sábado, 7 de julho de 2007

Era uma vez...



... um monge zen-budista. Imagine um japa careca coberto por lençóis laranja. Agora, coloque-o no seguinte cenário: uma floresta pouco úmida, árvores de flores coloridas e largos caminhos salpicados por folhas secas, tudo isso sob um sol branco, um vento fraco. Jogue um tigre asiático (nada de Taiwan ou Japão, é o felino mesmo), um tigre asiático faminto cujo prato principal seja a sublime carne relaxada e macia de monges zen.

Num momento de distração entre uma levitação e outra, o monge percebe a presença tão insatisfatória, arregaça as saias até os joelhos e corre, corre muito, até que chega na beira de um penhasco.

Não satisfeito em ter um tigre fungando com bafo de onça em seu cangote, o monge percebe que tem outro tigre triste sem trigo – faminto – lá embaixo. Milagrosamente, porém, ele, o monge, agarra uma raiz que estava ali dando sopa – “sopa” para um casal de ratinhos simpáticos que roíam a planta com bastante satisfação, obrigado – há um quê de exagero nas parábolas...

Triste ventura: pendurado na comida de ratos, na beira de um penhasco e cercado por tigres comedores de monge. Porém ali, preso num dos delicados raminhos da raiz (!) tem um enorme, suculento e dulcíssimo (adoro superlativos latinizados) morango vermelho.

Dizem que foi o melhor morango que o monge comeu em toda sua vida – como alguém soube disso pra contar depois é outro papo.

Moral da história: Acha que tudo deu errado hoje? Então pegue uma bacia de morangos frescos, tasca-lhe duas generosas conchas de creme de leite, jogue um punhado de suspiros e mande ver. Em sendo inevitável, relaxais e gozais.

Vanessa escreveu esse texto gozan..., ops, levitando.

Ouça: The eye of the tiger (Survivor)

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Deu pane


Pronto. Tava demorando. A crise do apagão chegou por aqui também. Verdade. Já passou das seis horas da tarde, preciso escrever urgentemente meu texto para postá-lo daqui a poucas horas, já estou atrasada para um compromisso e o tico e o teco aqui resolveram fazer greve. Ou estabeleceram a operação tartaruga... vai saber.

De qualquer forma, acho absolutamente normal que minha capacidade criativa (sim, sinceramente, espero ter uma) tenha decidido desaparecer. Também. Nada mais coerente, diante das barbaridades que têm acontecido. É um tal de ex-ministro que fura a fila do check-in ali, é um certo Brigadeiro dizendo que o negócio foi mesmo pro espaço, é uma distinta ministra pedindo para a população relaxar e gozar e é o excelentíssimo babalorixá da Banania passeando, pra cima e pra baixo, com o seu super-possante aerolula e tumultuando um pouco mais toda a situação.

De verdade. Seria cômico, não fosse trágico. Fico aqui, me perguntando: onde está a câmera escondida? Será que todos fazemos parte de um grande Big Brother ou show de Truman? Quem é o Jim Carrey desta história? No final será que alguém vai ganhar um milhão???

Não. Porque só pode. Alguém tem que ganhar alguma coisa e algumas pessoas devem estar se divertindo com esta história toda. Tenho, inclusive, o palpite que Andy Warhol está envolvido nisso tudo. Penso até que ele foi o primeiro editor de imagens deste grande circo. Sempre definindo, pessoalmente, os tais quinze minutos de fama para cada um de nós, os pobres mortais.

Agora, sinceramente, a classe média não tem sorte mesmo. Puta que pariu. Primeiro eram só os mais endinheirados que viajavam de avião. A hora que o preço começou a ficar mais acessível, pronto. Os aeroportos viraram rodoviárias. E, mais uma vez, quem pode mais, chora menos. Enquanto a grande massa povoa os aeroportos em filas homéricas, tem jatinho particular desfilando no espaço aéreo. Vão lépidos e fagueiros. Felizes e saltitantes. O único problema é que, de vez em quando, o piloto esquece de ligar o Transponder. Mas isso é um mero detalhe.

Daí, já que de avião é difícil, se resolvem viajar de carro – sim, porque graças ao Plano Real e a estabilidade econômica, quase todo mundo pôde comprar seu carrinho – piorou. Além dos impostos (IPVA, licenciamento etc), gasolina (e mais imposto embutido), prestação do financiamento do carro (e dá-lhe juros), seguro e manutenção do veículo, têm que pagar os benditos pedágios. No final das contas, a passagem da Gol é mais barata e, apesar de passar algumas horas sofríveis no aeroporto, acaba sendo mais rápido também. Ou não, como diria Caetano Veloso.

Acho que o melhor mesmo seria viajar de trem. Bom... mas isso fica por conta dos países europeus. Aqui, no “neste país” de Lula, até se fosse de trem haveria um jeitinho de complicar tudo. Afinal de contas, pra que simplificar, se é tão mais fácil complicar. Verdade. Veja só, enquanto em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, os vôos saem de dois em dois minutos, aqui o intervalo é de dezoito. Isso quando nenhum urubu atrapalha tudo.

Bom... o fato é que, enquanto não se resolve o problema de equipamentos precários, controladores de vôo mal pagos, falta de noção e bom senso de Lula-lá e sua trupe toda, a galera vai ficando no aeroporto. Mas também, nem dá pra reclamar. Neste período, dá pra comprar umas balinhas, ler a revista Caras, tomar um cafezinho, gastar sola de sapato e movimentar a economia. Só o triste é que, de um jeito ou de outro, todo este rico dinheirinho, depois de fazer escala nos cofres públicos, passar por malas e cuecas, vai parar na conta bancária de algum figurão. Porém, como o dito popular bem lembra, “rouba, mas faz”. Não sei bem o que, só sei que o povo pensa que faz.

Agora... antes que algum esquerdista da vida (sim, apesar de tudo os PTralhas, ainda existem), venha me bombardear com suas críticas, vou encerar meu texto por aqui.

Apenas sugiro à dona Marta que, depois de relaxar e gozar, fume um cigarro e tome um Red Bull... Isso. Aquele que te dá asas!


Aliane Kanso

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Por favor, onde fica a fila do gozo?!


“Eu mesma tenho passado por essa situação quando viajo”. Esta frase faz parte do pedido de desculpas divulgado em nota, pela ministra do turismo Marta Suplicy, depois de sua insólita sugestão, dada à população que enfrenta o caos aéreo. “Relaxa e goza porque você esquece todos os transtornos depois”. O que será que ela quis dizer com isso? Porque nós podemos passar por esta situação e ela não? Até parece que ela está dizendo, “Sabe com que você está falando?!” Sabemos sim, dona Marta, estamos falando com uma mulher que não consegue administrar o seu ministério, e prefere ficar fazendo piada com a cara do povo brasileiro.
Como diz o ditado, agora a “Inês é morta” ministra. Não adianta tentar concertar, você já desdenhou do sofrimento da população que enfrenta filas, atrasos e cancelamentos de vôos. As suas desculpas não vão amenizar o desconforto de ninguém, muito menos agora, que as férias de julho estão começando e os aeroportos, principalmente os das grandes cidades brasileiras, estão a cada dia mais lotados, inclusive de turistas.
Só faltou a sexóloga e ex-apresentadora do extinto programa TV Mulher, da Rede Globo, onde apresentava o quadro “Comportamento Sexual”, em que tirava todo tipo de dúvidas, dizer, “se o estupro for inevitável, relaxa e goza”, ou pior, estupra, relaxa, goza, mas não mata “. Será que ela está querendo promover o turismo sexual?! Não duvido, pois Marta Suplicy chegou a dizer que o ministério do turismo está tentando fortalecer o turismo interno para melhor receber o turista estrangeiro.
Então, caras leitoras e (res), o dia 13 de junho, data do lançamento do Plano Nacional de Turismo que prevê atingir US$ 10 bilhões com a entrada de divisas no País, também virou o dia nacional do “relaxa e goza”, instituído é óbvio pela nossa ministra do prazer aéreo (como diz o Zé Simão), Marta Suplicy.
Relaxar e gozar seria a última coisa que um ser humano em sã consciência, pensaria em fazer, ainda mais, porque entrou de gaiato nesta confusão entre governo, companhias aéreas e claro, controladores de vôos. E não há corpo que resista (só mesmo uma aula de Yoga, para dar um jeito), quando “se relaxa” em cadeira, no chão ou em cima de mala.
Acho que a ministra não tem noção de que na maioria das vezes, o brasileiro faz um enorme sacrifício para viajar de avião, ou seja, não tem ou não pode ficar gastando o dinheiro que leva para a viagem em fast-foods, livrarias e souvenires de aeroportos. Bom, mas como este assunto ainda vai dar muito pano para a manga, acho que a Marta Suplicy, deveria renunciar ao cargo e negociar com a Rede Globo um espaço para voltar a apresentar o TV Mulher, penso que seria mais vantagem, para ela e para o povo brasileiro, especialmente às mulheres (Será mesmo?!). Porque se como prefeita da maior cidade do país, ela já não fez muito sucesso e se como ministra do turismo também não está agradando, quem dirá agora, depois de sua infeliz declaração.
Mas enquanto isso não acontece, pelo amor de Deus, dona Marta, vá lavar roupa no tanque, ou qualquer coisa que o valha. Ah, e uma sugestão: “relaxa e goza”, tá?!

Camila Age

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Pizza e videogame



Catarina fala e ao mesmo tempo pega sua bolsa, a chave do carro e a agenda que sempre ficam perto da porta.


— Tchau Bruno, a mãe tá indo pra agência. Se cuidem meninos, não destruam minha casa. Fiz um bolo ontem e tem refrigerante na geladeira. Quando voltar quero tudo em ordem, ok?


Já na garagem lembra que esqueceu um CD com a arte final das peças da campanha. Ela tinha levado o trabalho para finalizar em casa, durante o final de semana. Volta. Quando entra, ouve os meninos falando alto. Uma curiosidade inconsciente toma conta dela e faz com que entre e se locomova pela casa sem fazer nenhum barulho. Pega a conversa no meio:


— Gostosa pá caralhooooo. Que bunda tesuda.


— Cala boca seu merda, ou eu quebro teus dentes. E ainda dou um trago na tua mãe, finjo que sou teu velho e meto minha pica no cú dela.


Catarina, anda pé-ante-pé, tentando não fazer nenhum ruído, para perto da porta da cozinha e escuta atenta.


— Ah Brunão, na boa véio, minha mãe deve até ter a mesma idade que a tua, mas a minha é gorda e tem cara e corpo de mãe. Mas a tua não, cara, ah, ela é boazuda, melhor que muita guria da nossa sala. Fala sério...


— Pode até ter corpão, mas é minha mãe, porra, dá pra respeitar?! Mãe da gente é sagrada, brother... Cala essa boca!


O coração de Catarina bate forte, com medo que o filho adolescente a flagrasse ali, tendo uma atitude própria da idade dele, e não da sua. Ouvir atrás da porta não é uma atitude que espera-se de uma senhora de meia idade. Uma espécie de vaidade invade seu peito, sente o rosto e o corpo ferver, seguido de um desassossego, uma inquietação. Não suporta mais ficar ali. Sai quase que correndo em direção ao computador, pega o CD e volta ainda mais rápido para o carro.
No carro, com a porta fechada, sente-se segura. Começa a rir. Não pode acreditar que o amigo do filho, um menino de 17 anos, ache ela ‘boazuda’, como ele mesmo dissera.


Catarina é divorciada, tem 47 anos e dois filhos: Bruno de 17 e Guilherme de 25 - que já é casado. É diretora de arte em uma agência de publicidade e leva uma vida corrida, como qualquer mãe de classe média. Precisa se dividir entre a profissão e a criação do filho mais novo. O pai dos meninos casou com uma moça que, na época, tinha a metade da idade dela. Com o tempo se ausentou da vida deles. Embora esteja quase na casa dos cinqüenta, ela aparenta menos, tem a pele branco-neve que parece nunca ter visto sol, a textura de um pêssego maduro, como que hidratada sempre por algum creme caro. Os seios são pequenos, a cintura fina e as ancas largas. O cabelo preto liso na altura dos ombros brilha feito propaganda de xampu. Usa roupas mais modernas que as mulheres da sua idade, talvez pela profissão, talvez pelo gosto. Tem um namorado, Augusto, mas ultimamente se vêem pouco e a relação está pra lá de morna.


Durante todo o dia pensou no menino, amigo do filho. Aquilo era loucura. Ele nunca se atreveria a nada, falou aquelas coisas mais para provocar Bruno do que por qualquer outro motivo. Mesmo assim, aquela situação toda encheu seu dia de graça, de divertimento, de distração.

Era julho, período de férias escolares. Ela bolou mil coisas para que as ‘crianças’ não saíssem de sua casa. A casa de Catarina virou o QG dos moleques e ela passou a adorar aquela movimentação. A cada dia um menino novo aparecia. A cada dia estavam mais à vontade em sua casa, e o seu menino sempre estava ali, todos os dias e algumas noites também. Era essa proximidade que ela queria.

Numa tarde chegou mais cedo do trabalho, tinha uns cinco meninos vidrados no jogo do computador. Ela gritou:


— Crianças, cheguei.


— Oi mãe. — Oi tia.


— Oi, meninos. Hoje meu dia foi maravilhoso, a minha campanha foi... Bom, nem sei por que estou contando isso pra vocês, vocês não estão nem um pouco interessados... Mas, enfim, o que importa é que estou super contente, pensei em pedir pizza para comemorar. O que acham? Bom, todos vocês estão aí, vidrados nesse jogo, vem cá você, menino, que não tem nenhum controle na mão, me ajuda a escolher os sabores e ligar para a pizzaria. Deixa eles aí, com esse joguinho bobo.


O menino levantou todo tímido. Ela o levou, carregando-o pela mão, até seu quarto. Sabia que ninguém, muito menos Bruno, tiraria os olhos daquela tela. Colocou-o sentadinho na cama, quase como se fosse um boneco, alguém sem vida própria. Pegou a lista telefônica, o telefone sem fio e colocou tudo no colo dele.


Catarina se abaixou e o segurou levemente pelos braços. Ao fazer isso, os seios dela ficaram à mostra, no imenso decote. — Procura aí uma pizzaria que vocês gostem e pede três pizzas. Escolhe os sabores também.


Ao sentir aquele toque, aquelas mãos macias, o menino estremeceu. Era uma mão forte e ao mesmo tempo suave. A pressão dos dedos dela, o calor da mão, a umidade. E o decote... Com os seios à mostra, ele conseguiu sentir o cheiro da pele, ver cada pêlo semitransparente, cada poro, sentiu vontade de entrar por eles e se perder dentro daquele corpo.


— Vou tomar um banho enquanto você faz o pedido. Falou isso e deu um leve beijo em sua testa. Os lábios quentes, tenros. Saiu em direção ao chuveiro. Deixando a porta entreaberta.


Ele não sabia o que fazer. Esqueceu da pizza, da lista e do telefone. A única coisa que sentiu foi seu pau endurecer. Abriu devagar a calça e começou a se masturbar, ali mesmo, sentado na cama dela, embriagado pelo cheiro de suas roupas, de seu sabonete e pela lembrança dos seios pulando do decote. Seus movimentos eram rápidos, desajeitados, sem ritmo. Gozou quase que instantaneamente. Como todo adolescente inexperiente. Ficou ali, com a mão grudenta de porra, sem saber se aproveitava a letargia do gozo, ou se buscava algo para se limpar. Esbaforido, olhou para os lados procurando algo. Precisava achar alguma coisa, rápido, para enxugar a mão, a barriga e a colcha da cama.


Ela se deliciou com cada minuto do banho, ao saber que aquele meninote a observava. Ela podia sentir seus olhos e aquela situação toda a enlouquecia.


Saiu apressado do quarto, fechando o zíper da calça. Carregou a lista e o telefone e voltou para perto dos amigos.


Catarina saiu do banho, vestiu algo confortável e desceu. O Menino estava lá, quase que catatônico, em um estado meio bestial. Ele se perguntava se aquilo era melhor ou pior que perder a virgindade.


— Já pediu as pizzas menino? Estou morta de fome e louca para devorar alguma coisa. Pede logo, vai. Não dá pra perder tempo, daqui a pouco a pizzaria fecha.


— Me dá aqui essa lista. Faz meia hora que você ta com ela e esse telefone na mão. Que cara é essa heim? Bebeu?


Bruno tira a lista da mão do amigo e vai até as páginas amarelas procurar pelas pizzarias.


— M, N, O, P... Pa... Peixarias, perfumarias, persianas, pisos, piz... Mas cadê as pizzarias? Mãe, alguém arrancou as páginas com os telefones das pizzarias da lista telefônica...


Mônica Valentina de Botas Wojciechowski

terça-feira, 3 de julho de 2007

ENTRE UMA E OUTRA BRINCADEIRA




Entre uma e outra brincadeira, quero me manifestar de uma outra forma hoje.
Nota
"Quero pedir desculpas aos turistas e a todos os brasileiros pela frase infeliz que proferi hoje, ao término de uma entrevista coletiva. Não tive por intenção desdenhar, muito menos minimizar os transtornos que estão sendo enfrentados pelos usuários do transporte aéreo. Eu mesma tenho passado por essa situação, quando viajo. Minha intenção foi dizer aos jornalistas e à população que viajar vale a pena, mesmo que os problemas nos aeroportos demorem um pouco mais, apesar de todo o empenho do Governo Federal para agilizar as soluções. Estamos trabalhando no Ministério do Turismo para fortalecer o turismo interno e para receber cada dia melhor o turista estrangeiro.Marta SuplicyMinistra do Turismo"


Não, definitivamente, não foi isso que ela quis dizer. (Acho sinceramente, que ela está subestimando nossa inteligência.) Ela não quis dizer que vale tanto a pena viajar pelo nosso país, que perder algumas horinhas em nossos aeroportos, era o de menos. Quis sim, dizer, que o passageiro de avião é quase culpado por ser esse passageiro que depende da aviação, e que tem que “relaxar e gozar”, enquanto é “estuprado”, pela ineficiência do governo e de suas instituições. É como se fosse culpado por precisar de um serviço. Daqui a pouco os passageiros estão pedindo desculpas por fazer fila nos balcões das companhias aéreas.
E isso só ocorre aqui, no país do carnaval, do futebol, onde as pessoas que são hospitaleiras e simpáticas são confundidas com idiotas, onde tudo acaba em pizza, e agora em sexo.
Há anos, Martha Suplicy trabalhou como sexóloga, teve programa de tv e rádio, onde tirava as dúvidas das pessoas sobre sexo, eram programas que tinham como objetivo desmistificar o sexo. E hoje, como ministra, na tentativa de parecer irreverente como quando tratava de sexo, foi infeliz.. Somente aqui, uma ministra diz aos turistas, os responsáveis pela área que mais cresce que gera empregos, que nada pode fazer, que é assim mesmo que as coisas acontecem, e que no final devem “relaxar e gozar” e aproveitar nossos belos aeroportos com suas deliciosas comidas fast-foods e seus acentos confortáveis.
Quando disse que como ministra do Turismo, está fortalecendo o turismo interno para melhor receber o turista estrangeiro, me pergunto onde é que ela está melhorando? Só se for o turismo sexual! Agora, vejo que não é em suas declarações, e pelo que sei, como prefeita de São Paulo não consegue ser muito bem lembrada, só existem menções a suas lendárias aparições em seu tailler rosa, combinando com o sapato, visitando áreas atingidas pelas enchentes, ou enquanto a cidade vinha abaixo, ela se preocupava em enfeitá-la com novas plantas e flores.
“Martha no país das maravilhas”... ou no país do “relaxa e goza”?

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Pico-Pico-Pica

A Suzi passou o Reveillon de 2007 em Florianópolis - Jurerê Internacional – em um bar badaladíssimo. Foi com a família e alguns amigos. A festa estava rolando solta, animadíssima! Gente bonita, comida boa, Chandon a noite inteira, atores globais desfilando pra lá e pra cá, DJ internacional etc e tal.

Ela estava linda, com um vestido branco de seda, tamancos de salto 12, simplesmente um arraso. Estava tão bem consigo mesma, tão resolvida, tão segura de si que jurou não beber aquela noite e não ficar com ninguém. Não precisaria disso. Sua família e os amigos seriam a melhor companhia.

Claro que ela não cumpriu nenhuma das promessas. Começou entornando algumas taças de champgne, o que se prolongou durante a noite. Riu e dançou muito com a família.

Família sempre vai embora no melhor da festa. A família da Suzi não foi diferente. Eles estavam no embalo das despedidas e Suzi correu para o bar, pegar à última tacinha de champgne, só pra fechar a noite. Eis que surge, próximo ao bar, um Deus Grego, loiro, alto, aparentando uns 35 anos, vestido de branco. “Eu o conheço! Da onde mesmo?” – pensou Suzi. Eles já haviam ficado certa vez, numa boate em Curitiba. Ela lembrou que essa noite acabou com o moço oferecendo carona, cheio de segundas intenções, ela não aceitou, e claro, se arrependeu depois. Ela pensou: “minha segunda chance, não posso perder”.

Trocaram olhares, ela se aproximou, cumprimentaram-se, conversaram e beberam ainda mais taças de champgne. A família, os amigos e as promessas de Suzi já haviam sido ‘deletados’ de sua mente. Só pensava que não sairia dali sem beijá-lo na boca e levá-lo para a praia.

Deram uns malhos, ali mesmo, parados no balcão do bar. Ele a convidou para saírem dali e ela foi sem questionar, afinal ela estava completamente bêbada e louca para terminar o que não fez no dia da boate.

Muito malho. Muito beijo. Quando já não agüentavam mais de tanto tesão, se jogam na areia da praia, a poucos metros do bar. Começa aquela pegação, mão para lá, mão pra cá até que roupas começam a voar.

Momento perfeito, praia, céu estrelado, um gato morrendo de tesão e você enlouquecida por ele, parece até cena de filme romântico. Mas, essas transas nunca são perfeitas como aparecem nos filmes.

Primeiro que os dois estavam nus, em uma praia pública. Segundo: não tinham canga, cadeira, tapete, nada que pudessem deitar em cima para não encher todos os buracos do corpo de areia. Se já não bastasse, a areia estava tomada por pico-pico e outras coisas que pinicavam. Mas, o grau etílico era tão alto, que nem a areia nem as pinicadas foram problema.

Ele subiu em cima dela, para finalmente consumar o ato, mas a coisa não foi tão simples assim. Tudo a milanesa... A coisa entrava rasgando. Tentaram todas as posições possíveis, até tirar o excesso de areia do bilau do moço com o vestido de seda da Suzi eles tentaram, mas, a areia era tanta, e ainda, misturada com as ‘lubrificações naturais’ do corpo... Não teve jeito. A coisa literalmente murchou.

Por um lado foi bom, eles mal terminaram de se vestir, quando ligaram uma lanterna na cara deles. Dois guardas muito bravos (eu também estaria se tivesse que trabalhar na noite de ano novo) questionando o que faziam ali na praia naquele horário. Sem muita paciência para ouvir o que eles tinham a dizer já foram mandando os dois circularem. A única coisa que o moço conseguiu dizer: “Estávamos procurando o sapato dela”.

Pronto. A noite acabou aí. “Puta que pariu, eu venho esfolar minhas costas e joelhos nessa merda de areia com pico-pico, o cara mal consegue botar o pau em mim e ainda nem repara que eu estava com um tamanco e não de sapato?!” - pensou Suzi.

Ela ficou muito puta da vida. Não quis saber de trocar telefone com o cara. Fez de conta que não escutou quando ele pediu o número. Ela só pensava: “Me deixe em casa e vaze amigo, vaze... E nunca mais volte.”.

Como se toda essa situação não bastasse... Suzi chegou ao hotel, tirou o vestido e só aí reparou que ele poderia ser jogado na lata de lixo, graças aos malditos pico-picos. Ligou o chuveiro, para tomar um banho, não poderia dormir assim, parecendo um bife a milanesa, com areia enfiada até na orelha. Tirou a calcinha e berrou: “como assim, sangue na minha calcinha? Mas além de não ser virgem aquele pau mole não conseguiu fazer nada direito?!” Examinando a “dita cuja” mais a fundo, diante do espelho, viu um pedaço de caco de vidro cravado em um dos grandes-lábios. “Ahhhhhhhhhhhh, era só o que me faltava, ter que ir para o hospital tirar um vidro da perereca, no primeiro dia do ano. O que o médico vai pensar de mim? Se eu ainda tivesse transado... Mas, nem isso. Que grande merda”.

E assim terminou a cena do filme de Suzi, na fila do postinho de saúde, levada pela mãe que não conseguia parar de rir da situação, esperando para levar alguns pontinhos... Ela jurou, que nunca mais quebraria uma promessa de ano novo.

By Carlota Joaquina

domingo, 1 de julho de 2007

Por um rubor mais convincente


Quanto mais passava o pano úmido, mais o tom vermelho se dissipava para o rosa, espalhando-se pelo bege. Mas Joelmir não desistia, permanecia no esfrega, alastrando o degradée e fazendo tanto atrito que esquentava a gola do blazer. Até que sua tenacidade começou a desgastar o tecido. Joelmir bufou, segurou-se para não gritar um palavrão em sua sala cercada de finas paredes de eucatex. Até que Murilo entrou evitando olhar Joelmir de frente.
- Não vai na reunião?
- Que reunião, Murilo?! Você acha que eu tô com cabeça pra reunião?! Foi você, não foi, seu babaca?!
- Eu o que?
- Meu, você nem tá conseguindo segurar o riso.
Murilo cai numa gargalhada reveladora.
- Tá bom, eu tô envolvido, mas não fui eu, não. A gente pediu pra Milene.
- Que Milene?
- A do bocão.
- Da convenção no Rio?
- Essa mesma.
- Então eu tive sorte que ela não engoliu meu blazer. Ei, mas você falou “a gente”. A gente quem?
- Ah, não sou dedão.
- Ué, já entregou a Milene mesmo.
- Pô, Joelmir, mas você quer que eu entregue meu brother?!...
- Tá, manda esse porra desse Eliseu subir aqui pra tirar essa mancha.
- Pára com isso, Joelmir. Manda na tintureira, eu pago.
- Se eu chegar em casa sem o blazer, a Cinara vai desconfiar.
- Desconfiar do que, se não aconteceu nada?
- Murilo, se liga! Você sabe que ela é uma ciumenta obsessiva. Vai exigir que eu dê o nome da tinturaria pra investigar pessoalmente. Só o fato de eu chegar em casa sem o blazer já será motivo pra ela me acusar.
- Então fala a verdade: que a gente te sacaneou.
- Ah, boa! Murilo, acorda, ela vai dizer que “é, vocês são todos uns borra-botas, ficam se protegendo uns aos outros, nhé-nhé-nhé”.
- Tá, diz que esqueceu o blazer no escritório, daí eu levo pra lavar...
- Murilo... Murilo... é igual ao caso da tinturaria... a Cinara daí vai querer vir pro escritório buscar essa porra, bosta, cu, caralho, merda de blazer. Será que você tá se ligando no que vocês me meteram?
- Mas que josta, Joelmir. Se ela desconfia tanto assim da tua conduta, por que se casou contigo?
- Isso não é hora de discutir a relação.
Nisso, Eliseu entra na sala.
- Oi, Murilo, tão te esperando pra reunião.
- Eliseu, o Joelmir já descobriu que foi você. Não sei como. O cara é um gênio.
- Como assim “que foi você”?! Foi tudo idéia sua!
- Ei, vocês dois! Eu quero uma solução, só isso.
- Simples, eu levo na tinturaria...
- Eliseu, a gente já discutiu isso. Todas as alternativas que envolvam confessar a verdade ou lavar o maldito blazer estão fora.
- Ué, qual a solução então?
- É isso que eu quero saber, seus jumentos! A Cinara é neurótica e vocês me foderam.
- Calma, Joelmir, o Eliseu vai ter uma idéia, né, Eliseu?
- Hmmm...
- Aliás, Joelmir, quem manda você usar blazer bege. Se fosse um chumbo ou azul marinho não tinha dado essa merda.
- Animal, quem você acha que me manda vestir só camisa branca e blazer claro? A Cinara! Pra ficar mais fácil de achar mancha de batom.
- Mas então ela é burra, porque daí é só você pedir pra garota não usar batom.
- E não usar perfume, né, porque senão a Cinara fareja.
- Ela te cheira quando você chega em casa?
- Como um perdigueiro. Os caras da alfândega deviam contratar essa devassa.
- Então, vê se não deixa mais esse blazer dando sopa aí pendurado.
- Claro, vou andar com ele por aí no calor. Só falta você me arrumar um cachecol.
- Bege, claro.
- Joelmir, Murilo, esperem aí que eu já volto, tive a tal idéia.
Eliseu sai da sala e Joelmir encara Murilo raivoso.
- Esse idiota tendo uma idéia, haha. Mais fácil a Cínara me deixar chegar em casa atrasado.
- Já sei.
- Diga... Einstein.
- Você diz que foi assaltado e roubaram seu blazer.
- Ela vai dar queixa na Furtos e Roubos, eu vou me enrolar todo pra preencher o BO, daí fodeu.
- Pô, mas mente cara.
- Murilo, ela tem um livro intitulado “Psicologia da Mentira Masculina – Como pegá-lo de calça curta”. Sabe lá o que é isso?!
- Caracas!
- Já sei! Cara, você vai sair agora e me comprar um blazer idêntico a este aqui.
- Tá louco. Quanto custa essa merda?
- Mais barato do que o colete de coluna cervical que você vai ter de usar se não solucionar meu problema.
- Tá bom, tá bom... vou pedir um vale.
- Ah, e não esquece de desfiar essa costurinha aqui no punho, senão ela vai perceber.
- Porra, Eliseu!
- Putz, não dá. Olha aqui no forro. Ela mandou bordar minhas iniciais.
- Puta que pariu. Tem certeza que ela não botou um satélite te vigiando também?
- Não sei, cara. Falou em me implantar um chip.
- O que você tá procurando embaixo da mesa, Eliseu?
- Satélite, acho difícil. Mas microfone escondido não dá pra descartar.
- Cara, que se foda. Deixa ela descobrir. Vai ser uma benção porque daí você já aproveita e pede divórcio dessa louca.
- Não posso, Murilo. Ela tem um primo distante, um tal de Simeão, que é matador de aluguel. Só vi o cara por foto. É uma montanha de músculo, Murilo, maior que essa porta aí atrás.
- Ah, esse cara nem deve existir, ela inventou isso pra te assustar.
- Não vou facilitar com essa maluca.
- Cara, derrama café, daí mistura tudo.
- Murilo! Como que você quer que ela acredite que eu derramei café na gola do blazer, bem do lado do pescoço?! Só se eu bebesse pelo ouvido.
- Ah, tipo você foi se espreguiçar e tal.
- Faça-me o favor, Murilo. Ela vai sacar tudo. Vai dizer que eu camuflei a mancha de batom com café. Que alguma vadia borrou a gola em algum motel da Rodovia dos Minérios.
- Os motéis lá tão dando almoço executivo de brinde.
- Todo motel dá isso, sua anta.
- Sério?! Pensei que só os da Rodovia do Minérios é que ofere...
- Murilo! Volta pro nosso assunto, porra!
- OK, OK. Tive uma idéia.
- Qual?
- Não é nada pessoal, Joelmir, mas por que você não se mata?
Nisso, Eliseu volta à sala segurando o telefone sem fio em uma das mãos.
- Tudo certo. Os paramédicos já estão chegando.
- Que paramédicos?! Alguém se machucou?
- Não, Joelmir. É pra você.
- Como é que é?!
- Minha nossa, o tal do Simeão tá vindo!
- Vocês querem deixar eu explicar?! Olha, eu acabei de falar com o meu cunhado, que é socorrista. Bom, na verdade é motorista, mas tá valendo do mesmo jeito porque ele...
- Fala, caralho!
- Tá bom. Ele dirige uma ambulância dessas de socorro 24 horas. E eu falei pra ele o teu drama, Joelmir, daí disse a minha idéia: a gente finge que você caiu e bateu a cabeça. Ele até conseguiu uma bolsa de sangue pra jogar no seu blazer.
- Tem de ser tipo A positivo.
- Que é isso, Joelmir?! Você acha que ela iria desconfiar e fazer uma perícia numa situação dessas?!?!
- Vocês não conhecem a Cinara...
Eliseu volta a falar ao telefone.
- Jojoba, tem sangue tipo A?... Positivo... Não, retardado, eu quis dizer positivo o sangue, não no sentido de “positivo, câmbio”... Tá... OK...
- E aí?
- Ele disse que eles arranjam, Joelmir.
- Beleza!
- Já tem um médico sabendo da história. Vão deixar você enfaixado na cabeça, daí é só se fazer de desacordado. Até pega uns dias de dispensa. Ô, vidão...
- Parece um bom plano. Ei, mas eu não vou saber fingir que caí.
- Faz de conta que caiu aqui mesmo, tropeçou no pé da mesa. Daí a gente já sai da sala com você arrastado.
- Tá, mas e como que eu vou sair sangrando daqui!?
- A gente faz um cortezinho em você.
- O que?!?!
- Calma, Joelmir. Cortezinho de nada. Uma incisãozinha do lado do pescoço.
- Caaaaaaaaaaara...
- Fica frio. Até trouxe o estilete.
- Tem que desinfetar esse troço.
- Joelmir, não é hora pra esses luxos.
- Ai, ai, ai, não sei não.
- Jojoba, venha rápido que eu vou preparar o terreno.
Eliseu desliga o telefone. Certifica-se de que a porta está fechada, tira o estilete do bolso e sobe a lâmina.
- Joelmir, não vou nem sujar a lâmina.
Pouco tempo depois, Cinara fala ao celular em seu carro.
- Cortou a jugular?! E como alguém pode cortar a jugular tropeçando no pé da mesa?!... Hmmm... Estranho, hein, Ângela. E perdeu muito sangue?... Ah, amiga, muita coincidência isso de ter uma bolsa de sangue do tipo dele na ambulância, hein!... Quem acudiu o Joelmir?... Aqueles dois idiotas, sei... Saíram da sala desesperados?... Como assim?... O Joelmir tentou esganar o Eliseu?!... Ué, mas por que se foi o Eliseu quem socorreu ele?!... Ui, que cena de horror... Correu sangrando atrás do Eliseu até cair desacordado?!?!... Não tô entendendo nada, só sei de uma coisa, Ângela: tem mulher no meio. E você, como minha informante contratada, tem de descobrir quem é. Vou mandar grampear os telefones de novo. Tenho certeza que é aquela tal de Milene... Ééééé, aquela do bocão. Você mesma me disse que ela chamou atenção naquele congresso que teve no Rio. Fica atenta, Ângela. Alguma pista?... Hãããnnn, ele deixou o blazer. Então, vai lá e vê se não tem nada nos bolsos, bilhete, fio de cabelo... Melhor: manda já o blazer lá pra casa pelo motoboy... Ei, você, como secretária da diretoria, bem que pode pedir uma licença e dizer que vai pro hospital ajudar o Joelmir... Alô... Alô, Ângela... Caiu... Ô, merda, vou ligar lá de casa. O celular não pega direito aqui na Rodovia dos Minérios, Simeão.

Meninas de Carne
Você é ou conhece a garota da foto? Então, manifeste-se.
Se não conhece a figura, tente identificá-la no meu Orkut:
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=13286287392859360604.
A primeira pessoa que responder corretamente seu nome e sobrenome nos comentários, deixando ali algum canal para contato, ganhará um DVD do filme “Dermografia”, que tem minha concepção, roteirização e assistência de direção (estréia em breve no cinema).

Texto e foto: Mario Lopes

Neuróticas, sim. Graças a Deus!


Caras amigas, Meninas de Papel e leitoras(es) do blog, tenho uma notícia, no mínimo, aliviante: ser neurótico é ser normal. Isso mesmo que vocês ouviram (ou melhor, leram): quando você chama alguém de neurótico, não está falando nenhuma novidade.

Tá bom, vai, eu explico. O meu marido, Freud – com quem me casei na semana passada, lembram? – me contou que o que tem de mais natural na cabeça de todo mundo é, justamente, a neurose. Quem não é neurótico, aí sim, é louco, doido de pedra. Os que não são neuróticos só têm duas saídas: ou são psicóticos (que não têm distinção entre o real e o simbólico) ou são perversos (que não possuem sentimento de culpa; são os malucos que mentem, estupram, matam e saem dando risada).

Já os neuróticos, aaahhh, que criaturinhas adoráveis: atropelam um cachorrinho, passam o resto da noite culpados; traem a confiança de alguém, e perdem a coragem de ohar nos olhos; não cumprem uma promessa, e fazem de tudo um pouco pra se redimirem. Enfim, a neurótica aqui sou eu!, mas você aí que tá lendo também é. Somos pessoas boas, intensas, fantásticas. Gente que tem cabeça e, principalmente, que tem coração.

As neuroses femininas, portanto, são apenas um temperinho essencial da mulherada. Nós, as ladys, encanamos sim com celulites, culotes de pão-de-queijo, compulsão por compras, “protuberâncias abdominais”, semanas com Lei de Murphy... e muita “etc e tal”. Tudo isso faz parte do diferencial feminino, assim como os homens têm suas crises inerentes à raça – pensem que os bíceps e tríceps estão para os homens assim como a bunda e os peitos estão para as mulheres, entendeu?

Enfim, a neurose é o que nos faz sermos melhores a cada dia. É ela quem nos impulsiona a tentarmos ser mais bonitos, mais inteligentes, mais verdadeiros, mais humildes, mais queridos, mais... aceitáveis, adequados. E é aí que mora o perigo. A neurose em excesso pode machucar, tanto a nós mesmos quanto aos outros.
Não vale a pena arriscar a vida em nome da beleza. Nós é que devemos criar nosso próprios padrões, e eles não precisam se adequar aos dos outros, não é?

Sendo assim, proponho um desafio: dê umas férias à neurose excessiva – pelo menos por uma semana. Beba um chopinho com as amigas, sinta o prazer de comer um bolo de chocolate, ponha o biquíni e vá dar um mergulho, menina! Afinal de contas, mais vale dar valor às coisas boas e simples da vida do que às imperfeições do corpo.
Sabrina Moreira