A vida é cheia de som e fúria. Salpicada de clichês, como esse do Shakespeare. Eu e Jéssica, minha vizinha do andar de cima, nos encontramos certa feita no elevador. Ambas com fones enfiados nas orelhas. E um papo forçado de 10 andares para baixo.
— Legal essa camiseta dos Ramones.
— Brigada, mas na verdade eu não gosto desses rock pauleira... A camiseta é do meu namorado.
Clichê número um. Todo mundo que não sabe o que é rock usa o adjetivo pauleira posposto ao substantivo em questão.
Cheguei no café para me encontrar com Maria Lúcia. Café, móveis marrons, cigarros, e jazz ao fundo, Clichê. Ela é uma daquelas modernetes que a gente gosta de olhar. Bem vestida, cabelos absolutamente mal-arrumados, uma camiseta branca, sapatilhas de leopardo.
— Tenho que escrever um livro sobre o Transa, do Caetano.
— Que merda. O Caetano é um saco, um chato. E ainda canta com aquele sotaque baiano.
Clichê número dois. Ah, juventude alienada essa minha... Concordo que é um saco, a Xuxa pariu a Sacha lá e perguntam pro Caetano o que ele acha. E sua prolixidade toda, ou não. Mas temos que concordar que pedem a opinião dele para absolutamente tudo! E o que o cara fez com os outros malucos na Tropicália... Não dá para diminuir. Até o Beck gosta, seus indies de merda, vocês deviam ouvir também.
Ontem fui ver uma banda daqui da cidade tocar. Nunca tinha ouvido, mas já conhecia de nome. Músicas para se ouvir sentado, samples emitidos a partir de um I-book, uma vocalista linda com voz desafinada. Perfeitamente inglesa.
— Mas eles só cantam em inglês?
— Claro!
Clichê número três. Português é uma péssima língua para fazer rock. Deve ser porque assim a gente entende as letras. Poesia pura...
— Legal essa camiseta dos Ramones.
— Brigada, mas na verdade eu não gosto desses rock pauleira... A camiseta é do meu namorado.
Clichê número um. Todo mundo que não sabe o que é rock usa o adjetivo pauleira posposto ao substantivo em questão.
Cheguei no café para me encontrar com Maria Lúcia. Café, móveis marrons, cigarros, e jazz ao fundo, Clichê. Ela é uma daquelas modernetes que a gente gosta de olhar. Bem vestida, cabelos absolutamente mal-arrumados, uma camiseta branca, sapatilhas de leopardo.
— Tenho que escrever um livro sobre o Transa, do Caetano.
— Que merda. O Caetano é um saco, um chato. E ainda canta com aquele sotaque baiano.
Clichê número dois. Ah, juventude alienada essa minha... Concordo que é um saco, a Xuxa pariu a Sacha lá e perguntam pro Caetano o que ele acha. E sua prolixidade toda, ou não. Mas temos que concordar que pedem a opinião dele para absolutamente tudo! E o que o cara fez com os outros malucos na Tropicália... Não dá para diminuir. Até o Beck gosta, seus indies de merda, vocês deviam ouvir também.
Ontem fui ver uma banda daqui da cidade tocar. Nunca tinha ouvido, mas já conhecia de nome. Músicas para se ouvir sentado, samples emitidos a partir de um I-book, uma vocalista linda com voz desafinada. Perfeitamente inglesa.
— Mas eles só cantam em inglês?
— Claro!
Clichê número três. Português é uma péssima língua para fazer rock. Deve ser porque assim a gente entende as letras. Poesia pura...
Vanessa, apreciadora de um bom e clássico rock pauleira.
Ouça: Mais do Mesmo, Legião (um clichê)
Um comentário:
Cara, o Legião é um clichê de mão dupla:
1) todo adolescente gosta e se"identifica"
2) moderninhos mods do caraleo que nem você não podem gostar
ah, por parou na porra do clichê 3?
(falar um palavrão tão gratuito quanto esse é o clichê nº 37 - menina que não fala palavrão é o nº 11)
já falei que é sempre glorificante e grácil ver você escrevendo seus textos?
(clichê nº 2 dos amantes: o elegio perene - o clichê nº4 é o léxico arcaico)
Postar um comentário