segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Rumo ao altar

Frio na barriga. Vazio no estômago. Coração acelerado. Nervosismo. Aperto no peito. Mãos suadas. Falta de ar. Compulsão por qualquer tipo de comida. Vontade desesperada de virar um trem e sair apitando. Acordei com essas sensações. Era véspera do meu casamento. Não sabia o que fazer ou pensar. É um dia importante, não posso me estressar. Mas mesmo sabendo disso, não consigo evitar essa ansiedade que me consome.

Tentei ler um livro, assistir televisão. Mas nada prestava naquele momento. Detonei uma caixa de bombom, uma barra de chocolate, um litro de refrigerante e um pacote de salgadinhos. “Socorro!” Eu queria gritar para todos os ventos. “Será que estou fazendo a coisa certa? É isso mesmo que quero pra minha vida? Vou me amarrar a um único homem para sempre?” Milhões de perguntas passavam pela minha cabeça. Eu simplesmente não sabia mais o que estava fazendo!

Já era noite. Hora de ir para a cama. E as sensações que me perseguiram o dia todo ainda me envolvem. Não consigo dormir. O pouco que tento, me pego em sonhos estranhos e minha ansiedade aumenta.

Amanheceu. “Meu Deus é hoje!” As sensações novamente. Meu coração acelerado batia tão forte e desesperado que sentia que saltava do peito. “Vou fumar um cigarro! Melhor ainda, vou ver se a Sula me arruma um baseado! Preciso relaxar de alguma maneira, senão vou ter um treco!" Mas como ainda demoraria, me acabei com um pacote de bolacha recheada e duas latas de refrigerantes.

Estava a caminho do hotel onde me arrumaria e passaria a noite de núpcias. No caminho liguei pra Sula e ela estava indo me encontrar pra tentar me ajudar. Lá estavam a cabeleireira, a massagista, a manicure. Meu vestido estava pendurado numa porta e fiquei alguns segundos perdida, olhando para ele, pareceu uma eternidade, mas quando voltei daquele momento tive um ataque de ansiedade que quase desmaiei.

Já estava quase pronta quando a Sula chegou pra me socorrer. Ela não me trouxe o “cigarrinho” como eu havia pedido. Disse que eu estava louca. “Imagina Maria Helena, você com larica no dia do seu casamento?” Ela estava certa. Me entregou uma garrafinha e pediu pra eu tomar um gole. “Hum, que delícia, o que é?” Era absinto. Tomei alguns goles e comecei a me sentir melhor. Relaxei. Faltava eu por o vestido e tirar algumas fotos no saguão do hotel. O carro já estava lá embaixo. Meu pai me esperava ansioso ao pé da escada. Quando o vi, todas aquelas sensações retornaram. Minhas pernas ficaram bambas, minha respiração ofegante e tive vontade de gritar. Mas não podia assustar meu paizinho, ele estava emocionado e poderia prejudicar sua saúde.
As sensações estavam se multiplicando, aumentando ainda mais meu desespero. “Porque eu não trouxe a garrafinha de absinto!” Que medo, que pavor, que coisa estranha. “Será que o Beto está tão ansioso quanto eu. E se eu não conseguir? E se eu tropeçar? Aiiiiii, quero sumir!”

Quando estava na porta da Igreja tive vontade de vomitar. “E agora? Não tem mais volta. É isso mesmo?” O motorista abriu a porta do carro e meu pai me beijou a bochecha e desceu. Tomou minha mão e eu me apoiei na dele. Desci do carro. Caminhei até aquela porta enorme apertando a mão do meu pai. As minhas mãos estavam suadas. Mal conseguia segurar o buquê lindo de copos de leite. “Ai, ai, ai, os sinos, eles começaram e agora não tem mais volta Maria Helena, respire, respire. Estou arrepiada, estou com frio, calor, com medo, com ânsia, em pânico!” A porta começa se abrir vagarosamente e ai eu olho pra dentro, dou o primeiro passo e o vejo, lindo, com um terno fabuloso, sorrindo, a minha espera. Aqueles olhos verdes pareciam brilhar ainda mais. Todas aquelas sensações que me consumiram nos últimos dois dias sumiram. Meu coração se encheu de uma sensação de paixão e ternura, que caminhei até aquele altar pra me casar com o homem mais maravilhoso do mundo, sem culpas, nem medos, somente amor.

by Carlota Joaquina Romântica de Oliveira Mendes

5 comentários:

Anônimo disse...

catarse...

Anônimo disse...

Oi Carla,
Já fiquei com frio na barriga só de imaginar,rs
Bjos
Pri

gazstao disse...

nos contos de fadas esse é o exato momento do "viveram felizes para sempre!!"

:)

Anônimo disse...

Carlota

A asiedade me faz ter crises de risos! Imagina se eu fosse entrar no altar no lugar da Maria Helena! Eu estaria no meio de uma crise de risos!

Bj querida!

Anônimo disse...

Aaiaiai, já estou me iamginando(resta saber com quem. Isto tb me deixa muito ansiosa, rs).
ÓTIMO miga. Parabéns!!!
Beijos
Cami