sábado, 30 de junho de 2007

Cura para todo mal




Soraia, 25. Estagiária em um grande escritório de direitos humanos. Vomita os 3,25 que come de almoço todas as tardes ao som de “Você é Linda”. 1,78, 52.
Bulimia: 50 ml de Biotônico Fontoura e 3 horas de leitura diária de A Morte de Ivan Ilitch, Tolstoi.

Marilda: 125 mg de buscopam preventivo, 2 comprimidos de aspirina, 2 cálices de leite de magnésia dissolvidos em 1 copo de água filtrada. Café descafeínado e ovos sem gema.
Hipocondria: 1 copo de água aromatizada e flores na janela.

Cleverson. Desde que se converteu jogou fora toda sua coleção de clássicos do jazz dos anos cinqüenta, queimou seus livros de literatura “profana”, jogou a televisão da família da varanda. Olha o mundo com olhos de quem está longe. Esbofeteou sua sobrinha de 13 anos que cantava alto Raul Seixas. Diz que o mundo está perdido. Sente-se sozinho e culpado por essa tristeza.
Cacodemomania: repetir o mantra “Amar o próximo como a si mesmo”.

Adolescentes brancos, estudam, trabalham, de bom caráter, espancam jovem doméstica até esfacelar a mandíbula, dela, é claro. Ela achou que ia morrer. “Mas foi um engano, ela tinha cara de puta”.
Heterofobia: 1 Red Bull com uísque e 12 horas ininterruptas de tratamento ludovico.

Kátia F. espera há 45 anos sentada na cadeira do escritório onde é telefonista a resposta que vai mudar sua vida.
Paralisia: 20 ml de adrenalina e um corrida em ritmo forte em linha reta até chegar dentro de si.

Ouça: Drugs don´t work (The Verve)

Vanessa, crecdactilomaníaca.

10 comentários:

Unknown disse...

"Toda cura para todo o mal está no hipoglós no methiolate e sonrizal..."
Pato Fu

"Meu maior inimigo sou eu mesmo."
Jet Li (Hero, Mestre das Armas)

"Quem cita muitos os outros não tem idéias próprias."
Meu Tio

Anônimo disse...

"A realidade é uma droga coletiva".
Minha mesmo

Anônimo disse...

"Acho que não entendi, its hot"
Paris Hilton

Cláudio Bettega disse...

cláudio bettega, melleril, efexor, psicosedin, álcool de vez em quando, fazendo compota explosiva

Anônimo disse...

Miss Lexotan 6mg”. Comecei a cantarolar no carro: “O nome dela é... Tha, tha, tha, tha, than... Miss Lexotan... Lembrei o nome... Ela não consegue relaxar... Ela não consegue nem, nem ao menos dormir... Ela é tensa só porque seu amor não vive em São Paulo... Nem em Porto Alegre, Em lugar nenhum... Ela tem andado meio frígida... Tem se preocupado com as coisas do coração...(...) Não lembro de toda a letra (...) ... É frequentadora assídua de um templo Hare Krishna... Mas mesmo assim ela não fica leve”.

ADOROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO SEUS TEXTOS. SEMPRE!

m m disse...

1/2 lexotan + 150mg zyban + 2g ácido ascórbico...
ah, não dá pra esquecer o ginseng (100mg!)...hehehe

amei!!!

bjs,
MarkExpo

Anônimo disse...

"Desespero é um narcótico. Ele tranquiliza a mente com a apatia."
(Charles Chaplin)

Anônimo disse...

Clarisse (Renato Russo)

Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado
Quem diz que me entende nunca quis saber
Aquele menino foi internado numa clínica
Dizem que por falta de atenção dos amigos, das lembranças
Dos sonhos que se configuram tristes e inertes
Como uma ampulheta imóvel, não se mexe, não se move, não trabalha.
E Clarisse está trancada no banheiro
E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete
Deitada no canto, seus tornozelos sangram
E a dor é menor do que parece
Quando ela se corta ela se esquece
Que é impossível ter da vida calma e força
Viver em dor, o que ninguém entende
Tentar ser forte a todo e cada amanhecer.
Uma de suas amigas já se foi
Quando mais uma ocorrência policial
Ninguém entende, não me olhe assim
Com este semblante de bom-samaritano
Cumprindo o seu dever, como se fosse doente
Como se toda essa dor fosse diferente, ou inexistente
Nada existe pra mim, não tente
Você não sabe e não entende
E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito
Clarisse sabe que a loucura está presente
E sente a essência estranha do que é a morte
Mas esse vazio ela conhece muito bem
De quando em quando é um novo tratamento
Mas o mundo continua sempre o mesmo
O medo de voltar pra casa à noite
Os homens que se esfregam nojentos
No caminho de ida e volta da escola
A falta de esperança e o tormento
De saber que nada é justo e pouco é certo
E que estamos destruindo o futuro
E que a maldade anda sempre aqui por perto
A violência e a injustiça que existe
Contra todas as meninas e mulheres
Um mundo onde a verdade é o avesso
E a alegria já não tem mais endereço
Clarisse está trancada no seu quarto
Com seus discos e seus livros, seu cansaço
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
E esperam que eu cante como antes
Eu sou um pássaro
Me trancam na gaiola
Mas um dia eu consigo existir e vou voar pelo caminho mais bonito
Clarisse só tem 14 anos...

Anônimo disse...

Isso aí, um texto com o apoio da Botica da Abigail... Ligue agora para lá e diga que você leu esse post e ganhe 15% de desconto em qualquer antidepressivo. Grátis: um CD do Placebo...

Beijos, adorei os comentários!!

Túlio disse...

hahahaha
muito bom