quinta-feira, 26 de julho de 2007

Estrela Solitária, porém feliz


Rio de Janeiro, 12 de julho, de 2007. XV Jogos Pan Americanos. Segundo tempo entre Brasil e Cuba no handebol masculino. Os brasileiros ganhavam de 22x12. Quando o técnico daquele país, pediu tempo de cinco minutos para conversar com seu time, sua estrela maior, Javier Fuentes de apenas 19 anos, aproveitou que todo os seus companheiros estavam concentrados nas instruções e, de repente, sem que ninguém percebesse, não voltou mais à quadra. Simplesmente abandonou o jogo. Pegou sua mochila, passou no vestiário, tomou um chuveiro e se mandou para a Rodoviária rumo a São Paulo.
O desertor, que era armador titular – e considerado um dos melhores jogadores -, da seleção cubana, se disse impressionado com repercussão que seu caso tomou, em entrevista dada dois dias após sua chegada a São Paulo. Perguntado porque não esperou o jogo terminar, já que seu time tinha chances de ganhar dos brasileiros, ele respondeu que a idéia de abandonar sua delegação, já estava passando pela sua cabeça há algum tempo. Quando viu que faltavam poucos minutos para o jogo terminar e já que estavam perdendo, resolveu antecipar a fuga. Ele também justificou seu ato, dizendo que no Brasil, poderia ter mais condições de crescer profissionalmente e por isso, foi tentar jogar em São Caetano do Sul, no ABC Paulista (mais especificamente pelo time Santa Maria), onde está morando provisoriamente com outros jogadores, um deles, cubano também.
Fuentes sabe que o seu handebol não mais defenderá Cuba, mas parece feliz com a escolha que fez, apesar da ilha cubana ser considerada uma potência quando se trata de esporte, lá os atletas sonham com a independência financeira, impossibilitada pela ditadura de Fidel Castro e pelo bloqueio econômico promovido pelos Estados Unidos.
Mas para permanecer no Brasil e até para jogar num time daqui, Javier Fuentes precisa regularizar a sua situação, e para isso, pretende pedir asilo político.
Apesar dos riscos que correu e da saudade que vai sentir de Cuba, de sua família e de seus amigos, o jogador diz que faria tudo de volta, mas que não cabe nesta situação, uma apologia à deserção, pois é uma escolha pessoal e muito difícil, mas que para ele valeu a pena, pelo menos até agora.
Vinte e seis de julho, quase 15 dias se passaram, desde que Javier abandonou o jogo contra o Brasil no Rio de Janeiro e fugiu para São Paulo. Apesar de já estar mais entrosado com a equipe do Santa Maria e de ter conseguido regularizar sua permanência para morar e jogar no Brasil, a estrela cubana confessou em sua última entrevista há dois dias atrás, que anda sentindo-se solitária, sentindo falta de algo, ou melhor, de alguém. Mas que este alguém, não deixou em seu país, aliás, quer encontrar aqui. Mas enquanto não esbarra com ela, continua sozinha, porém feliz, com a certeza que não poderia ter executado de outra maneira, a sua melhor escolha: ficar em terras brasileiras.

Camila


Obs: este texto foi baseado em fato real.

5 comentários:

gazstao disse...

"Seja Sua Própria Estrela. Nunca haverá como estar sozinho se estivermos bem acompanhados com nós mesmos."

Gaz, long time ago...

gazstao disse...

Ah, e viva la revolucion!

Anônimo disse...

Caro Gastão
Apesar de estar bem acompanhada comigo mesma, as vezes penso que nem sempre ser a nossa própira estrela é o sufuciente, hehehe. Obrigada pelo comentário.

Anônimo disse...

Ops, errei seu nome, agora sim: Gaztao, rs!

gazstao disse...

tava certinho! ;)
o nome é no s mesmo...
eu que fico inventando firula pra achar nick igual em todo lugar.

bjs!
(tbém não sei se ser nossa estrela é suficiente!)