sábado, 11 de agosto de 2007

how to disappear completely and absolutly



Dias desses meu vô, beirando os noventa, apareceu lá em casa. Um par de olhos apertadinhos e flácidos, sem brilho. Olhava para as malas antigas que tenho como decoração na minha sala como se pensasse em outro tempo, o que há-de vir. Alguns minutos assim, e me disse que fez uma lista das pessoas com quem tinha convivido durante esses tempos. Duzentas e quinze pessoas, mais ou menos. Todas morreram.

Entendi que a pior ansiedade é ter vida longa e lembrança/saudade ao mesmo tempo.

Entendi tanto que resolvi viver agora: não bato mais ponto, estudo desenho e escrevo.


(talvez não seja tão bom assim deixar para viver aos sessenta, setenta, oitenta...)

Ouça: How to disappear completely, Radiohead


Vanessa, não fumo mais.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Vamos nos permitir


Batata. Vocês já notaram que quanto mais a gente quer algo mais difícil esse algo parece? Pior ainda é quando este querer é tanto que chega a colocar tudo a perder. Verdade. Isso acontece. Mas ou menos como a lógica do parafuso, sabe? Aquela que diz que quanto mais se aperta, mais espana.

Pois é. Além deste objeto cilíndrico de metal, a lógica se aplica às coisas simples e práticas da vida também. Passar no vestibular, arrumar aquele emprego, iniciar a tal dieta, ganhar uma promoção, casar, engravidar, e, para seguir na rima, tudo mais que se possa imaginar.

Às vezes ficamos ansiosos. Fazemos milhões de planos. Desenhamos o futuro. Apostamos no amanhã e nos esquecemos do agora. Parece que chegar ao topo da escada é tão importante que esquecemos de perceber os degraus.

Na verdade, acho que a grande sacada é saber curtir o processo. Se bobear, o caminho pode ser tão bom, ou até melhor, que o destino final. Pois é. Eu sei. Acho que estou meio filosófica hoje. Vai ver que foi o papo sério de agora pouco. Mas, de qualquer forma, tudo isso é a pura verdade.

Vamos fazer o seguinte? Sem me importar muito com o destino, eu vou sair daqui agora. Pego a estrada, ligo o som no último volume, aprecio bem a paisagem, curto a música e cada momento. E você, na primeira oportunidade, faz o mesmo. Ok?!

Aliane Kanso

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Em homenagem a Mário Lopes

Pergunta e resposta:
Você sabe quem é e onde está a menina da foto?
Quem acertar ganha um doce!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

HOJE NADA É POSSÍVEL


Hoje nada pára, nada pára aqui dentro. Tudo parece querer sair, mas sem encontrar uma fresta por onde. Isso sufoca, a vontade é de gritar, sair correndo, e achar um lugar onde acalmar os ânimos, mas isso é impossível, ao menos no dia de hoje. Hoje a alma está rasgada, dilacerada.
É dia, mas bem poderia já ser noite. É fazer uma coisa pensando em outra, é um respirar angustiante e ofegante, ou quase a falta dele. Apetite demais ou de menos.
Mente acelerada, excitação, mãos suadas, choro compulsivo, sensação de que o mundo pode acabar em alguns instantes, assim que me sinto hoje. Não consigo me concentrar em nada. Esta ansiedade ainda vai me levar à loucura. Nada tem nexo, a vida não tem um porquê.
As sensações e os sentimentos me afligem e me consomem. Nada me satisfaz, a impressão que tenho, é de que vou parar de respirar daqui a um segundo.
Hoje preciso ter tudo sobre controle senão vou pirar, não vou ter tranqüilidade, nem conseguir dormir, repousar. Acho que essa é a tal da ansiedade patológica.
Um vazio no estômago também me incomoda, pressão no tórax, vertigem, tudo em demasia, sem distinção do certo e do errado, incapacidade generalizada. Estou a ponto de estourar, as dores musculares são intensas, a boca está seca, enjôos, é como se eu estivesse com um ”bolo” na garganta, deprimida, assim é que me sinto também. E o pior é que essa ansiedade pode me levar ao pânico, ou pior, à síndrome.
Hoje nada é possível porque esta falta de ar, este frio na espinha, junto com uma opressão no peito mais as palpitações, não me deixam agir desde a hora que acordei. Esta ansiedade que hoje me consome, é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga.
Agora já está anoitecendo e só me resta esperar. Talvez eu consiga dormir, e amanhã eu possa voltar a respirar.

Camila Age


Obs: Desenho de Marcelo Grassmann/ 2002

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Como acabar com a ansiedade em 9 passos


Ansiosa? Não. Não sou mais. Receita? Claro, vai lá... Anota o passo-a-passo.
1) Larga tudo. Começa pelo marido e pelo trabalho, claro, se essas coisas te estressam de alguma forma. Por exemplo, se o marido joga na cara que te ajuda e você não dá nada em troca e se o chefe só consegue ver teus defeitos e não enxerga as dezesseis horas seguidas que você passa na ‘firma’, sem contar que nas outras oito que restam você não consegue dormir, esquece, filha. Chuta, mas, tem que ser bicudão.
2) Depois de mandar marido e chefe às favas, corte o laço com a humanidade. Esqueça, por uns tempos, que existe secretária eletrônica, e-mail, celular e coloque uma mensagem de luto no Orkut, ou, se preferir, algo mais religioso e cínico: matei marido e chefe, depois me matei. Mas, me tornei uma pessoa de Deus e em breve, ressuscitarei. Se fizer isso, esconda o celular bem longe, de preferência o enterre no jardim, pois todos os seus amigos irão ligar pensando que você perdeu o juízo de uma vez por todas.
3) Próximo passo: passa na agência de viagens e reserva as passagens. Vai praquele lugar que você sempre sonhou, mas que você se continha com medo de perder os amigos. Quando falava da idéia, eles te olhavam como se você fosse à reencarnação do Alien e mandavam suspender a tua bebida. Pode ser aquele hotel jamaicano de suruba que é liberado trepar com o garçom ou então, para uma tribo indígena no meio da Amazônia para tomar chá de Ayahuasca. Ah, e não marque a passagem de volta, isso você só faz quando cansar e sentir saudades de casa, mesmo que esse processo demore seis meses ou, que ele nunca chegue. Nesse caso, fique, forever and ever...
4) Voltou? Sentiu falta de congestionamento? Daquela aura cinza de cidade grande? Tudo bem, é normal. Agora repense em como vai ganhar a vida. Mas pense com o coração, não com o bolso. Se algum pensamento do tipo: nossa, mas eu vou ganhar menos, invadir sua mente, bata com a cabeça na parede, bem rápido e com força, em seguida, molhe os pulsos. Encare que você tem duas opções na vida: ser feliz e classe média, ou, ser rica e gastar parte do meio milhão que você ganha por mês em: massoterapia /acupuntura / homeopatia / florais de Bach / cristais energizantes vindos da Malásia / psicólogo / psiquiatra / yôga / livros de auto-ajuda / vibrador / boate e pinga.
5) Venda ou doe tudo aquilo que não te serve mais. Reza a lenda que coisas que não usamos acabam acumulando energia negativa. Então, entre na linha zen-budista e mentalize o desapego. Comece jogando fora aquela bolsa maravilhosa que você pagou uma nota e que arrebentou a alça faz sete anos, desde então ela está guardada lá no fundo do seu armário esperando pelo dia de conhecer o sapateiro, que nunca chegou. Abra um saco bem grande, entoe um mantra indiano e joga tudo, bem rápido, sem pensar muito, pra não ficar em dúvida.
6) Pare de comer carne, tomar café e se entupir de alimentos industrializados podres e cheios de conservantes. Se você for a Mulher Maravilha e quiser se superar ainda mais, pare de beber, fumar e usar qualquer tipo de droga (módulo advanced). Além de perder alguns vários quilos, você se sentirá leve de alma, como se flutuasse por um jardim de lírios e bolas de sabão. E juro, quando se está bem mesmo, nada disso faz falta.
7) Ah, essa é importante. Mesmo que esteja trabalhando naquilo que ama, NUNCA trabalhe mais do que oito horas por dia e aos finais de semana. Se possível, fique com a carga de seis horas/dia.
8) Por fim: plante uma árvore frutífera e imagine que ainda vai comer frutas ali, com seus bisnetos; adote um animal de estimação, eles sabem, como ninguém, arrancar um sorriso do seu rosto; vista meias amarelas grossas, polaina rosa fúcsia, calcinha de malha, camiseta extra large bem macia, um cachecol, por causa do frio, e coloque seu disco predileto de rock’n roll no último volume e deixe o pogo rolar solto. Uhul! Nada melhor.
9) Se ainda assim sua ansiedade sobreviver, vá até o quintal, cave um buraco, entre nele e comece a jogar terra em cima de si mesmo. Você está próxima do fim.
Obs1: texto dedicado as meninas do 02 neurônio, que sempre me fazem rir muito. E a corajosa amiga Van, que tem culhão pra chutar o balde.
Obs2: escute Miss Lexotan 6mg do Júpiter Maça.
Mônica Wojciechowski – que aprendeu a arte de “como matar sua ansiedade” com o Pai Mei.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

A ansiedade e seus sinônimos


Ansiedade é sinônimo de noites sem dormir.
Doces...Humm, morango com açúcar, não, não, açúcar com morango.
É a briga com o relógio: um dia que deveria ter 24 horas, se transforma em 72 horas porque o relógio a cada um minuto que anda pra frente, volta dois. Parece até que brinca contigo.
Papos intermináveis ao celular com as amigas, pois nessas horas são as únicas que ainda te agüentam, e papos intermináveis são sinônimos de contas altíssimas, você praticamente, trabalha o mês inteiro só para pagar seu telefone. Necessidade de falar, se não for por telefone, vai via e-mail, via Messenger, via carta, via sedex, até telefone sem fio vale. É impressionante!
Choro convulsivo sem motivo lógico. A ansiedade deixa qualquer pessoa sensível... Tipo TPM, sabe? Chorar até com a décima vez que vê o final de Titanic quando a Rose grita pelo Jack... Se duvidar ainda coloca o dvd pra repetir, só nessa parte do filme.
E chocolate... Muito chocolate. Hummm, Snickers...
Sem saco nenhum pra qualquer coisa. Quando vai tentar ler, não consegue... Cinco páginas de um livro. Não era tão interessante! Talvez o outro que pegou emprestado de sua amiga seja melhor, pelo menos, parece ser engraçado. Esse você conseguiu chegar até a 10º página. Talvez aquele que fala sobre a linguagem corporal parece ser melhor. Que nada! Vai até a 13º. Nem as belas poesias de Mario Quintana, ou as crônicas cotidianas de Martha Medeiros não conseguem prender sua atenção. Você olha aquela pilha de livros, cheios de marcadores e percebe que terá que ler tudo novamente.
Ah, o pacote de Charge... Esse prende sua atenção como ninguém. Vamos a ele! Sem perder o bom humor.
Perda temporária de cabelos, você consegue arrancar fio por fio, e deixa um rombo no seu couro cabeludo.
É comer, mas comer tanto que no dia seguinte você tem a impressão de que realmente engordou 10 quilos, pois nada te serve.
Ansiedade é sinônimo de domingo à noite... A espera pela semana que começa, a espera pelas mudanças, pela segunda-feira que significa início de um regime... E domingo à noite é sinônimo de pizza de quatro queijos de janta, e não é a brotinho... E de sobremesa, mais chocolates, que tal aquele pacote de Confetti?? Parece uma boa idéia!
Olho tremendo... É, tem vezes que o stress chega a tanto que a parte superior dos olhos começa a tremer e não pára mais. Parece que o olho tá tendo uma convulsão, sabe?
É sinônimo de conta bancária zerada, guarda-roupa cheio de duas coisas, tudo você tem dois, só muda a cor.
Sinônimo de bebedeiras, mas no final das contas, quando ela passa, só ficam as risadas porque ansiedade também é sinal de palhaçada... Você só faz coisas idiotas...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Rumo ao altar

Frio na barriga. Vazio no estômago. Coração acelerado. Nervosismo. Aperto no peito. Mãos suadas. Falta de ar. Compulsão por qualquer tipo de comida. Vontade desesperada de virar um trem e sair apitando. Acordei com essas sensações. Era véspera do meu casamento. Não sabia o que fazer ou pensar. É um dia importante, não posso me estressar. Mas mesmo sabendo disso, não consigo evitar essa ansiedade que me consome.

Tentei ler um livro, assistir televisão. Mas nada prestava naquele momento. Detonei uma caixa de bombom, uma barra de chocolate, um litro de refrigerante e um pacote de salgadinhos. “Socorro!” Eu queria gritar para todos os ventos. “Será que estou fazendo a coisa certa? É isso mesmo que quero pra minha vida? Vou me amarrar a um único homem para sempre?” Milhões de perguntas passavam pela minha cabeça. Eu simplesmente não sabia mais o que estava fazendo!

Já era noite. Hora de ir para a cama. E as sensações que me perseguiram o dia todo ainda me envolvem. Não consigo dormir. O pouco que tento, me pego em sonhos estranhos e minha ansiedade aumenta.

Amanheceu. “Meu Deus é hoje!” As sensações novamente. Meu coração acelerado batia tão forte e desesperado que sentia que saltava do peito. “Vou fumar um cigarro! Melhor ainda, vou ver se a Sula me arruma um baseado! Preciso relaxar de alguma maneira, senão vou ter um treco!" Mas como ainda demoraria, me acabei com um pacote de bolacha recheada e duas latas de refrigerantes.

Estava a caminho do hotel onde me arrumaria e passaria a noite de núpcias. No caminho liguei pra Sula e ela estava indo me encontrar pra tentar me ajudar. Lá estavam a cabeleireira, a massagista, a manicure. Meu vestido estava pendurado numa porta e fiquei alguns segundos perdida, olhando para ele, pareceu uma eternidade, mas quando voltei daquele momento tive um ataque de ansiedade que quase desmaiei.

Já estava quase pronta quando a Sula chegou pra me socorrer. Ela não me trouxe o “cigarrinho” como eu havia pedido. Disse que eu estava louca. “Imagina Maria Helena, você com larica no dia do seu casamento?” Ela estava certa. Me entregou uma garrafinha e pediu pra eu tomar um gole. “Hum, que delícia, o que é?” Era absinto. Tomei alguns goles e comecei a me sentir melhor. Relaxei. Faltava eu por o vestido e tirar algumas fotos no saguão do hotel. O carro já estava lá embaixo. Meu pai me esperava ansioso ao pé da escada. Quando o vi, todas aquelas sensações retornaram. Minhas pernas ficaram bambas, minha respiração ofegante e tive vontade de gritar. Mas não podia assustar meu paizinho, ele estava emocionado e poderia prejudicar sua saúde.
As sensações estavam se multiplicando, aumentando ainda mais meu desespero. “Porque eu não trouxe a garrafinha de absinto!” Que medo, que pavor, que coisa estranha. “Será que o Beto está tão ansioso quanto eu. E se eu não conseguir? E se eu tropeçar? Aiiiiii, quero sumir!”

Quando estava na porta da Igreja tive vontade de vomitar. “E agora? Não tem mais volta. É isso mesmo?” O motorista abriu a porta do carro e meu pai me beijou a bochecha e desceu. Tomou minha mão e eu me apoiei na dele. Desci do carro. Caminhei até aquela porta enorme apertando a mão do meu pai. As minhas mãos estavam suadas. Mal conseguia segurar o buquê lindo de copos de leite. “Ai, ai, ai, os sinos, eles começaram e agora não tem mais volta Maria Helena, respire, respire. Estou arrepiada, estou com frio, calor, com medo, com ânsia, em pânico!” A porta começa se abrir vagarosamente e ai eu olho pra dentro, dou o primeiro passo e o vejo, lindo, com um terno fabuloso, sorrindo, a minha espera. Aqueles olhos verdes pareciam brilhar ainda mais. Todas aquelas sensações que me consumiram nos últimos dois dias sumiram. Meu coração se encheu de uma sensação de paixão e ternura, que caminhei até aquele altar pra me casar com o homem mais maravilhoso do mundo, sem culpas, nem medos, somente amor.

by Carlota Joaquina Romântica de Oliveira Mendes

domingo, 5 de agosto de 2007



Tema da Semana:
ANSIEDADE

MY FIRST AND ONLY LIFE




Primeira vida: olhos de mel, cabelos de pimenta, cinqüenta e tantos quilos.
Segunda vida: coração de gelatina, personalidade de pedra, ansiedade abundante.
Terceira vida: sonhar acordada, manifestar desejos, correr atrás.
Quarta vida: mensalidade da facul, gasolina no carro, suor no muay-thai.
Quinta vida: sorriso sempre no rosto, tagarelar o dia todo... desempenhar papéis.
Sexta vida: brigar com a mãe, aconselhar a irmã, amar a família toda.
Sétima vida: beijar na boca, confundir sentimentos, ter amado uma vez.
Oitava vida: cometer os atos falhos de Freud, desvendar a sombra de Jung, fazer análise pelo resto da vida.
Nona vida: Prospectar cliente, fechar negócio, ganhar dinheiro.
Décima vida: comer doce, tomar cerveja com a galera, dormir até as nove no domingo.
Décima primeira vida: rir sozinha, chorar com filme, se arrepiar com música.
Décima segunda vida: reciclar o passado, pensar no futuro, curtir o momento.
(...)
-- NÃO HÁ ESPAÇO PARA “SECOND LIFE”.

Sabrina de Lima Moreira