terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ninfomania

Filho da puta, não me dirige uma palavra, mal nos olhamos.

Me deixa gemendo ridícula.

Deita o rosto na minha coxa esquerda, respira o cheiro dos meus lábios.

Apaixonado pelo meu útero, esse homem. Quer me entupir de filhos. Que saiam por onde ele entrou.

Encosta o ouvido direito no meu umbigo. Escuta os sons dos meus órgãos. Se alimenta da minha pele e lambe os meus cabelos.

Finge arrancá-los enquanto esconde o desejo de que seus filhos nasçam com a mesma cor de cabelo de índia.

Tentamos nos acomodar na mesma cama de solteiro.

Diz que gosta do meu cheiro.

Não quero nada seu. Mas que venha todas as noites. Dizer que me ama.

E eu, não amo ninguém, só falo putaria.

postado por Paola

5 comentários:

Anônimo disse...

Paola,

Seja super bem vindaaaaaaaaaa menina. Adorei a estréia...

Francisco disse...

Gostei do texto. Mas e a Dil, o que aconteceu?

Anônimo disse...

Bem vinda Miss Tuesday,
A gente não se conhece ainda e provavelmente não vai se conhecer. Deixe me apresentar para não parecer papo de louco. Me chamo W.Allen e tenho feito comentários nos últimos meses por aqui. Por acreditar que meu tempo chegou, apresento-me e me despeço de você. Que venha seu talento e sua verborragia. para que novos leitores o usufruam. Como calhei de estar comentando nesta estréia vou dedicar a você também (como fiz às outras meninas de papel) um texto.
Ele é de outra geração, provavelmente você o ache ingênuo - tipo a irmã mais jovem de Hannah em Hannah e suas irmãs - ou talvez você o curta. A intenção era que fosse compartilhado.

W.Allen

Os Estatutos do Homem
(Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Anônimo disse...

Dil,
Em apreço aos seus textos postados, resolvi me despedir de você também como fiz com as outras meninas de papel. A gente não se conhece mas vou tentar traçar um perfil: jovem, comprometida com um namorido (as relações formais nunca foram o seu forte), leitora de martha medeiros (legal!) e Neruda, admiradora de um samba de raiz, MPB, consumidora voraz de chocolates de todos os tipos, tem 2 amigas especiais Carla e Mõnica, com quem fez faculdade....Será que acertei? Nunca saberei pois a partir de amanhã já terei virado estrela e não estarei mais por aqui...Não importa, quero dizer que gostei de muitos dos textos postados, outros, nem tanto, mas com tantos predicados acima também vejo em vc uma garota de sorte. O destino lhe presenteou com os sininhos e estrelas. O "Amor" realmente é surpreendente.

Para você dedico o básico: Pablo Neruda e nada mais.

Beijos

W.Allen

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.


--------------------------------------------------------------------------------

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.


--------------------------------------------------------------------------------

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Anônimo disse...

Paola

Seja bem vinda ao mundo das Meninas de Papel.

Muito bom o seu texto de estréia.

Carlota Joaquina