sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Contos e Encontros





Ivete: Boa aparência. Super carismática. Bom papo. Uma baianinha arretada. Tinha tudo para ser uma promissora vendedora de uma loja chiquérrima. Não deu certo. Em pouco tempo de trabalho foi demitida. Seu gerente disse que ela não era paga para ficar cantarolando no horário do expediente, que devia se conter. Sem emprego, e pensando em aproveitar o tempo livre, foi fazer aulas de aeróbica na praia. Emagreceu. Conheceu pessoas. No carnaval, comandou um trioelétrico em Salvador. Montou uma banda. Depois, saiu da banda. Fez carreira solo. Tem fãs-clube por todo o país. Hoje, quando faz shows, milhares de pessoas cantam “Ivetinha, você é nossa rainha”. E a loja? Só a passeio, penso eu.



Gisele: Loira. Bonita. Jovem. Um pouco desajeitada no andar, culpa de um crescimento muito acelerado. Não estava habituada àquela altura toda. Gaúcha, foi a São Paulo nas férias. Queria comprar um cachorro. Primeiro queria um grande. Mudou de idéia, podia ser pequeno. Depois, foi passear no shopping. Ver umas lojas. Andar à toa. Bater pernas. Desfilando pelos corredores, chamou a atenção. Foi parar uma agência de modelos. Assinou contrato. Ganhou outras passarelas. Hoje é conhecida pelo mundo. Precisa dizer mais?



Daiane: Menina peralta, risonha e feliz. Gostava de passar suas tardes brincando no parquinho de uma praça perto da sua casa. Muitas pessoas a criticavam. Afinal, com quase 12 anos, ela devia se dedicar aos estudos para ser alguém na vida. O que Daiane pensava? Nem ligava, apenas se divertia. Numas destas tardes, Cleusa, técnica da Seleção Brasileira de Ginástica Olímpica, em mil-novecentos-e-alguma-coisa, ao acaso, passou pela tal pracinha da cidade. Daiane estava lá, fazendo a maior estripulia. Saltava e pulava como se tivesse molas nos pés. Daiane não sabia, mas Cleusa procurava alguém para sua equipe. Coincidência? Talvez. Mas o fato é que esta casualidade já rendeu ao Brasil algumas medalhas pelo desempenho da pequena Daiane.



Pois é. O meu destino, quero crer, sou eu que faço. Agora, pra saber onde é o lugar, qual é a hora certa e quem são as pessoas certas, haja intuição. Então, convenhamos, às vezes, uma ajudinha do acaso não é de todo ruim. Não acham?





Aliane Kanso

7 comentários:

Anônimo disse...

Ali

Veja só. Se a Vero não tivesse ido morar no seu prédio vcs não se conheceriam, logo, você não conheceria a Cami e talvez não nos conhecesse e não fizesse parte das meninas mais maravilhosas dessa vida internética.

A vida é assim. As coisas simplesmente acontecem. Se é acaso ou destino, não sei...

Beijossssss

Carlota destinada ao acaso

Anônimo disse...

Posso garantir que nem a Ivete, nem a Gisele e, muito menos, a Daiane sofriam dos seguintes males:

a) não ter a mínima noção da realidade;
b) não saber, nem de longe, o que se tem para oferecer ao mundo em troca do que se quer dele;
c) não saber o quão vil é usar outras pessoas como degraus para a satisfação de desejos pueris;
c) não saber o quão importante é agir sempre com honestidade.

Além disso, posso garantir que elas são muito boas no que fazem, o que acabou por evidenciar-se através dos frutos que colheram.

Então, para aqueles que sofrem de todos aqueles males acima mencionados e também não têm muita certeza de sua qualidade para aquilo que se propuseram a fazer, só resta esperar, esperar, esperar e esperar...

(e nesse meio tempo construir uns castelinhos de areia por aí)

Não é?

Anônimo disse...

Aliane,

Estou contigo nessas dúvidas existenciais mas tenho procurado acreditar que as coisas acontecem mas pela sincronia do que pelo acaso. Por outro lado não se pode imaginar que as Ivetes, Daianes e Giseles não tivessem nada na cabeça e de repente um luz se abriu ao lado delas e elas entraram por essa porta iluminada e viraram o que viraram. Intencionalmente ou não, elas queriam algo para a vida delas mais ambicioso ou não, que se transformou numa coisa muito importante. Oportunidades surgiram e elas souberam aproveitar.
By the way assim como os verdadeiros amigos nós contamos nos dedos, os ídolos e pessoas de grande sucesso não as encontramos às pencas.
"Gente é pra brilhar" diria Caetano, "mas não para morrer de fome". Se a gente já subiu esse degrau, podemos, porque não?, nos considermos vencedores de algo.

O que acontece, em minha modesta opinião, é que temos de definir individualmente o que queremos de fato para nós mesmos... Dinheiro, Realização, a Fernanda Lima (no meu caso), o Santoro (talvez no seu), ou um Rodrigo ou Fernanda qualquer que nos façam felizes e realizados - um dinheirinho honesto, umas criancinhas para dar uma alegrada depois de uns anos, que mais ???????

Às vezes acho que a gente precisa de tão pouco para ser feliz e complicamos tanto......

Quanto à teoria da espera para todo sempre, não sei se concordo com meu colega anônimo. Senti um certo ar determinista....

W.Allen

Anônimo disse...

eh...
coisas da vida, né, Carlinha...
-
Efeito Borboleta...
Loucura, loucura, loucura!
hehehehehe
-
Bjocas.
Ali.

Anônimo disse...

Caro anônimo,

Não é do meu feitio fazer a tréplica nos comentários, mas, neste caso, so sorry...

Sobre suas quatro observações, de A a C, acredito que, independentemente das personagens terem ou não tais virtudes, o primeiro degrau da série de conquistas chama-se destino.

Realmente, as meninas são mto boas no que fazem, elas não chegaram aonde chegaram sem querer... Mas, acho impossível deixar de atribuir um certo mérito ao “acaso”....

Afinal, qta gente boa tem por aí, em diversas áreas, que não tem o reconhecimento devido... Van Gogh e Modigliani, por exemplo, morreram pobres.

Bjs.
Aliane

Anônimo disse...

W. Allen,

Seus comentários sempre pegam na veia.

Li... mas vou levar algum tempo para digerir as informações. Na seqüência, comento.. ;)

Bjs,
Aliane

Anônimo disse...

Olá Aliane,
Não perca tempo com minhas provocações. Apesar de inofensivas, talvez elas não mereçam resposta, mas reflexões. Isso vale para mim também. Muitas vezes a noção de sucesso para nós, me parece meio equivocada. Será que não?
W.Allen