O problema da Elisabeth é que ela mente demais. As mentiras são demais: exageradas, sem limite, mas ao mesmo tempo tão fabulosas.
O problema de Elisabeth é que ela se esquece da verdade. Se imagina vestida de amarêlho (um tom assim, pôr-do-sol) e sai correndo de cinza na chuva. Quando se tem 8 anos, como Elizabeth, mentir é um explodir de imaginação necessário.
O problema das mentiras de Elisabeth são as inconseqüências. A vida de verdade desaparece. Outro dia quase morreu atropelada. Imaginou-se primeira bailarina da Rússia e bailou lago dos cisnes na Paulista.
Quando Elisabeth cresceu ela continuava mentindo. Mas eram mentiras menores, adultas. Tinha se esquecido, por exemplo, de quando fingia ser a Rainha da Inglaterra e organizava pequenas orgiazinhas infantis – o máximo da transgressão aos oito anos é rodar a saia sem calcinha.
As mentiras adultas não passavam de um atraso justificado no trabalho, umas desculpas para aquele chato que não pára de mandar telemensagens cafonas, umas opiniões maquiadas sobre a roupa que a amiga tinha acabado de comprar. Mentiras adultas, diplomáticas. Sentir a perna pululando de tanto correr se imaginando mulher maravilha ou fechar os olhos enquanto se balançava pensando no céu? Isso nunca mais. As mentiras adultas não têm um pingo de lirismo. São automáticas, servem para que vivamos em paz aqui dentro. Ela não ficava horas na janela imaginando como a pedra que flutua flutuava com a gente aqui dentro.
Quando apresentaram a ela o second life, ela não teve dúvidas:
– Bobagem de criança.
Elisabeth tinha crescido.
O problema de Elisabeth é que ela se esquece da verdade. Se imagina vestida de amarêlho (um tom assim, pôr-do-sol) e sai correndo de cinza na chuva. Quando se tem 8 anos, como Elizabeth, mentir é um explodir de imaginação necessário.
O problema das mentiras de Elisabeth são as inconseqüências. A vida de verdade desaparece. Outro dia quase morreu atropelada. Imaginou-se primeira bailarina da Rússia e bailou lago dos cisnes na Paulista.
Quando Elisabeth cresceu ela continuava mentindo. Mas eram mentiras menores, adultas. Tinha se esquecido, por exemplo, de quando fingia ser a Rainha da Inglaterra e organizava pequenas orgiazinhas infantis – o máximo da transgressão aos oito anos é rodar a saia sem calcinha.
As mentiras adultas não passavam de um atraso justificado no trabalho, umas desculpas para aquele chato que não pára de mandar telemensagens cafonas, umas opiniões maquiadas sobre a roupa que a amiga tinha acabado de comprar. Mentiras adultas, diplomáticas. Sentir a perna pululando de tanto correr se imaginando mulher maravilha ou fechar os olhos enquanto se balançava pensando no céu? Isso nunca mais. As mentiras adultas não têm um pingo de lirismo. São automáticas, servem para que vivamos em paz aqui dentro. Ela não ficava horas na janela imaginando como a pedra que flutua flutuava com a gente aqui dentro.
Quando apresentaram a ela o second life, ela não teve dúvidas:
– Bobagem de criança.
Elisabeth tinha crescido.
Vanessa, vida de gente grande.
Ouça: A Space Boy Dream, Belle & Sebastian.