto que implodiu um enigma fascinante, que acabou com a brincadeira, que zombou da humanidade ao dinamitar um caminho que era mais divertido do que o próprio destino. O cidadão comum teria de voltar seus olhos novamente aos céus, contentando-se com o mistério de existir ou não uma raça alienígena, imaginando se pelo menos as fêmeas da espécie teriam Ponto G. Seria resgatada a hegemonia do clitóris, mesmo tendo Freud afirmado ser o orgasmo vaginal aquele verdadeiramente delegado às mulheres sexualmente maduras. Pessoas de todas as nacionalidades apontariam os integrantes do quarteto com ira nas ruas, talvez tivessem até de criar uma nova identidade, mudar o rosto em algum colega cirurgião plástico. E o mais vergonhoso para um profissional da alta pajelança: nada lucrariam com o feito.
Terminado o intervalo de almoço, voltaram todos a seus postos. Eva comeu uma pequena porção de pelmeni, uma espécie de ravióli russo, coberta por uma rala camada de nata - para não pesar no estômago e fazer a oxigenação descer para a digestão, gerando sonolência. Eva bebe um pequeno gole de água que desce gelado ao passar pelos dentes recém-escovados. Deita-se e espera. Ela nada sente, mas, no silêncio interno do seu corpo, a G1 é novamente acionada. Desta vez com a imagem parecendo um pouco mais nítida nos monitores. O tempo corre, a G1 inspeciona, Eva tenta lembrar das bolsas que cobiçara nas férias passadas no balneário de Koktebel, em Odessa, para evitar pensar em homens. Um exercício difícil porque queria as bolsas para ficar mais elegante, e queria ficar mais elegante para conquistar homens. Resta apenas ¼ do duto vaginal. Os quatro pesquisadores já estão se acostumando com a idéia da derrota. Eva concentra-se para não cair no sono. Já esqueceu das bolsas. E dos homens. Gostaria apenas de estar em casa, cuidando de seu gato angorá e preparando o pelmeni que aprendeu com a mãe, pois a porção do almoço ficou devendo. Até que, de súbito, sua pupila se dilata ao mesmo tempo em que ela emana um “uh!” seco, quase involuntário, acompanhado de uma leve contorção do corpo e colisão dos joelhos e coxas. Schwärzler é o primeiro a perceber, testemunhando a reação pela câmera. Trefulka flagra o salto repentino dos batimentos cardíacos. Wakefield confirma o estímulo pela marcação de respiração mais ofegante e manifestação de calor repentino na região pubiana. Emoto nota que aquele breve e misterioso momento foi acompanhado de uma ligeira microdescarga elétrica, gerada pelo próprio corpo de Eva. Constatam que não se tratou de um orgasmo, mas que foi, sim, uma forte pulsão de libido. Pela câmera da G1 não se consegue visualizar muito. A nave parece estar à deriva. Os líquidos íntimos de Eva são liberados em profusão, numa corrente que quase tira a G1 de controle. De repente, conseguem visualizar algo: um minúsculo ponto em relevo. Sua cor parece oscilar entre o púrpura e o azul, destacando-se saliente em meio à carne vermelha. A bojuda partícula chama a atenção no relevo rugoso por sua convexidade absolutamente uniforme, uma semi-esfera saltando reluzente para fora do tecido vaginal. Uma protuberância mínima, algo como um pixel na tela de um computador. Pareceria um microematoma, não fosse sua delicada e misteriosa fluorescência rósea. Tudo indicava estarem diante da terra prometida de Ernest Gräfenberg.
Wakefield segura o joystick tentando controlar seus reflexos. Nunca, nem mesmo em sua primeira cirurgia, se sentiu tão nervoso. Esforça-se para não tremer. Consegue então aproximar a G1 da minúscula bolha, que por sua vez parece encarar a nave de forma serena e ao mesmo tempo desafiadora. Todos os quatro se precipitam para a frente do monitor principal, esticando seus pescoços a fim de apreciar a relíquia científica. No quarto, Eva tenta se recuperar do breve momento de êxtase. Ofegante, busca decifrar o que se passou. Pálpebras semi-cerradas, peito arfando e a expectativa de um novo estímulo. Segura firme o lençol, apertando-o com toda força, a ponto de sentir doer os nós e pontas dos dedos.
Na sala de controle, Emoto se entusiasma, mas fala de maneira contida aos colegas que é preciso aplicar novo estímulo com as ondas de alta freqüência. Schwärzler e Trefulka consentem, olhando para Wakefield ansiosos. Wakefield dispara o botão. Novo estímulo. Eva novamente se contorce, agora de forma mais demorada e intensa. Mesmo sabendo estar sendo observada, ela não consegue se conter. No monitor, o ponto se encolhe e se expande. A lubrificação íntima chega a níveis altíssimos. Emoto então assume o segundo joystick. De forma heróica consegue manter o controle da nave, aproximá-la do ponto e cravar duas micropinças no tecido vaginal, fixando a G1 bem em frente de seu alvo. Eva começa a suar. Os joelhos tremem. Entre perplexa e excitada, olha boquiaberta para a câmera no teto, como que esperando pelo golpe de misericórdia. Quase implora com os olhos.
Emoto agora ordena um aumento de freqüência para terem certeza do que está acontecendo. Schwärzler dobra o estímulo. Mas Trefulka gira o botão para a potência máxima. Wakefield olha para os colegas temeroso, recebendo em troca ares de intimidação. Sente então que a expedição chegou de fato ao clímax em todos os sentidos. Ele já não pode mais disfarçar o tremor de seu dedo em cima do botão, quase não consegue pressioná-lo. Então, fecha os olhos e dispara.
Eva lança o tronco para cima num sobressalto instantâneo, com os olhos fechados e a cabeça pendendo para trás, numa convulsão que surpreende os cientistas. Saltam os bicos dos seios, as coxas se comprimem, a barriga se recolhe, os músculos de todo o corpo se retesam, um arrepio de febre parece chegar a inflar o lençol. Wakefield pega o telefone vermelho para chamar o socorro dos paramédicos, mas é impedido por Emoto. Eva parece possuída, grita e se contorce violentamente, esfregando costas, pernas e braços por toda a área do colchão. Trefulka esboça um sorriso nervoso, com os olhos grudados na tela. Mas, repentinamente, passam a observar no monitor uma reação não prevista: o pequeno ponto estimulado se encolhe até deixar de ser uma protuberância, sua cor muda para o roxo e, em seguida, para o vermelho, confundindo-se com todo o tecido vaginal. No holograma, ele também some, como se nunca tivesse existido. A G1 volta a ficar agitada pela turbulência ao seu redor, mas agora não só pela abundante secreção de líquidos. Toda a cavidade vaginal parece querer expelir o micro-objeto. Ela se comprime e se expande vigorosamente, como se tivesse vida e vontade próprias. As pinças não conseguem mais segurar a G1 e ela é então projetada para a maré íntima de Eva, ficando mais uma vez à deriva. Nem Wakefield nem Emoto conseguem manter o controle, deixando o dispositivo navegar ao sabor do fluxo. Trefulka pensa em pedir calma pelo microfone, mas Schwärzler segura sua mão no botão on/off ao notar que não há mais o que fazer. Sem entender, os quatro estudiosos apenas observam, impotentes, a pequena nave sendo expelida do corpo vaginal, entrando logo depois em curto-circuito.

Enquanto isso, do outro lado do planeta, o mecânico Rafael também procura o Ponto G de outra Eva, sua namorada. Deitados na grama, lendo poesia.

Meninas de Carne
Você é ou conhece a garota da foto? Então, manifeste-se.
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Texto e foto: Mario Lopes
*Olivier, Le Perroquet

Mon Dieu, Mon Dieu. Essas palavras costumavam ser as únicas proferidas por aquele papagaio cinza, de voz engraçada. Se bem que, é um karma comum a todos os papagaios ter esse falsete cômico, que beira à tragédia de tão irritante. Deve ser vingança dos deuses, justiça divina, algo assim, afinal de contas, se esses bichinhos não são capazes de fechar a matraca por sequer um segundo aqui no mundo físico, nessa sociedade contemporânea e capitalista, presumo que também não devem ter dado sossego aos anjos dos céus, ainda nos primórdios da criação. Por falar em criação, se no 7º dia Deus descansou, foi porque não tinha um papagaio por perto.
Ok, ok, eu paro. Vou parar de maldizer toda a raça desses voadores falantes. Meu problema está com apenas um deles: Olivier Pereira. Isso mesmo, um papagaio com nome e sobrenome, se duvidar tem até RG. O primeiro nome foi dado pelo seu primeiro dono, um francês “egocentriqué” e “metido a besté”, que tomou como objetivo principal de sua vida transformar seu “perroquet” em poliglota. Ensinou-lhe um punhado de palavras em diversos idiomas, entre eles russo, escocês, mandarim e latim. Aí você pensa: que homem de sabedoria, profundo conhecedor das línguas, culturas e diferenciais de todos os povos, blá blá blá. Não, nada disso. O monsieur em questão não sabe sequer falar inglês - e não ousem afirmar que é essa a tal da “língua universal” perto dele, é bem provável que ele tenha um chilique à francesa.
Pois bem, o dono francês do papagaio poliglota queria mesmo era entrar pro Guiness Book, e com isso ganhar um dinheirinho à custa do pobre bichinho, que vivia sob os maus tratos de seu dono neurótico, psicótico e perverso – não vou nem explicar o porquê de todos esses adjetivos, pra que os leitores deste humilde texto não se assustem. Mas, de acordo com as novelas globais e filmes hollywoodianos, os vilões sempre se dão mal no final da história. Pois bem, dessa vez não foi diferente: diante de todas as incansáveis aulas assistidas com atenção pelo nosso amigo Olivier, Le Perroquet, não é que o bichinho travou justamente na primeira frase que lhe foi ensinada? Mon Dieu, Mon Dieu, repetia ele, única e incessantemente. Não sei se por teimosia, por revolta ou por burrice mesmo, mas o fato era esse, o animalzinho só falava isso. E seu dono, após tantos investimentos – já tinha contratado até um assessor financeiro pra contabilizar os lucros que teria com o gênio voador e falante – só teve uma saída: vender o animal pra algum turista rico e desinformado. Rico, porque o francês iria sobre taxar o bichinho, e desinformado, porque só mesmo sendo um alienado pra pagar uma nota por um papagaio chato, com déficit de aprendizagem e que nem verde e amarelo é.
E conseguiu: o turista azarado foi Odalício Pereira, um brasileiro aposentado e ricaço (paradoxal, não?). Em sua última passagem por Paris, Odalício julgou ser elegante voltar ä sua terra natal na companhia de um papagaio europeu, que carregava na penugem a coloração acinzentada do céu de Paris. Só não contava que iria se apegar tanto ao animal: conforme os dias iam passando, mas crescia o afeto de Odalício por Olivier. E foi dessa relação incompreensível – afinal, o papagaio continuava sendo um chato, repetindo sempre a mesma frase – que Olivier ganhou um pai, um lar e um sobrenome. A partir daí, o papagaio passou a se chamar, perante Deus, um padre e algumas testemunhas, Olivier Pereira.
Aí você pensa: pronto, tudo resolvido. O papagaio chato ganhou um dono que o ama, os dois se entendem e convivem muito bem, e esse deve ser o final feliz dessa história, certo? Errado. Diferente dos contos de fadas, essa história não termina com o tradicional “...e foram felizes para sempre”. O motivo? Bom, o motivo é, no mínimo, constrangedor. Vou contar qual é:
De algumas semanas pra cá, essa pequena praga falante parou de repetir a seu habitual Mon Dieu, Mon Dieu, que foi substituído por uma outra frase, de cunho completamente distinto: relaxa e goza. Pois é, seria cômico se não fosse trágico. Agora, o bichinho de estimação do brasileiro aposentado, rico e religioso – lembre que ele até chamou o padre pra abençoar o nome do papagaio – repete incessantemente as palavras “relaxa e goza”. A empregada chega pra trabalhar, e Olivier diz, já cedo: “relaxa e goza”. Os filhos vão visitar o pai Odalício, e o papagaio: “relaxa e goza”. No almoço de domingo, não dá outra: “relaxa e goza”. E na hora da oração então? “Relaxa e goza”. O dia inteiro, o tempo todo, na companhia de qualquer um, Olivier: “relaxa e goza”. (Oras, que papagaio mais chato!)
Diante desse infortúnio, Odalício Pereira não teve outra saída a não ser doar o papagaio pra primeira pessoa que se interessasse. Afinal, não poderia seguir adiante com um bicho que só fala as mesmas palavras chulas. O pior é que o velho Pereira não consegue imaginar de onde foi que seu papagaio tão querido foi aprender tamanha deselegância. “Deve ser da televisão, cada dia mais indecente”, defendia ele.
Por fim, Odalício não enfrentou muita dificuldade em encontrar um novo dono para seu bichinho. Isso porque, o vizinho da casa ao lado, comovido com a história daquele velho bonzinho, achou por bem presentear uma certa senhora com esse animal de fala singular. Sendo assim, Olivier Pereira, Le Perroquet, está agora, nesse momento, viajando para São Paulo, rumo ä mansão de sua nova proprietária, uma tal ministra loira e tão desbocada quanto ele. Boa sorte, Olivier!


Sabrina Moreira

*Texto baseado na obra "A Décima Segunda Noite", de Luiz Fernando Veríssimo.